quinta-feira, 5 de junho de 2014

A filosofia política em Aristóteles


[para uma melhor compreensão deste artigo, leia o anterior, sobre a ética de Aristóteles]
Compreendida a necessidade de auxílios para a felicidade encontrada na meditação, podemos refletir sobre as ideias políticas de Aristóteles. Aqui, Durant, novamente, será nosso grande guia, e o complementaremos com o que os outros escritores observaram.
É fator muito conhecido que Aristóteles chama o homem de ‘ser político’, ou, mais precisamente, em suas próprias palavras: “O homem é naturalmente um animal político” (ARISTÓTELES apud CHALITA, p. 64).  Chalita tem uma explicação para o que Aristóteles queria dizer por ‘político’: “Político deve ser entendido como participando da pólis [...] viver agregado a outros homens. Em outras palavras, para esse filósofo um indivíduo vivendo sozinho é inconcebível: um homem absolutamente solitário ou auto-suficiente deixaria de ser homem – seria um deus ou uma fera, nas palavras de Aristóteles – ou simplesmente não sobreviveria. Além disso, a pólis era para Aristóteles a melhor organização social possível, desde que fosse regida por critérios justos, que visassem ao bem comum” (CHALITA, p. 64). Podemos sentir o cheiro de Durkheim no ar, não é mesmo?
Ele demanda uma vida familiar, bem como uma vida na pólis, para ser feliz, para se realizar, conforme afirma Gaarder, a quem estamos seguindo até aqui: “Ele chama o homem de um ‘ser político’. Aristóteles acha que sem a sociedade ao nosso redor não somos pessoas no verdadeiro sentido do termo. Nesse contexto, a família e a cidade satisfazem nossas necessidades vitais primárias, como a comida e o calor, o casamento e a criação de filhos. Mas a forma mais elevada do convívio humano, para Aristóteles, só pode ser o Estado” (GAARDER, p. 132).
Porque será que o homem foi feito para viver em sociedade? Vejamos algumas explicações: “Através da fala o homem desenvolveu a sociedade; através da sociedade, a inteligência; através da inteligência, a ordem; e através da ordem, a civilização. Em um Estado assim ordenado, o indivíduo tem mil oportunidades e meios de desenvolvimento à sua disposição que uma vida solitária jamais daria” (DURANT, p. 82). Para evidenciar que a cidade, a polis, é um estado natural, Aristóteles ressalta a fala. Comunicamo-nos mutuamente, e isso abre espaço para compartilhamento de ideias, acordos, discussão de fins e meios e acúmulo de forças em prol dos fins comuns que não seriam alcançados individualmente. Berti não ensina a mesma coisa que Durant aqui? Vejamos: “A cidade também é uma sociedade natural porque o homem é por natureza um ‘animal político’, no sentido de que ele é feito para viver na polis. O signo desta natureza política do homem é que ele possui a palavra (logos), graças à qual pode discutir com os outros a propósito do que é útil e do que é justo” (PRADEAU, p.55). Essa é a essência da felicidade do homem na cidade. Aliás, Berti nos diz que, segundo Aristóteles, somente na cidade o homem pode alcançar a felicidade: “No entanto, sua ‘natureza’ não é definida pelo seu nascimento, mas pelo seu fim, sua realização, quer dizer, a felicidade. E o homem não pode alcançar a felicidade senão na cidade” (PRADEAU, p. 55). Como isso pode-se dar?
Chalita sugere que o ensino do estagirita era que a sociedade proporcionaria ao homem o exercício das virtudes: “Para Aristóteles, de fato, a felicidade não era apenas um estado emocional e passivo, mas sim uma atividade: o homem feliz era aquele que praticava incessantemente a virtude, sempre aperfeiçoando seu caráter. [...] A conduta justa do indivíduo só teria sentido dentro da vida em sociedade. Deve-se lembrar que Aristóteles concebia o ser humano como criatura fundamentalmente social” (CHALITA, p. 65). Noutra parte Gabriel Chalita é ainda mais enfático: “Por isso, a política seria tão importante: para que o indivíduo possa ser virtuoso (ético e, portanto, feliz), é necessário haver uma organização política favorável para que essa finalidade seja atingida. Qual é ela? Para Aristóteles, é a pólis governada democraticamente, na qual todos os cidadãos se conheçam pessoalmente e façam parte de uma grande assembleia que governa a cidade, determinado seus destinos e redigindo leis que garantam uma existência digna para seus habitantes” (CHALITA, p. 65). Como já vimos, essa análise não é completa pois concebe a felicidade somente em termos de virtude. Mas já antecipamos um complemento para Chalita quando Gaarde observa que na sociedade o homem é provido dos demais recursos materiais, temporais, como alimento, lugar para dormir, afeto humano na família e na sociedade. Antes de prosseguirmos, falemos um pouco mais sobre a família e as provisões materiais segundo a concepção de Aristóteles.

A FAMÍLIA E A PROVISÃO PARA O LAR

Podemos começar nossa compreensão de Aristóteles da vida comum na pólis, e usá-lo como janela para compreensão da sociedade da época, com Berti: “Na família estão reunidas as condições necessárias à vida material, aí incluída a presença de escravos, inevitavelmente, visto que ‘as lançadeiras não tecem todas sozinhas’, e a aquisição de riquezas, chamada ‘crematistica’” (PRADEAU, p. 55). Sim, o escravo está presente na sociedade grega como algo comum, necessário para se fazer o trabalho manual. Por isso, Adler nos adverte: “É muito importante ter em mente que a sociedade grega era escravagista ao ler a Política de Aristóteles” (ADLER, p. 206).
Pois bem, esse trabalho manual era algo desprezado pelo filósofo, como observa Durant: “Essa filosofia caracteriza o desprezo grego pelo trabalho manual. Esse trabalho, em Atenas, não se tornara tão complicado como é hoje, quando a inteligência [é] exigida em muitas áreas manuais [...]. o trabalho manual era, então, meramente manual, e Aristóteles o olhava com desprezo d alto da filosofia, como próprio de homens sem inteligência, como indicado apenas para escravos e como apenas preparador de homens para a escravidão. O trabalho manual, acredita ele, entorpece e deteriora a mente” (DURANT, p. 80). Cortella, em uma de suas obras de filosofia popular, explica como esse conceito ainda pode ser associado aos nossos dias, e, inclusive, remete sua origem à mentalidade greco-romana e à sociedade escravocrata: “Por que muitas vezes a ideia de trabalho é associada a castigo, fardo, provação? Do ponto de vista etimológico, a palavra ‘trabalho’ (assim como em francês, espanhol e italiano) tem origem no vocábulo latino tripalium, que era um instrumento de tortura, ou seja, três paus entrecruzados para serem colocados no pescoço de alguém e nele produzir desconforto. A origem do Ocidente é o mundo greco-romano. Se pegarmos, por exemplo, o período do século II a. C., até o século V, teremos a formação da sociedade clássica greco-romana com as heranças que o mundo grego havia gerado. Essa sociedade cresceu em sua exuberância a partir do trabalho escravo. Em sociedades assim, montadas com base no sistema escravocrata, a própria ideia de trabalho remete à escravidão. Portanto, trabalho é coisa menor, indecente, imoral ou de gente que está sendo punida” (CORTELLA, p. 17). Logo adiante o mesmo filósofo nota como o trabalho manual é indigno do homem, segundo a concepção aristotélica: “Aristóteles, que no século V a. C., diz: ‘O homem é um animal racional’. O u seja, o que define a humanidade de alguém –e, portanto, a sua dignidade – é a capacidade de dedicar-se ao pensamento e não às obras manuais” (CORTELLA, p. 19).
E quem eram esses escravos? “Todos os que são escravos não o são por natureza; ao contrário, são escravos aqueles que não chegam a prover suas necessidades por si mesmos” (PRADEAU, p. 55). Aparentemente Aristóteles não estava considerando a situação que levava um homem à escravidão, e também parecida desprezar as condições iniciais, a ‘cor do berço’ do homem ao nascer. De fato, o escravo era alguém que não conseguia suprir suas próprias necessidades. Mas muitas vezes ele não tinha como fazê-lo. E aqui vemos um lado um tanto quanto desumano do Estagirita. A pólis pode fazer o cidadão feliz desde que haja quem trabalhe sempre, por ele, e não possa, jamais, dedicar-se ás tarefas que enobrecem e enaltecem o homem, felicitando-o. Era como se esses homens, escravos, não fossem homens*...
Temos, a título de integralidade, observar que Aristóteles condenava a usura, o lucro, tal como se fará a Igreja Católica alguns séculos depois. Ele concebia que “todas as riquezas não são naturais, mas são naturais todas aquelas que são necessárias à satisfação das necessidades” (PRADEAU, p. 55). Tudo que não vise a satisfação das necessidades é condenado por Aristóteles. Dessa forma, demiurgos e afins eram alvos das críticas aristotélicas: ”Até os comerciantes e os financistas eram classificados por Aristóteles entre os escravos” (DURANT, p. 80). Para que não reste dúvidas sobre isso, Durant faz uma série de citações diretas de Aristóteles para que nos asseguremos: “O comércio varejista é anormal [...]  tipo mais odioso desse intercâmbio é (...) a usura que tem lucro com o próprio dinheiro, e não com o uso natural desse dinheiro. Porque o dinheiro tinha por finalidade ser um instrumento de troca, e não a mão do juro” (ARISTÓTELES apud DURANT, p. 80). “envolver-se em operações financeiras ou em atividades que resultem em ganho de dinheiro, é indigno de um homem livre” (ARISTÓTELES apud DURANT, p. 80). Isso coloca Aristóteles como, também, um anticapitalista. Mas ele está longe de ser um comunista, como veremos adiante.

FALANDO SOBRE GOVERNO

Digressão feita, voltemos a falar sobre como a sociedade pode nos proporcionar felicidade. Embora a seguinte citação esteja presente num contexto de discussão da melhor forma de governo, ela serve perfeitamente para a reflexão atual: “Mas, sendo dado que todos não podem simultaneamente governar e ser governados, é justo que todos governem e sejam governados alternadamente, colocando-se a serviço dos outros quando governam, e se beneficiando dos serviços dos outros quando são governados. Assim, a cidade pode assegurar a cada um a possibilidade de dedicar um período de sua vida às atividades que são um fim em si, como a música, a poesia e a filosofia” (PRADEAU, p. 56). Em outras palavras, caso o homem queira viver fora da sociedade, terá de dedicar-se a prover todos os ditames essenciais para a sobrevivência. Não haverá muito tempo para a dedicação às artes (e talvez nem muito talento), em à reflexão filosófica (pra não falar do avanço do conhecimento no aprendizado mútuo). Lado outro, alternando-se a função de governar (e é bom notar que o beneficiado não é o governante, e sim o governado, de modo que podemos pensar numa mentalidade republicana em Aristóteles, onde o Estado é um ente em prol do povo, e não em prol do seu rei), o homem poderá exercer as atividades que, de fato, o fazem feliz, além das próprias facilidades que a pólis lhe confere para adquirir os bens necessários para a vida comum.
Não devemos preterir o fato de que Aristóteles estaria propondo que todos devem governar. Chalita ressalta o ponto: “Aristóteles tinha uma concepção de política bastante diferente da de Platão. Segundo o estagirita, não deveria haver uma parcela isolada de homens que governasse: todos os homens livres teriam iguais condições de distinguir o que é bom, através do diálogo com os outros” (CHALITA, p. 66). O estranho é que Durant cita o mesmo Aristóteles dizendo o seguinte: “uma eleição correta só pode ser feita por aqueles que têm conhecimento [...] De modo que nem a eleição de magistrados nem a cobrança que se faça deles devem ser confiadas à maioria” (ARISTÓTELES apud DURANT, p. 83). O sufrágio, no caso, estaria restrito aos que tinham competência intelectual para fazê-lo. Mas, talvez, numa pólis ideal, todos fossem educados o suficiente para enquadrar-se nesse quesito. Seja como for, Durant cita tal afirmação do Estagirita numa seção em que ele está a criticar a democracia plena.
E, tocando nesse assunto da forma de governo, vamos, pois, explorá-lo com mais cuidado.

FORMAS DE GOVERNO

Nossas fontes não parecem estar em acordo com alguns pontos aristotélicos aqui. Na medida que formos expondo, salientaremos as diferenças. Mas, claro, há mais convergências que divergências.
Comecemos com Gaarder: “Aristóteles cita diversas boas formas de Estado” (GAARDER, p. 132). Ou seja, ao que parece Aristóteles admitira mais de uma boa forma de governar. Mas, afinal de contas, o que viria a ser uma ‘boa forma de governo’? Berti nos ilumina: “É na cidade, como sociedade de homens livres e iguais, que se deve viver plenamente e bem. Para alcançar isto é preciso dar-se uma boa constituição, quer dizer, uma boa organização dos ofícios públicos, um governo instituído como deve ser” (PRADEAU, p. 55-56). Há várias formas de governo. Chalita bem nos lembra que, para opinar sobre o assunto, Aristóteles estava de posse de um vasto número de exemplares de constituições (165 ao todo): “É interessante relatar, finalmente, que esse filósofo empreendeu uma grande pesquisa das legislações de dezenas de cidades gregas, a fim de compará-las e, assim, determinar uma síntese das normas mais adequadas para a vida em sociedade” (CHALITA, p. 66). Portanto, o Estagirita fez o dever de casa. Sua opinião partia, pelo menos, de um bom número de dados.
Antes de pensarmos sobre as formas de governo, reflitamos em mais uma questão. Chalita nos diz o seguinte: “O filósofo afirmava que os laços que levam as pessoas a viver em comunidade são provenientes da cultura. Os outros animais sociais apresentam constantemente as mesmas formas de se organizar; o homem, ao contrário, pode formar sociedade segundo diversas configurações de administração e poder” (CHALITA, p. 65). Parece que, na opinião de Aristóteles, a forma de governo que uma sociedade adota tem seu fundamento no tipo de cultura que desenvolveram. Claro, isso dá vazão para reflexões bem mais profundas. Contentemo-nos em fertilizar as nossas mentes para uma posterior meditação sobre o assunto.
Quais formas eram, pois, essas que Aristóteles sugeriu como boas? Berti nos fala das seguintes seis constituições analisadas pelo nosso amigo macedônico: “Aristóteles examina as seis constituições tradicionais, as três que são boas (monarquia, aristocracia e politeia) e as três que são pervertidas (a tirania, a oligarquia e a democracia) [...] a politéia é definida como sendo o justo meio entre duas perversões opostas, a oligarquia e a democracia; é por isso que ela toma o nome de constituição ‘intermediária’, na qual é a classe média que exerce o poder” (PRADEAU, p. 56). Bom, vamos analisar mais de perto essa questão.
Primeiro, a monarquia, em oposição com a tirania. Gaarder assim se expressa: “Uma delas [das boas formas de governo] é a monarquia, ou seja, aquela em que á um único chefe de Estado. Mas para que esta forma de Estado seja boa, ela não pode degenerar em ‘tirania’, na qual o único soberano comanda e dirige o Estado em proveito próprio” (GAARDER, p. 132). A monarquia, em si, não é ruim. Durant diz ser ela até mesmo ideal, embora ‘ideal’, aqui, tenha o sabor de ‘utópico’: “Teoricamente, a forma ideal de governo seria a centralização de todo o poder político no melhor homem. [...] Para um homem desses, a lei seria mais um instrumento do que um limite. [...] Ciria no ridículo quem tentasse fazer leis para eles. [...] Na prática, porém, a monarquia é, em geral, a pior forma de governo, porque não é fácil unir grande força e uma grande virtude” (DURANT, p. 83).
Os que defendem a democracia vão usar o argumento clássico, defendido na Grécia, que lhe fez adotá-la em seus tempos áureos: “A maioria é mais incorruptível do que a minoria [...] O indivíduo está sujeito a ser dominado pela raiva, ou por alguma outra paixão, e então seu julgamento será necessariamente deturpado; mas é difícil supor que um grande número de pessoas fosse, todo ele, ficar tomado por uma paixão e agir errado ao mesmo tempo” (ARISTÓTELES apud DURANT, p. 84). Veja que são palavras do próprio Aristóteles. Ele parece dialogar de forma dialética com as ideias de cada forma de governo. Isso nos leva a pensar na democracia. Notem que Pradeau chamou-a, já, de ‘perversão’. Gaarder a coloca como uma boa forma de governo, e uma antítese a ela é que seria a perversão: “Uma terceira boa forma de Estado é a democracia. Mas também esta forma de Estado tem o seu lado negativo. Uma democracia pode facilmente desvirtuar e se transformar no chamado domínio da plebe” (GAARDER, p. 132). Não estamos muito certos sobre o que seria esse domínio da plebe, mas, noutra oportunidade, iremos refletir sobre alguns problemas na democracia. Fiquemos agora com as reflexões de Durant sobre como ela surge nas sociedades. Para o filósofo e historiador, “A democracia é, em geral, o resultado de uma revolução contra a plutocracia” (DURANT, p. 84). Durant, novamente exalando o odor fétido marxista, explica: “Ao amor ao lucro nas classes governantes tende, constantemente, a diminuir-lhe o número [...] e, assim, a fortalecer as massas, que acabam se lançando contra os seus senhores e instalando democracias” (DURANT, p. 84).
Aristóteles estava bem ciente dos problemas da democracia, e acredita que a aristocracia lhe é superior: “No entanto, a democracia é, de modo geral, inferior à aristocracia. Porque está baseada numa falsa presunção de igualdade” (DURANT, p. 84). Em seguida temos o próprio Aristóteles explicando o tipo de equívoco no raciocínio que se baseia a democracia: “Ela nasce da teoria de que aqueles que são iguais em determinado aspecto (por exemplo, no respeito às leis) são iguais em todos os demais; como os homens são igualmente livres, eles alegam ser absolutamente iguais” (ARISTÓTELES apud DURANT, p. 84). De fato, há pessoas melhores do que as outras, e negar isso é não só uma hipocrisia, como, também, perigoso. Pondé deixa claro que Aristóteles assim o cria: “Aristóteles no seu livro Ética a Nicômaco fala da ‘grande alma’ como o homem mais virtuoso e capaz, a partir do qual os outros vivem, como se a abundância de ‘força’ desse homem alimentasse toda a comunidade” (PONDÉ, p. 38).
Portanto, pensemos na Aristocracia, uma das outras boas formas de governo: “Outra boa forma de Estado é a aristocracia. Aqui, um grupo maior ou menor de soberanos governa o Estado Esta forma de Estado deve cuidar para não acabar virando o governo de uns poucos, que dirigem o Estado em prol de seus próprios interesses. Seria mais ou menos o que chamaríamos hoje de ‘oligarquia’” (GAARDER, p. 132).
No processo dialético Aristóteles a elege como a nova forma ideal de governo: “Por isso, a melhor constituição política praticável é a aristocracia, o governo da minoria informada e capaz. Governo é uma coisa demasiado complexa apara ter seus problemas resolvidos pelo número” (DURANT, p. 83). De fato, não podemos deixar com que pessoas desprovidas de inteligência rejam o Estado. O problema é que a aristocracia pode se tornar uma plutocracia, ou seja, o governo de uns poucos detentores do poder aquisitivo. Dessa forma, temos dois problemas. O primeiro é a vulnerabilidade do cargo: “A dificuldade com a aristocracia hereditária está em que ela não tem base econômica permanente; o eterno aparecimento dos nouveaux riches coloca o cargo político mais cedo ou mais tarde, à disposição de quem der o maior lance” (DURANT, p. 84). Como se isso não bastasse, o próprio conceito de aristocracia é diluído na plutocracia (governo dos ricos): “e onde a capacidade não ocupa o primeiro lugar, não existe a verdadeira aristocracia” (ARISTÓTELES apud DURANT, p. 84).

POLITEIA

A conclusão de Aristóteles segue o seguinte princípio: “Temos que perguntar qual é a melhor constituição para a maioria dos estados e a melhor vida para a maioria dos homens; não presumindo um padrão de excelência que fique acima das pessoas comuns, nem uma educação excepcionalmente favorecida pela natureza ou pelas circunstâncias, e tampouco um Estado ideal que venha a ser apenas uma inspiração [...] É necessário começar adotando um princípio de aplicação geral, ou seja, o de que a parte do Estado que desejar a continuidade do governo deve ser mais forte do que aquela que não deseja isso” (ARISTÓTELES apud DURANT, p. 84-85). Segundo Berti, esses devaneios dialéticos de Aristóteles fazem-no estacionar, finalmente. Berti diz que “ele [Aristóteles] expressa sua preferência pela politeia” (PRADEAU, p. 56). A politeia não é, nem o governo dos mais abastados, nem o governo da massa burra. É, como já afirmamos, o ‘meio-termo justo’. Já antecipamos, também, que a classe média seria o fundamento dessa constituição. Durant afirma: “Ora, onde iremos achar essa maioria econômica para apoiar o nosso governo constitucional? Talvez na classe média: temos, outra vez, o meio-termo justo, assim como o próprio governo constitucional seria uma média entre democracia e aristocracia.. Nosso Estado será suficientemente democrático se o caminho para todos os cargos estiver aberto a todos; e suficientemente aristocrático se esses mesmos cargos estiverem vedados a todos aqueles que não tiverem trilhado o caminho e chegado plenamente preparados” (DURANT, p. 85). No final das contas, embora Aristóteles rejeite a utopia da República de Platão, ele acaba concordando com seu antigo mestre de que devemos propor uma democracia-aristocrática: “O que precisamos é uma combinação de aristocracia e democracia. O governo constitucional oferece essa feliz união. Não é o melhor governo que se possa imaginar – este seria uma aristocracia da educação –, mas é o melhor Estado possível” (DURANT, p. 94).
Portanto, na Politeia, democrática e aristocrática ao mesmo tempo, o cidadão comum terá certa participação política, embora seja ela mesma dirigida pela classe mais competente. Durant esclarece a proposta: “a comunidade deve determinar os objetivos a serem perseguidos, mas que só os peritos devem selecionar e aplicar os meios; a de que a escolha deve ser democraticamente difundida, mas que o cargo deve ficar rigorosamente reservado para os mais bem esquipados e selecionados” (DURANT, p. 85).

ARISTÓTELES COMUNISTA?


Como dissemos, Aristóteles, apesar de condenar o lucro, não era nenhum comunista. Ele está particularmente avesso à proposta de Platão. Criticando o idealismo de Platão em relação ao governo Aristóteles diz: “Não desprezamos a experiência do passado: não há dúvida de que, ao longo de todos esses anos, essas coisas, se fossem boas, não teriam continuado desconhecidas” (ARISTÓTELES apud DURANT, p. 78). Aristóteles se pergunta porque ninguém, no decorrer da história, adotou o comunismo platônico. É como se Platão insurgisse como um profeta. Aliás, essa seria a única explicação, segundo Aristóteles, para em nenhuma constituição conhecida ele ouvir falar de um projeto político comunista daqueles. Com ares de inovação, nota: “Os homens prestam logo atenção [a utopias] e são facilmente induzidos a acreditar que, de algum modo milagroso, todos irão se tornar amigos de todos, em especial quando se ouve alguém denunciar os males existentes (...), que dizem ser causados pela propriedade privada. Esses males, no entanto, são causados por outra fonte completamente diferente – a maldade da natureza humana” (ARISTÓTELES apud DURANT p. 79). Mas já vimos que o próprio Platão reconhecia isso, sabia que o homem é ganancioso por natureza, e reduzia seu comunismo a uma minoria santa da humanidade. Durant, ao final de seu texto sobre Aristóteles, numa seção reservada a críticas, diz: ““Ele se esquece que o comunismo de Platão destinava-se apenas à elite, a minoria altruísta e desprovida de ganância” (DURANT, p. 87). Mesmo assim, as críticas de Aristóteles são mordazes, e vale a pena certificar-se dela em prol de nosso progresso filosófico-político.
Aristóteles critica a pretensa igualdade na sociedade comunista, “onde a divisão do trabalho em funções desigualmente importantes faz surgir e amplia a desigualdade dos homens, o comunismo fracassa porque não proporciona um incentivo adequado ao emprego de capacidades superiores. O estímulo do ganho é necessário ao trabalho árduo [...]. Quando todos são donos de tudo, ninguém cuidará de coisa alguma” (DURANT, p. 79). Novamente, aqueles seletos seres humanos altruístas ainda poderiam emergir num lugar sem muito incentivo à produção, mas é fato que o sistema comunista desestimula o homem não só de produzir como de cuidar de tudo o mais. As pessoas cuidam bem melhor de seus jardins do que do ‘planeta’ e seu meio ambiente. É o que Durant nota: “Cada qual pensa, principalmente, no seu próprio interesse, quase nunca no interesse público” (DURANT, p. 79). Aristóteles completa o quadro realístico de suas críticas: “sempre há dificuldade em viver junto ou ter coisas em comum, mas, especialmente, em ter propriedade em comum. As associações de companheiros de viagem são um ótimo exemplo; porque, de maneira geral, elas se desfazem pelo caminho e eles discutem por qualquer ninharia” (ARISTÓTELES apud DURANT, p. 79).
Além disso, a sociedade comunista banca, patrocina, pessoas inertes, improdutivas para a sociedade (antes, más e prejudiciais). Essas pessoas, expõe Durant, devem ser governadas e comandadas, quer queiram quer não: “A grande maioria dos homens é formada por estúpidos e vagabundos naturais [...] e ajuda-los com subsídios do Estado é ‘como despejar água em um toner furado’. Essas pessoas devem ser governadas na política e comandadas na indústria; com o seu consentimento, se possível, e sem ele se necessário” (DURANT, p. 79).
O Estagirita não para, e faz algumas das críticas que já observamos na política de Platão. Particularmente, no que diz respeito à dissolução dos laços familiares, ele é um discordante convicto. “Aristóteles valoriza a qualidade, a privacidade e a liberdade individuais acima da eficiência e do poder sociais. Não se sentia inclinado a chamar todos os seus contemporâneos de irmãos ou irmãs, nem tampouco os mais velhos de pai ou mãe” (DURANT, p. 78-79). Portanto, ele contrapõe a intervenção estatal máxima à própria liberdade e privacidade individual, o que inclui o projeto familiar. Nas suas palavras, numa sociedade comunista integral “o amor será diluído. (...) Das duas qualidades que são as principais inspiradores de consideração e afeto – a de que uma coisa lhe pertence e de que essa coisa desperta em você verdadeiro amor –, nenhuma pode existir em um Estado [como o de Platão]” (ARISTÓTELES apud DURANT, p. 79).
Para completar o quadro, Aristóteles se opõe, também, à revolução. O Estagirita comenta sobre as alternâncias constitucionais, dizendo que “o hábito de alterar levianamente as leis é um mal; e quando a vantagem da mudança é pequena, é melhor enfrentar certos defeitos, quer da lei, quer do governante, com uma tolerância filosófica. O cidadão ira ganhar menos com a mudança do que perderia, ao adquirir o hábito da desobediência” (ARISTÓTELES apud DURANT, p. 78). Aristóteles cria que as constituições devem permanecer inalteradas, salvo justificativa muito plausível. Isso porque as regras parecem ficar muito vulneráveis à mudança e a obediência não é estabelecida. ‘As leis não são coisas fixas’, pode pensar o cidadão. Portanto, “passar levianamente de velhas leis para outras novas é uma certa maneira de enfraquecer a essência mais íntima de todas as leis, sejam elas quais forem” (ARISTÓTELES apud DURANT, p. 78).
A proposta, pois, é que intente-se manter a estabilidade política. “Por isso, a revolução é quase sempre insensata; pode conseguir algum bem, mas à custa de muitos males, o principal dos quais é a perturbação, e talvez a dissolução da ordem e da estrutura social das quais depende todo bem político. As consequências diretas das inovações revolucionarias podem ser calculáveis e salutares; mas as indiretas são, em geral, incalculáveis, e não raro desastrosas” (DURANT, p. 82).
Há, claro, uma boa maneira de manter a ordem, como nota Durant: “Para que uma constituição seja permanente, todas as partes de uma sociedade devem desejar que ela seja mantida. Portanto, o governante que quiser evitar uma revolução deve evitar extremos de pobreza e riqueza” (DURANT, p. 83).

FAMÍLIA

Embora, pois, Aristóteles seja a favor da liberdade individual e privada, indo de encontro ao comunismo, ele palpita nas relações familiares: “Como se para dar ao macho uma vantagem indispensável, ele aconselha a adiar o casamento até próximo dos 37 anos, e então casar-se com uma jovem de 20. A moça que esteja em torno dos 20 é, em geral, igual a um homem de 30, mas talvez possa ser governada por um maduro guerreiro de 37. O que atrai Aristóteles a essa matemática matrimonial é a ideia de que duas pessoas assim tão díspares irão perder a sua faculdade reprodutora e suas paixões mais ou menos na mesma época” (DURANT, p. 81). Mas o filósofo da Macedônia não restringe suas sugestões ao status de sugestão.
Ele entende que deve haver uma intervenção do Estado nesse sentido, conforme aponta Will Durant: “O Estado deve determinar as idades mínimas e máximas do casamento para cada sexo, as melhores estações para a concepção e a taxa de aumento da população. E a taxa natural de aumento for demasiado alta, a cruel prática do infanticídio poderá ser substituída pelo aborto. [...] Há um número ideal de população para cada Estado, variando segundo a sua posição e seus recursos” (DURANT, p. 81-82). As preocupações econômicas, pois, fizeram-no legitimar até mesmo o homicídio. Para evidenciar que se trata de suas próprias ideias, Durant cita-o: “que o aborto seja provocado antes que tenham começado a sentir e a vida” (ARISTÓTELES apud DURANT, p. 82). Parece um pouco mais humano, mas não deixa de ser um assassinato. Matar alguém enquanto está dormindo, embora a pessoa possa não ver nada, não deixa de ser um homicídio. Na concepção aristotélica, algo que cresce e se reproduz é algo vivo. O feto, pois, é um ser vivo. Eliminá-lo é, portanto, assassinato e isso, infelizmente, o estagirita apoia. Talvez a educação do cidadão para que compreendesse os prejuízos econômicos e, concatenado, sociais, fosse uma alternativa mais ética ao aborto.
Isso nos leva a outro assunto: a educação. Para Aristóteles o Estado deveria intervir nesse quesito também: “A educação, também, deve ficar nas mãos do Estado. [...] acima de tudo, ao cidadão que está no período de crescimento deve-se ensinar a obediência ás leis, caso contrário o Estado será impossível. [...] E só um sistema de escolas estatal pode conseguir a unidade social em meio à heterogeneidade étnica; o Estado é uma pluralidade que tem que ser transformada em unidade e numa comunidade pela educação. Que à juventude seja ensinado, também, o grande benefício que ela tem no Estado, a segurança, não reconhecida, que se obtém com a organização social, a liberdade proporcionada pelas leis” (DURANT, p. 82). A escola, pois, seria a formadora de bons cidadãos. E não é que seguimos esse conceito aristotélico. A filosofia política de Aristóteles deveria ser ensinada às crianças. Elas não poderiam ser ensinadas exclusivamente por seus pais. Era arriscado demais para a sociedade. Pais podem ser negligentes. Portanto, é mister que entreguem seus filhos para serem doutrinados pelo Estado.
Bom, o assunto, tangendo à idade diferente da mulher para se casar, nos remete ao nada popular conceito aristotélico sobre a mulher. Ao passo que Platão a considera igualmente capaz e competente aos homens, Aristóteles não. “Aristóteles achava que faltava alguma coisa à mulher. Para ele, a mulher era ‘um homem incompleto’. Na reprodução, a mulher é passiva e receptora, enquanto o homem é ativo e produtivo [...]. Para colocar a coisa em termos verdadeiramente aristotélicos: o homem dá a ‘forma’; a mulher, a ‘substância’ [‘matéria’ seria o termo mais apropriado]” (GAARDER, p. 133). Evidentemente esse conceito foi superado. Sabemos que a mulher também coopera geneticamente no genótipo do filho. Mas não é só na ‘reprodução’ que a mulher é ‘inferior’. Ele achava-a inferior mesmo. Durant nos informa que, segundo o Estagirita, “A mulher tem vontade fraca e, por isso, é incapaz de independência de caráter ou posição, sua melhor condição é uma tranquila vida caseira na qual, embora governada pelo homem em suas relações externas, ela possa ser o máximo em assuntos domésticos” (DURANT, p. 81). Tal visão, politicamente incorreta, faz Gaarder concluir que “Aristóteles não deve ter tido muita experiência prática na vida com mulheres e crianças” (GAARDER, p. 133). Bom, na verdade, não é um comentário muito preciso da parte de Jostein Gaarder. Aristóteles foi casado duas vezes e teve filhos! Em certo sentido, o clitóris da mulher, dizem-nos os anatomistas, é um pênis atrofiado. Desse ponto de vista, Aristóteles não estava de todo errado. Mas, lado outro, Gaarder é perspicaz ao notar que “a visão distorcida que Aristóteles tinha da mulher surtiu efeito particularmente danoso, pois foi ela – e não a visão de Platão – que predominou durante toda a Idade Média. Desta forma, a Igreja herdou uma visão da mulher para a qual não há qualquer fundamento na Bíblia. Afinal de contas, Jesus certamente não foi um inimigo das mulheres” (GAARDER, p. 133).

CRÍTICAS

Bom, como temos feito até aqui, algumas críticas não puderam esperar e já saíram no decorrer  do texto. Outras tantas deixamos para o final. Aqui expressaremos algumas discordâncias a mais com os projetos aristotélicos, bem como possíveis contribuições que o Estagirita tenha feito.
Para começar, ele não concebeu todas as formas possíveis de constituição, como pretendia com seu impressionante trabalho em mãos (as 165 Constituições que foram colhidas). É Adler o detentor dessa crítica: “A análise dos tipos de governo na Política de Aristóteles está incompleta. Por causa das limitações típicas da época e do fato de erroneamente aceitar a escravidão, Aristóteles não considera, nem mesmo concebe, a constituição verdadeiramente democrática baseada no sufrágio universal; ele também não imaginou um governo representativo ou a moderna república federativa. Sua análise deveria ter sido capaz de conceber tais realidades políticas” (ADLER, p. 172). É por isso que Durant diz que Aristóteles “tem tanto medo da desordem, que se esquece de ter medo da escravidão” (DURANT, p. 86).  Entretanto, a despeito desse defeito, o debate político progride muito com ele. Faz críticas à monarquia, à democracia e à aristocracia que devem ser respondidas pelos defensores de cada posição. Aristóteles não pode ser ignorado.
Durant também não aprecia muito o receio aristotélico quanto às mudanças, dizendo que Aristóteles “é tão tímido em relação à mudança incerta, que prefere uma imutabilidade certa que muito se parece com a morte. Falta-lhe aquele senso heraclitiano de fluxo que justifica que o conservador acredite que toda mudança permanente é gradativa, e justifica a crença do radical de que nenhuma imutabilidade é permanente” (DURANT, p. 86-87). No sentido de que seja possível uma mudança gradativa, uma evolução, podemos até conceder a Durant. Entretanto, Aristóteles não propõe uma estabilidade a todo custo. Ele propõe que é preciso muita cautela para promover mudanças constitucionais, visto que isso pode gerar o conceito de que as constituições não são permanentes e, com isso, gerar desobediência e desordem. Mas, quando as mudanças se tornam patentemente necessárias e, principalmente, se for possível calcular os prejuízos da mudança, ou mesmo se elas forem excepcionais, extraordinárias, acreditamos que o Estagirita não se oporia.
Ainda argumentando em tons meio avermelhados Durant nota que o Estagirita “não percebe [...] que o controle individual dos meios de produção só era estimulante e salutar quando esses meios eram tão simples que podiam ser adquiridos por qualquer homem; e que o aumento da complexidade e do custo desses meios leva a uma perigosa centralização de propriedade e poder e a uma desigualdade artificial e, por fim, dilaceradora” (DURANT, p. 87). Essa é uma questão que preferimos, por hora, protelar. Entretanto, é interessante como prolepse*.
Assim, pois, terminamos nossa abordagem da filosofia clássica da Grécia. Já fomos apresentados à metafísica; à epistemologia e o debate ‘racionalismo x empirismo’; à antropologia filosófica; à ética; à política e, por fim, à lógica.

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* Talvez Aristóteles estivesse aliviando a consciência quando escreveu o seguinte trecho, como observa Durant, antecipando a própria Revolução Industrial: “Se todo instrumento realizasse o seu trabalho, obedecendo ou antevendo a vontade dos outros (...), se a lançadeira tecesse, ou se o plectro tocasse a lira, sem mão a guia-lo, os chefes não precisariam, com certeza, de assistentes, nem os mestres de escravos” (ARISTÓTELES apud DURANT, p. 80).
* Em nossas exposições sobre ‘Karl Marx’ abordaremos com mais precisão esses assuntos.

REFERÊNCIAS

ADLER, Mortimer J; VAN DOREN, Charles. Como Ler Livros. Tradução de Edward Horst Wolff e Pedro Sette-Câmara. São Paulo: É Realizações, 2010, 432p.

BERTI, Enrico. Aristóteles _ PRADEAU, François. História da Filosofia. Tradução de James Bastos Arêas e Noéli Correia de Melo Sobrinho. Petrópolis: Vozes; Rio de Janeiro: PUC-Rio. 2ª ed., 2012, 624p.

CHALITA, Gabriel. Vivendo  Filosofia. São Paulo: Atual, 2002, p. 304.

CORTELLA, Mario Sergio. Qual é a tua obra? Petrópolis: Editora Vozes, 10 ed., 2010, 144p.

DURANT, Will. A História da Filosofia. Tradução de Luiz Carlos do Nascimento Silva. Rio de Janeiro/São Paulo: Editora Record. 4ª ed., 2001, 406p.

GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia: romance da história da filosofia. Tradução de João Azenha Jr. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. 560 p.

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