O ‘SURGIMENTO’
DA LÓGICA
Uma das maiores contribuições de Aristóteles ao pensamento humano é a fundação da ciência denominada lógica. Este texto, pois, é uma exposição da lógica aristotélica. Há, evidentemente, referências à filosofia de Aristóteles, mas, mesmo que se rejeite esta é possível aproveitar muito bem as lições que o Estagirita nos logrou.
Dissemos, propositadamente,
‘fundação da ciência’ e não ‘criação da’, como é mais comum do que pensávamos
ao ver, pela primeira vez, a alguns bons anos atrás, essa afirmação de Sproul:
“Aristóteles não inventou a lógica, assim como Colombo não ‘inventou’ a
América. O que Aristóteles fez foi definir a lógica e descrever seus
fundamentos. [... para ele, a lógica era o Órganon ou instrumento de toda a
ciência” (SPROUL, p. 43). Evidentemente trata-se de uma ciência muitíssimo
complexa, e o enfado que ela traz faz com que muitos dela se desapeguem. Durant
diz que “Nada é tão enfadonho quanto a lógica, e nada tão importante"
(DURANT, p. 63). Temos que concordar que estudar lógica é inevitável em
qualquer disciplina, e R. C. Sproul nos ajuda a reforçar a lição: “Como
instrumento, a lógica é a ferramenta suprema, indispensável a todas as outras
ciências [...]. A razão disso é que a lógica é essencial ao discurso
inteligível. [...] O que é ilógico representa o caos, não o cosmos. E o caos
absoluto não pode ser conhecido de maneira ordenada, o que torna o conhecimento
ou scientia uma impossibilidade manifesta” (SPROUL, p. 43).
Por isso, aproveitando nossa
proposta de expor o pensamento de Aristóteles, propomo-nos a versar, dissertar,
um pouco, ao menos os alicerces da lógica.
LÓGICA
COMO CIÊNCIA? DO QUE SE TRATA ESSA DISCIPLINA?
Primeiramente temos que
definir, afinal de contas, o que queremos dizer por ‘lógica’. Durant é breve:
"Lógica significa, simplesmente, a arte e o método do pensamento correto”
(DURANT, p. 63). Sproul é um pouco mais demorado, e com sua concisão peculiar,
já irá antecipar alguns assuntos e termos que trabalharemos melhor no decorrer
de nossa dissertação: “A lógica mede ou analisa as relações entre as
declarações ou proposições. Ela pode mostrar se a conclusão de um silogismo é
válida ou não; ela não determina a veracidade de uma conclusão ou argumento.
[...] As declarações podem ser verdadeiras ou falas, mas a relação lógica de
uma declaração com outra é válida ou inválida” (SPROUL, p. 43). A definição de
Gabriel Chalita é ainda mais precisa: “...ela analisa o modo como o pensamento
é estruturado, indicando por isso a maneira correta de pensar. Desde que um
determinado raciocínio seja conduzido adequadamente – isto é, segundo os
preceitos da lógica –, garante-se que a conclusão a que ele chega será
verdadeira. Segundo o filósofo, a lógica estuda o raciocínio por meio da
análise das proposições, quer dizer, das afirmações que são proferidas,
escritas ou simplesmente pensadas pelo indivíduo que estuda uma determinada
ciência ou procura a verdade sobre algum fenômeno” (CHALITA, p. 66-67). Em
suma, retenhamos, por hora, a ideia de que a lógica seria aquela ciência que
estuda as relações entre as frases e averigua se há uma relação correta entre
as frases e conclusões num argumento.
Em seguida queremos devotar
algumas palavras a uma disputa. Usamos o termo ‘ciência’ também de forma
intencional para alavancar uma importante discussão para a história da
filosofia, a saber, se a lógica pode ser enquadrada como uma ciência.
Favoravelmente à esta classificação temos Will Durant, que não só a chama de
ciência como de arte: “É uma ciência porque, numa proporção muitíssimo elevada,
os processos de pensamento correto podem ser reduzidos a regras [...] e
ensinados a qualquer inteligência normal; é uma arte, porque ela prática dá ao
pensamento, afinal, aquela precisão inconsciente e imediata que guia os dedos
do pianista sobre o seu instrumento para extrair harmonias sem esforço”
(DURANT, p. 63). Sendo uma ciência, que tipo de ciência é essa? Sproul nos ajuda:
“A lógica em si não tem conteúdo material e, nesse sentido, pode ser vista como
ciência formal, como a matemática, que sob alguns aspectos, é uma forma de
lógica simbólica” (SPROUL, p. 43). As ciências naturais têm conteúdos
‘materiais’, se assim podemos dizer, que são os objetos de seus estudos. Já a
lógica, não. Por isso Chalita complementa a discussão trazendo uma possível
antítese: “O estagirita afirmava que a lógica não entra em nenhuma das
classificações nas quais ele dividiu as ciências (técnicas, teoréticas e
práticas); ela seria um pré-requisito para o estudo de todas as ciências”
(CHALITA, p. 66).
Entretanto ela ainda pode ser
definida como ciência porque, segundo Sproul, lida com formas, ideias, e tanto
Durant quanto o próprio Chalita observam que ela considera sobre regras e
conceitos que podem ser registrados, compreendidos e ensinados. Portanto, num
sentido mais amplo, a lógica pode, perfeitamente, ser considerada como uma
ciência. Portanto, se queremos avaliar um argumento precisamos saber como o
fazer. A partir dos ensinos de Aristóteles a filosofia nunca mais seria a mesma
e a fundação desta ciência é, sem dúvida, um dos responsáveis: "a
inteligência grega era indisciplinada e caótica até que as fórmulas implacáveis
de Aristóteles proporcionaram um método rápido para o teste e a correção do
pensamento” (DURANT, p. 63).
Resumamos essa seção com
Gaarder que sintetiza bem o que discutimos até aqui: “Aristóteles foi um
organizador, um homem extremamente meticuloso, que queria pôr ordem nos conceitos
dos homens. De fato, ele também fundou a ciência da lógica, e estabeleceu uma
série de normas rígidas para que conclusões ou provas pudessem ser consideradas
logicamente válidas” (GAARDER, p. 128).
Mas aqui fica o alerta de
Durant: “O próprio Aristóteles, como iremos ver, violava profusamente seus
próprios cânones; mas acontece que ele era o produto de eu passado, não do
futuro que seu pensamento iria construir” (DURANT, p. 63). Se o próprio
sistematizador cometeu erros lógicos, o que se dirá de nós. Faz-se necessário
que estejamos sempre a investigarmo-nos, bem como a dialogar e disputar com
outras pessoas, versadas em lógica, de preferência, para que não incorramos em
ilogismo. Aprendamos, pois, todos a ciência da lógica!
SILOGISMO
E ARGUMENTO
Dissemos que a lógica analisa
os argumentos. Mas, ora raios, temos que ter bem definido o que é um argumento,
embora, em alguma medida, todos saibam o que é. Chalita é quem nos responde.
“Quando se aplica o pensamento para chegar a um novo conhecimento ou compreensão,
as proposições são encadeadas de modo que delas seja possível extrair uma nova,
denominada conclusão, que contém uma ideia que antes não estava expressa
claramente, ou era mesmo desconhecida. Esse encadeamento de proposições recebe
o nome de argumento” (CHALITA, p. 67). Aqui precisamos destacar que Chalita
abrange tanto o argumento dedutivo (‘contém uma ideia que antes não estava
expressa claramente’) quanto o argumento indutivo (‘contém uma ideia que era
desconhecida’). Protelemos, por enquanto, esse assunto. Contentemos, por hora,
com a familiarização das expressões e termos. Já sabemos o que é a lógica e o
que é um argumento. Ouvimos falar de argumentos dedutivos e indutivos.
Ouvimos falar de outro termo.
Sproul menciona, alhures, o que só agora podemos explorar um melhor, a saber, o
silogismo. Novamente temos Chalita: “O silogismo é para Aristóteles a forma
mais adequada de estrutura lógica de pensamento: é o encadeamento e duas
premissas (uma geral e outra particular) que levam a uma conclusão particular.
As qualificações geral e particular referem-se à ‘amplitude’ da proposição. Ela
é geral quando diz algo sobre todos os representantes individuais de um
determinado conjunto. [...] A proposição particular é aquela que afirma alguma
coisa sobre apenas um ou alguns seres ou objetos” (CHALITA, p. 67). Só há um
erro nessa definição. Não é necessário resumir o argumento a duas premissas. Há
argumentos mais complexos com um encadeamento bem mais longo de premissas para
que se chegue a uma conclusão.
Em suma, temos algumas
afirmações e uma conclusão. A lógica irá observar se a conclusão realmente
pertence a essas afirmações precedentes que supostamente levam à proposição
final.
OS CÂNONES
DA LÓGICA
Aristóteles elaborou um
profundo tratado de lógica. Para analisarmos proposições, frases, que montam
argumentos, é preciso compreender alguns conceitos primeiro. A análise lógica
envolve algumas regras bem estabelecidas. Já sabemos do se trata a lógica.
Sabemos que ela serve para analisar argumentos e pensamentos. Sabemos que um
argumento é composto por proposições. Iremos observar que podemos analisar
proposições pelos cânones da lógica.
Aqui Aristóteles segue uma
linha provavelmente aprendida na Academia, e, mais particularmente, oriunda de
Sócrates, que é a demanda por definições. Nesse sentido, a lógica já havia
nascido a alguns anos atrás, como aponta Durant: "Havia vestígios dessa
nova ciência na enfurecedora insistência de Sócrates com relação a definições,
e no constante refinamento de cada conceito por parte de Platão. O pequeno
tratado de Aristóteles sobre Definições mostra como a sua lógica se alimentava
naquela fonte. 'Se quiser conversar comigo', dizia Voltaire, 'defina seus
termos'.[...] O alfa e o ômega da lógica, seu coração e sua alma, estão em que
termo importante num discurso sério deve ser submetido, com o maior rigor, ao
escrutínio e à definição. É difícil, e representa um teste impiedoso para a
mente" (DURANT, p. 63).
Esse
assunto é estritamente ligado à da análise dos argumentos e precisa ser
abordado por nós aqui, caso queiramos pretender que esse texto sirva como uma
introdução básica à lógica. A discussão leva ao conceito de substância, que será
observado posteriormente, na exposição da metafísica de Aristóteles. É
indispensável que saibamos o básico da predicação para conseguirmos analisar
uma proposição. Durant e Sproul nos explicam como Aristóteles propõe a
definição. Primeiro, com Durant, temos os seguintes dizeres: "De que modo iremos definir um
objeto ou um termo? Aristóteles responde que toda boa definição tem duas
partes, afirma-se sobre dois sólidos pés: primeiro encaixa o objeto em questão
numa classe ou grupo cujas características gerais são também as dele [...];
segundo, indica os pontos em que o objeto difere de todos os outros membros de
sua classe" (DURANT, p. 63-64). Sproul é ainda mais completo, e nota que a
discussão está presente no primeiro livro da editoração atual do Órganon,
denominado Categorias: “Ao definir como pensamos sobre as coisas, Aristóteles
desenvolveu o conceito das categorias. Esse conceito é vital à compreensão da
linguagem e do conhecimento. O conhecimento implica certa percepção dos objetos
da realidade. Atribuímos nomes a esses objetos ou usamos as palavras para
descrevê-los. Ideias envolvem palavras. [...] Esse processo de classificação
leva em consideração duas coisas: semelhanças e diferenças. [...] O
conhecimento depende da linguagem para ser inteligível. Todas as palavras que
detêm sentido apresentam as propriedades de semelhança e diferença. Uma palavra
que significa tudo na verdade não diz nada. Para ter sentido, uma palavra
precisa ao mesmo tempo afirmar algo e negar algo. Ela tem de fazer referência
ao que é e não fazer referência ao que não é. [...] Quanto mais complexo e
discriminado for o conhecimento, mais exata tem de ser a ciência” (SPROUL, p.
45-46).
Nas
Categorias Aristóteles observa conceitos para facilitar nossa compreensão da
realidade por meio da linguagem, que é crucial no processo de cognição. Ao
conhecermos, percebemos objetos. Atribuímos-lhes nomes e usamos palavras para
descrevê-los. Para discernirmos algo, valemo-nos da definição que, por sua vez,
envolve o assemelhar e o diferenciar. Portanto, para que algo faça sentido, é
preciso que a definamos afirmando algo e negando algo, ou, em outros termos,
dizendo que ela é ‘B’ e não ‘não-B’. Para dar um exemplo, iremos antecipar um
pouco a filosofia de Aristóteles. Ao dizer o que é um homem, primeiro,
Aristóteles vai dizer que ele é um ‘animal’ (A é B). Sendo assim, tudo que for
‘não-B’, ou seja, tudo que for ‘não-animal’, como seres inanimados, plantas,
energias e seres puramente espirituais, são distinguidos dos homens. Ao dizer
que o homem é um animal, Aristóteles está destacando semelhanças: o homem, tal
como o animal, se locomove, se reproduz, cresce e morre. Mas o homem não é um
mero animal. Ele é racional. A racionalidade, pois, é um fator de diferenciação
dentro do grupo maior.
Podemos
nos aprofundar um pouquinho mais no estudo das Categorias a título de
angariarmos competência na tarefa da definição. As categorias são ideias que
podem ser atribuídas a um sujeito, que é um ser, uma substância. São todos os
predicados possíveis de serem atribuídos aos sujeito: “Essas nove categorias,
de acordo com Aristóteles, referem-se a todos os predicados possível de uma
coisa [...]. Para Aristóteles a décima (ou primeira) categoria é a substância
em si. [...] Toda realidade tem de ter uma substância, ou não seria nada. Sua
substância é a essência de sua realidade. [...] Quem argumenta contra a lei da
não-contradição também tem de negar a realidade substantiva” (SPROUL, p.
46-47). Ronald Nash, com outras palavras, coloca o conteúdo de uma forma que
pode ser luminosa: “Normalmente referimo-nos às coisas por meio de predicados. Em
qualquer das proposições categóricas da forma S e P, temos um objeto S e um
predicado P ligados por um verbo. [...] eles poderão ser agrupados em dez
categorias básicas de predicados. [...] Uma categoria é uma maneira fundamental
de pensar sobre qualquer coisa que tenha ser ou que exista” (NASH, p. 109-110).
Suas palavras são muito bem colocadas. Quando pensamos em algo pensamos,
sempre, em termos de uma das Categorias que ele elenca.
Por
conseguinte, temos dez categorias, dez classes de predicados possíveis para
elaborarmos qualquer definição. “Essas categorias são [além da categoria
‘substância’] quantidade, qualidade, relação, lugar, data, posição, posse, ação
e passividade” (SPROUL, p. 46). Berti completa: “Estes dez gêneros supremos são
chamados de ‘categorias’, quer dizer, tipos de predicados” (PRADEAU, p. 46).
Percebam
que “a categoria principal de uma coisa é sua substância, a essência de sua
natureza” (SPROUL, p. 47). Ou seja, a categoria ‘substância’ é a predicação que
define a essência do próprio ser. Toda substância, i. é., todo ser, para ser
definido, apresenta predicados contendo suas propriedades. Sendo assim, Nash é
particularmente elucidativo: “Substância possui dois tipos de propriedade:
essencial e acidental. Uma propriedade acidental é uma característica
não-essencial, como tamanho ou cor. Uma propriedade não-essencial de alguma
coisa é a característica que pode ser perdida ou mudada sem alterar a essência
ou natureza da coisa em questão. Tudo tem também propriedades essenciais; uma
propriedade essencial é aquela que, se perdida, significa que a coisa deixou de
existir como determinado tipo de coisa” (NASH, p. 107). Assim, a categoria
‘substância’ representa a categoria das propriedades essenciais. Todas as
demais são ‘acidentes’*1.
Berti é
ricamente informativo aqui. Ele nos traz o seguinte: “Entre as substâncias,
Aristóteles distingue em seguida as ‘substâncias primeiras’, que são objetos
individuais, por exemplo, um homem dado, das ‘substâncias segundas’, que são as
espécies universais de que fazem parte estas espécies, como por exemplo, o
animal. As espécies e os gêneros são os ‘predicados’ dos indivíduos, no sentido
de que eles indicam suas características gerais. As substâncias primeiras são a
condição da existência de todas as coisas, quer se trate de substâncias
segundas ou de acidentes” (PRADEAU, p. 46). Portanto, o ser, especificamente, é
chamado, por Aristóteles, de ‘substância primeira’. Já a abstração essencial,
aquele grupo de seres a qual está expresso na categoria ‘substância’ é chamado
de ‘substância segunda’. Isso é importante para que não confundamos as coisas
quando estivermos falando de substância enquanto ser e substância enquanto
categoria. Quando a coisa ficar confusa, basta fazermos esta distinção.
Berti
nos concede outra importante informação: “Na categoria dos acidentes há também
os indivíduos (por exemplo, um determinado branco) e os universais (por
exemplo, o branco em geral ou a cor)” (PRADEAU, p. 46). Em outras palavras, há
‘brancos e brancos’. Há o universal da categoria e os sues respectivos
particulares.
Aproveitando
que estamos falando da exposição que Berti faz de Aristóteles, ele começa
falando das Categorias em termos que já compreendemos: “Como sua primeira obra,
o tratado das Categorias distingue as realidades que existem em si mesmas, por
exemplo, o homem daquelas que existem em outras realidades, como o branco; ele
chama as primeiras de ‘substâncias’ e as segundas de ‘acidentes’” (PRADEAU, p.
46). Mas notem o que ele diz: há realidades que existem em si mesmas e outras
que existem em outras realidades, como parasitas. Os predicados são essas
realidades que existem em outros seres. Aqui, claro, ele está se distinguindo
de Platão, pois, para este, os predicados existem à parte, no mundo das ideias,
enquanto que, para aquele, só existem nas próprias coisas. Nash é
particularmente elucidativo nesse ponto: “Existe uma importante diferença entre
a primeira categoria, substância, e as outras. A razão para isso é que as
outras nove categorias são sempre dependentes de uma substância existente.
[...] As últimas nove categorias têm de ter uma substância anterior para
qualificar ou modificar. A menos que a substância exista primeiro, as demais
categorias não existiriam nessa instância em particular” (NASH, p. 110-111). É
basicamente o que dissemos, e é uma ampliação do que disse Berti.
Nash é,
ainda, sagaz o suficiente para observar uma série de diferenças entre a
substância e as propriedades: “A distinção entre substâncias e suas
propriedades desempenha um papel central na filosofia de Aristóteles. [...
substância é uma coisa em particular [...] dizer que uma propriedade é
universal significa [...] que pode pertencer a mais de uma coisa ao mesmo
tempo. [...] uma propriedade é imutável. As cores vermelha e verde jamais podem
mudar. Mas as substâncias às quais as cores, algumas vezes, pertencem, podem
mudar. [...] propriedades jamais podem existir por elas mesmas, mas somente
como propriedades de uma substância particular [...] já estas existem por elas
mesmas, substâncias não são tidas jamais por outras coisas ou existem em outras
coisas. [...] substâncias têm poderes causais. Substâncias podem agir como
causas eficientes [...] Mas propriedades não podem atuar dessa maneira” (NASH,
p. 113).
Com
esses conceitos bem esclarecidos em mente (e com a nota 1 também certificada)
podemos compreender perfeitamente esta colocação de Sproul: “Aristóteles
aceitava a distinção entre a substância de uma entidade e seus acidentes, mas
jamais a separação deles [...]. Ele afirmava que os acidentes de uma coisa são
gerados por sua substância ou fluem dela [...] a substância de uma coisa gera
seus acidentes” SPROUL, p. 48). Podemos falar de substância primeira e das
categorias. Mas não podemos falar de uma substância primeira sem qualquer
categoria, incluindo a substância segunda, ou seja, a categoria ‘substância’,
ou, ainda, se preferirem, as propriedades essenciais de algo.
Temos ainda outra grande
contribuição de Aristóteles na análise do pensamento. Sproul encabeçará a
discussão: “Aristóteles escreveu sobre as leis fundamentais da lógica, entre as
quais está a lei da ‘não-contradição’. O princípio supremo da lógica é a lei da
não-contradição: alguma coisa não pode ser o que é e não ser o que é ao mesmo
tempo e no mesmo sentido ou relação” (SPROUL, p. 43-44). Achamos Berti exímio
ao buscar enunciar esses princípios lógicos: “A afirmação e a negação do mesmo
predicado a propósito do mesmo sujeito constituem uma contradição: ambas ao
mesmo tempo não podem ser verdadeiras (princípio de não contradição), mas é necessário
que uma das duas seja verdadeira e a outra falsa (princípio do terceiro
excluído)” (PRADEAU, p. 46). Ou seja, sintaticamente, um sujeito não pode ter
um predicado A e não-A ao mesmo tempo e no mesmo sentido. Ou seja, na análise
de proposições concatenadas, se identificarmos uma contradição, já podemos
descartar o argumento, reconhecendo-o como falso.
Um exemplo para ilustrar a
questão. Não podemos dizer que somos ‘pai’ e ‘filho’ de alguém no mesmo sentido
e ao mesmo tempo. Coloquemos as frases em paralelo:
Fulano é pai de Ciclano.
Fulano é filho de Ciclano.
Se Fulano é pai de Ciclano,
ele não pode ser filho, a não ser que a filiação em questão seja metafórica em
alguma das frases. Por exemplo, poderíamos dizer que Fulano é filho espiritual
de Ciclano, no sentido de Ciclano, o filho biológico de Fulano, ter-lhe pregado
o Evangelho e ele ter se convertido.
Um exemplo conforme a análise
sintática de Berti:
Jesus é Deus (B).
Jesus não é Deus (não-B).
Há duas predicações
contrárias atribuídas ao mesmo sujeito. Isso não pode ser possível. Se ‘X’ é
‘B’, tudo que não é B está excluído do ser de X. Se Jesus é Deus, tudo que
implica em ‘não ser Deus’ está incluído em ‘não-B’.
Aqui pedimos licença para
citar, apud Nash, um dos maiores filósofos do século XX, Gordon Clark: “Se
declarações contraditórias são verdadeiras em relação ao mesmo objeto e ao
mesmo tempo, evidentemente todas as coisas serão a mesma coisa. Sócrates será
um navio, uma casa, tanto quanto um homem. Mas, se precisamente os mesmos
atributos atribuídos a Crito são os mesmos atributos a Sócrates, segue-se que
Sócrates é Crito. Não somente isso, mas o navio no porto, uma vez que ele tem a
mesma lista de atributos, também será identificado com a pessoa Sócrates-Crito.
De fato, todas as coisas serão a mesma coisa. Todas as diferenças entre as
coisas se desvanecerão e tudo será um” (CLARK apud NASH, p. 211).
Em suma, subverter a lei da
não contradição é cair na mais plena loucura. Se A pode ser B e não-B ao mesmo
tempo, A tem tanto os seus atributos, as características que o distinguem e
definem, sua essência, como tem o que não o distingue, exatamente o que não lhe
é predicado, o que pode ser qualquer outra coisa. Se ele é ‘imortal’ (B) e, ao
mesmo tempo e no mesmo sentido imortal (não-B), então ‘B’ não quer dizer nada!
A lei do terceiro excluído é justamente dizer que não se pode, aí, haver um
intermediário entre imortal (B) e mortal (não-B). Ou é um ou é outro.
Notem que notamos
contradições na relação de proposições, ou mesmo em um mesmo período. Portanto,
a peneira da contradição envolve proposições isoladas ou argumentos completos
que têm premissas contraditórias.
AVALIAÇÃO
DOS ARGUMENTOS
Aproveitando que já tocamos
no assunto sobre a avaliação de argumentos, o Estagirita nos outorga lições bem
pontuais. Para saber se um argumento é correto Aristóteles nos ensina, no Órganon,
dois modos de avaliação para negar uma conclusão: acusa-la de sofisma ou de
falácia.
SOFISMA
O quinto livro (conforme a
atual edição) do Órganon, denominado ‘Tópicos’ é destinado à análise de
silogismos endoxais, como nos informa Berti: “Nos Tópicos, Aristóteles ilustra
um outro tipo de silogismo que ele chama de silogismo dialético; suas premissas
são ‘endoxais’ (endoxa), quer dizer, admitidas por todos, ou pela maioria, ou
pelos especialistas, ou pela maior parte deles. Estas premissas não são
verdadeiras em todos os casos, mas na maioria deles” (PRADEAU, p. 47). Tomemos
as palavras iniciais do próprio Aristóteles: “O propósito deste tratado é
descobrir um método que nos capacite a raciocinar, a partir de opiniões de
aceitação geral, acerca de qualquer problema que se apresente diante de nós e
nos habilite, na sustentação de um argumento a nos esquivar da enunciação de
qualquer coisa que o contrarie” (ARISTÓTELES, p. 347).
Acontece que os sofistas,
como já vimos, eram ótimos enganadores. Ao que parece, segundo Berti, eles
valiam-se de premissas com aparência de verdade, pretensos endoxais, para
ludibriar a mente dos ouvintes e enganar. É por isso que Aristóteles lança seu último
tratado: “Enfim, nas Refutações sofísticas, Aristóteles ensina a desmascarar as
refutações aparentemente justas (visando em particular aquelas que não se
apoiam nos silogismos dialéticos, mas nos silogismos erísticos ou sofísticos,
quer dizer, que parecem derivar de premissas endoxais ou que têm a aparência de
silogismo), quando na realidade admitem apenas um artifício” (PRADEAU, p. 48).
Parece-nos que o termo ‘sofisma’ vem justamente daqui.
O sofisma é quando o
argumento se vale de premissas falsas. Ele pode até ter validade lógica, mas
suas premissas são falsas. Adler, embora estivesse preocupado com a avaliação
das ideias em um livro, nos ensina, como excelente aristotélico que era, como
desmascarar sofismas. Há basicamente duas formas: a primeira é identificando
desinformação: “Dizer que [...] está desinformado é o mesmo que dizer que nele
estão ausentes conhecimentos relevantes sobre o problema que tenta resolver.
Observe que essa crítica só faz sentido se for relevante o conhecimento que
falta [...] Para que a crítica faça sentido, você deve ser capaz de declarar
precisamente o conhecimento que falta [...], mostrando a sua relevância para as
conclusões do problema e do raciocínio” (ADLER, p. 167).
Notem o seguinte silogismo:
1) Todo teísta cristão é
burro.
2) Tudo que um burro crê é
motivo de suspeita.
3) Logo a crença teísta
cristã é uma crença suspeita.
Há várias maneiras de
criticar esse argumento. Agora, particularmente, queremos apenas observar o
sofisma da primeira premissa. Talvez alguém que enuncie tal argumento (e há
muitos neo-ateus que assim pensam!) argumentem pelo fato de que só conhecem
seus parentes, simples, o pastor irresponsável que não passa de um charlatão
ou, quando bem intencionado, é um negligente para com seus estudos. Portanto,
como todo crente que tal pessoa conhece é burro, e pessoas burras creem em
tolices, o inocente julga que a crença teísta, das pessoas simples, incapaz de
defenderem-na, é provavelmente um atraso para a humanidade, uma crença
retrógrada, idiota...
Mas essa nada nobre criatura
está, como é de praxe, muitíssimo desinformada. É óbvio que ela não conhece
nada da história do pensamento ocidental, e muito menos do cenário atual*2. Uma pequena lista, feita às
pressas, faria tal aberração intelectual vaporizar-se: Apóstolo Paulo, Orígenes,
Ambrósio, Atanásio, Agostinho, Boécio, Erígena, Anselmo, Abelardo, Alberto
Magno, Aquino, Escoto, Roger Bacon, Ockham, Savonarola, Lutero, Calvino, Johannes
Kepler, Francis Bacon, Bucer, Ursino, Zuínglio, Melanchton, Descartes, Pascal,
Turretini, Newton, Leibniz, Locke, Berkeley, Reid, Kierkegaard, Charles Hodge, A.
Kuyper, W. James, Chesterton, C. S. Lewis, Dooyeweerd, F. Schaeffer, G. Clark,
C. van Til, Greg Bahnsen, John Frame, R. J. Rushdoony, Douglas Wilson, V.
Cheung, Ronald Nash, James W. Sire, Alvin Plantinga, W. Alston, N.
Wolterstorff, Kelly James Clark, Nancy
Pearcey, R. C. Sproul, W. Lane Craig, J. P. Moreland, Francis Collins, John
Polkinghorne, Alister McGrath, Stephen Meyer, Charles B. Thaxton, Mortimer
Jerome Adler, Olavo de Carvalho, Davi Charles Gomes, Fabiano Almeida de
Oliveira, Jonas Madureira, Guilherme de Carvalho, Franklin Ferreira... etc (!).
Acreditamos já ter oferecido material suficiente para constranger o ‘sofista’
(pejorativamente falando) e denunciar a primeira premissa como um sofisma. Quem
afirma-la está completamente desinformado.
A segunda forma é
identificando mal informação: “Dizer que [...] está mal informado é o mesmo que
dizer que ele afirma algo que não corresponde à realidade. A falha pode
resultar de alguma falta de conhecimento, mas não se trata apenas disso. A
despeito da causa, o erro consiste em afirmar coisa contrárias aos fatos [...].
esse tipo de falha só deve ser apontado quando a questão for relevante às
conclusões[...]. a falha não deve apenas ser apontada, deve ser refutada
mostrando a verdade (ou a maior probabilidade) de seu ponto de vista” (ADLER,
p. 158). Aqui não se trata apenas de estar mal informado. No primeiro caso
poderíamos pegar alguém que mal leu alguma coisa na vida, ou que apenas repete
a opinião dos gurus ateus como verdades absolutas, incontestáveis. Aqui temos
alguém ostentando alguma informação, entretanto se trata de uma informação
ruim. O caso de se informar por fontes não confiáveis, talvez erigir a opinião
pelos gurus neo-ateístas, como supramencionado, valha-lhe o título de mal
informado. Engendremos um argumento deste tipo.
1) Alguém que cria um
movimento que reforça ideias malignas é mal.
2) Calvino reforçou a ideia
de que o rei era uma figura digna de devoção absoluta.
3) Devoção absoluta ao rei é
algo prejudicial.
4) Logo, Calvino era mal.
Bom, novamente, como no outro
caso, o argumento está recheado de pontos para contestação. Iremos nos ater à
segunda premissa. Suponhamos que, cientes do que Calvino ensinou, questionemos
o argumentador a provar sua segunda premissa. Então ele cita Luisa Simonutti
dizendo: “No século XVI, por volta de 1530, no momento em que a Reforma
calvinista começa a afirmar sua presença no território francês, este movimento
deve se enraizar num reino onde os habitantes estão convencidos de ser um povo
cristão, gozando de uma proteção divina particular e cujo soberano é
qualificado como Rei ’Muito Cristão’. O rei da França tem de fato o direito de
tirar proveito desse título [...] [pois houve] rituais de sacralização que
asseguram a ele não somente uma devoção absoluta, mas também poderes
taumatúrgicos” (PRADEAU, p. 218). O que podemos fazer? Bom, depois de rir
primeiro e, logo após lamentar a gafe num texto que pode ser influente,
demonstrar que nessa época é provável que Calvino nem mesmo tenha se
convertido. A própria Simonutti sabe a data do nascimento de Calvino: 1509
(PRADEAU, p. 212). Portanto, nosso pobre adversário está não só desinformado
por não ter as informações corretas sobre Calvino e a Reforma, como mal
informado por ter seguido Simonutti*3. Ele não sabe, por exemplo, que Carlos
Magno, no século VIII, fora imbuído de poderes pelo papado e que, portanto, o
prestígio devotado ao rei que os franceses tinham era de origem católica e não
‘protestante’. Falta-lhe, pois, não apenas conhecimento filosófico ou
científico, mas mesmo de história geral!
Mal informado ou
desinformado, o sofisma deve ser identificado e o argumento descartado. Pode-se
ser bonzinho, caso disponha-se de tempo e queira treinar a lógica, prosseguir
no argumento. “É interessante, mas não tão importante, descobrir sua falta de
coerência ao raciocinar com base em premissas falsas ou a partir de evidências
inadequadas” (ADLER, p. 170). O intuito, talvez, seria destruir completamente o
argumento. Entretanto, identificando um sofisma, já podemos tê-lo como
desacreditado, refutado.
FALÁCIA
Mortimer Jerome Adler,
novamente, é nosso tutor aqui: “Dizer que [...] é ilógico é o mesmo que dizer
que ele foi falacioso ao raciocinar. Em geral, há dois tipos de falácias. Há os
non sequitur, ou seja, a conclusão não guarda relação necessária com as razões
oferecidas. E há as inconsistências, isto é, quando o autor afirma duas coisas
que são incompatíveis entre si. [...] Só devemos nos ocupar dessas falhas à
medida que elas afetem as conclusões principais” (ADLER, p. 169). Em suma, a
falácia ocorre quando a conclusão não procede das premissas. Há uma infinidade
de falácias catalogadas. Arthur Schopenhauer destaca e denomina uma porção
imensa em um livro chamado ‘Como Vencer Um Debate Sem Precisar Ter Razão’ que
foi escrito e deve ser lido com o intuito, claro, justamente de não ser
vencido, e não de vencer como um sofista.
Podemos brincar com um
exemplo que já experimentamos em nossos duelos. Debatíamos com um neo-ateu e
identificamos o seguinte raciocínio: “Usava-se a técnica do ‘Deus das lacunas’
para defender o teísmo.
Descobriu-se ser essa uma
falácia.
Logo, o teísmo não é algo
sério (ou algo verdadeiro).
Non sequitur! O fato de uma
falácia ter sido usada para defender algo não prova que tal é falso. Outro
esquema silogístico será útil para entendermos o erro:
X usou o argumento y para
defender z.
Y é um argumento inválido.
Logo Z é falso” (OLIVEIRA).
Dentre os vários problemas do
argumento, identificados no próprio debate, que a conclusão não se segue às
premissas. Podemos muito bem usar um argumento falso no labor de defender algo
que é verdade. A falsidade de nossa argumentação não prova a falsidade do que
queremos provar.
Acreditamos que já seja o
suficiente para ilustrar o caso. Queríamos mais tempo para demonstrar outras
falácias, mas o espaço não é apropriado. Quem quiser mais exemplos, leia o
debate.
FORMAS DE
ARGUMENTO
Até aqui vimos que a lógica é
uma ciência que analisa os argumentos, e vimos, em suma, o que é um argumento.
Também sabemos que, para negar uma conclusão temos que acusar o argumento de
sofismado ou falacioso. Vejamos, agora, os dois tipos de argumentos que
existem: argumentos dedutivos e argumentos indutivos.
ARGUMENTO
DEDUTIVO
William Lane Craig, exímio
debatedor, nos expõe do que se trata o argumento dedutivo de forma muito breve:
“Num argumento dedutivo correto, a conclusão decorre inevitavelmente das
premissas. Os dois pré-requisitos de um argumento dedutivo correto são que as
premissas sejam verdadeiras e que a lógica seja válida. [...] um argumento pode
ser logicamente válido, mas mesmo assim defeituoso, se apresentar premissas
falsas” (CRAIG, p. 37). O importante a ser destacado é que a conclusão
deriva-se por necessidade, obrigatoriamente, da premissas. Averiguado que não
há sofismas, e que a processão é lógica, há de se admitir a conclusão.
Quando Durant vai explicar o
silogismo, na verdade, acaba expondo o argumento dedutivo em forma silógica: “Há
um forte traço disso na mais característica e original das contribuições de
Aristóteles para a filosofia – a doutrina do silogismo. Um silogismo é um trio
de proposições das quais a terceira (a conclusão) segue-se da verdade admitida
das outras duas (as premissas ‘maior’ e ‘menor’). [...] O leitor que goste de
matemática perceberá, de imediato, que a estrutura do silogismo assemelha-se à
proposição de que duas coisas iguais à mesma coisa são iguais entre si. Se A é
B, e C é A, então C é B.” (DURANT, p. 65). Claro, como já observamos, não se
restringe a três passos, ou duas premissas e uma conclusão. Mas para ficar mais
fácil, tomemos essa estrutura.
A é B.
C é A.
Logo, C é B.
O exemplo clássico da
filosofia é o sobre a mortalidade de Sócrates. Querendo provar que Sócrates é
mortal podemos argumentar, dedutivamente, da seguinte forma:
Todo homem (A) é mortal (B).
Sócrates (C) é homem (A).
Logo, Sócrates (C) é mortal
(B).
Berti faz uma interessante
observação quando comenta o assunto: “Nas Primeiras analíticas, Aristóteles
expõe a famosa descoberta do ‘silogismo’ (dedução) [...] Vê-se que as duas
premissas têm um termo em comum, qualificado de ‘meio’, que ocupa [...] a
função de predicado na premissa maior e a função de sujeito na premissa menor.
Os dois outros termos, qualificados de ‘extremos’, constituem a conclusão”
(PRADEAU, p. 47). Primeiro, tal como Durant, ele relaciona o silogismo
praticamente de forma exclusiva à dedução. Mas o que queremos destacar é a
análise sintática de Berti. Entretanto, conforme está anunciado, Berti troca as
bolas. Na verdade o termo denominado ‘meio’ é sujeito na premissa maior e
predicado na menor, ao passo que os ‘extremos’ fazem parte da conclusão.
Todo homem (meio) é mortal
(extremo).
Sócrates (extremo) é homem
(meio).
Logo, Sócrates (extremo) é
mortal (extremo.
Temos pois:
(Meio) (extremo’).
(Extremo’’) (meio).
Logo (extremo’’) (extremo’).
Quando mencionamos, alhures,
na exposição de Chalita, que dizia que ao elaborarmos um argumento lógico
veremos que ele ‘contém uma ideia que antes não estava expressa claramente’,
relacionamos a proposição ao argumento dedutivo. Gaarder é da mesma ideia: “A
lógica de Aristóteles trata da relação entre conceitos [...]. Mesmo que
tenhamos que concordar com Aristóteles em que a conclusão tirada é cem por
cento correta, temos de admitir que ele não nos diz nada de novo. [...] Mas nem
sempre a relação entre grupos ou coisas nos parece tão evidente. De vem em
quando pode ser necessário pôr certa ordem em nossos conceitos. [...] A
resposta já estava dentro de nós, só que precisávamos primeiro pensar um pouco”
(GAARDER, p. 129). Isso, evidentemente, nos lembra muito a maiêutica socrática,
e contrasta com a conclusão de Durant: “Parece, porém, que o silogismo não é
tanto um mecanismo para a descoberta da verdade quanto para a clareza de
exposição e de pensamento” (DURANT, p. 65)*4.
ARGUMENTO
INDUTIVO
Dissertaremos agora sobre o
complicado e polêmico argumento indutivo. Tomemos Berti para nos dizer do que
se trata esse tipo de argumento: “Quando as premissas são particulares e a
conclusão geral, não se trata mais de uma dedução, mas de uma indução
(epagogé); no entanto, nesse caso, a conclusão não decorre necessariamente das
premissas” (PRADEAU, p. 47). Não se trata exatamente de um non sequitur.
Trata-se de um argumento que se pretende por provável. Craig consegue ser muito
elucidativo em sua explanação: “Argumento indutivo é aquele em que é possível
que as premissas sejam verdadeiras e as inferências lógicas sejam válidas, mas
a conclusão mesmo assim é falsa. Nesse raciocínio, diz-se que as evidências e
regras da inferência ‘minam’ a conclusão, ou seja, tornam a conclusão plausível
ou provável, mas não garantem sua veracidade” (CRAIG, p. 37-38). Chalita nos
conta que Aristóteles não deu muita atenção a esse tipo de raciocínio, e
reforça seu conceito uma terceira vez: “Até aqui estudamos somente o raciocínio
dedutivo, que constitui a principal forma de articulação lógica, segundo
Aristóteles. De fato, a partir de premissas verdadeiras e de um silogismo
válido, obtém-se sempre uma conclusão verdadeira. Entretanto, há uma outra
forma de raciocínio, o indutivo, que também era reconhecido por Aristóteles mas
que não recebeu a mesma atenção do filósofo. Uma dedução, representada pelo
silogismo, sempre chega a uma conclusão ‘menos geral’ que a premissa inicial:
ela é sempre uma afirmação sobre um ou alguns elementos pertencentes a uma
classe maior [...]. Um raciocínio indutivo, ao contrário, sempre chega a
conclusões ‘mais gerais’ que as proposições de onde partiu” (CHALITA, p.
69-70).
Lembremo-nos, pois, que na
dedução começávamos com uma premissa geral, chamada de premissa menor,
olhávamos para uma premissa particular, chamada de premissa menor, para
chegarmos à uma demonstração. Aqui já saímos de premissas particulares para uma
conclusão geral. Percebam:
Todo homem é mortal. [Uma
afirmação geral, que diz respeito a todos os homens].
Sócrates é homem. [Sócrates é
uma figura isolada, um exemplar dentre os homens].
Logo, Sócrates é mortal [Uma
outra afirmação particular é deduzida].
Agora, num argumento indutivo
teríamos um raciocínio diferente. Gostamos do exemplo que Luiz Sayão dá em seu
livretinho:
“... o cobre, o ferro, o
bronze são metais [um particular];
o cobre, o ferro, o bronze
são bons condutores de calor [outro particular];
conclui-se que os metais são
bons condutores de calor [uma generalização]” (SAYÃO, p. 13).
O grande problema é
justamente a falta de segurança peremptória, conforme ressalta Chalita: “Embora
a indução permita atingir proposições mais gerais, ela não garante que a
conclusão seja verdadeira, mesmo que todas as proposições iniciais sejam
verdadeiras” (CHALITA, p. 70).
Antes de expormos um filósofo
que é completamente cético ao argumento indutivo, exploremo-lo um pouco mais
com o mestre Craig: “Apesar de o raciocínio indutivo ser parte normal da vida
diária, a descrição desse raciocínio é motivo de controvérsia entre os filósofos.
Alguns propõe que utilizemos o modelo hipotético-dedutivo de raciocínio
indutivo: formulamos uma hipótese que explique os fatos, e depois deduzimos da
hipótese predições que, se verdadeiras, provariam que a hipótese é falsa;
depois testamos essas predições e, se elas não se cumprem, nossa hipótese fica
comprovada. Outros filósofos defendem o que chamam de inferência da melhor
explicação: diante de certas evidências, inferimos qual explicação, se fosse
verdadeira, forneceria a melhor explicação para aquelas evidências. Discute-se
muito quais qualidades fariam uma explicação ser a melhor (simplicidade, poder
de explanação, etc., mas no mínimo essa explicação precisa levar em conta todos
os fatos da experiência e ter coerência lógica” (CRAIG, p. 38).
Tanto as ciências naturais
quanto a história são ciências completamente dependentes do método indutivo.
Por isso, é caro ao aristotélico evadir-se dela, e barato para o platônico
rejeitar toda e qualquer indução.
Bom, vamos parafrasear pra
tentar elucidar os pontos. Pensemos numa pesquisa histórica. Temos um campo de
pesquisa. Encontramos vestígios de ossadas aos montes, de adultos e crianças,
espalhados por um território europeu, digamos que italiano. Encontramos uma coluna
encravada com determinado dialeto e mais nada. Bom, usando o método
hipotético-dedutivo, temos de formular uma hipótese primeiro. Pelas inscrições
na coluna, presumimos que se trata de um povo de origem ligada à língua
encontrada na coluna. Digamos, hebraico. Fazemos então predições. Logo são
associados à diáspora decorrente da perseguição romana. Mas não havia vestígio
de plantação ou de construção de casas. E como eles teriam morrido? O
raciocínio teria sido: 1) Há rumores de povos judeus vivendo por essas terras
naquela época. 2) Os judeus fugiam dos romanos. 3) Temos aqui uma inscrição
hebraica relacionando o povo aos judeus. 4) Portanto, eram judeus fugidos. De
repente, escavações posteriores notam que havia armaduras de soldados romanos
no local. Amplia-se a hipótese presumindo que houve um conflito entre judeus e
soldados romanos. Não se refutou a hipótese. Entretanto, não se encontrando
casas ou vestígios de utilização do solo, fica difícil dizer com certeza que os
judeus foram morar naquela região. Prediz-se que não se encontrará vestígio de
moradia ou qualquer outro apetrecho que prove ter havido judeus ali. Pode ser
um outro povo rebelde aos romanos que, por um acaso, se encontravam próximas a
uma coluna com inscrições hebraicas. A predição estando correta falsificaria a
hipótese, ou pelo menos a colocaria em descrédito. Mas suponhamos que se
encontre alguns itens típicos do judaísmo, como uma menorah (um candelabro de
sete braços), e, quiçá, um manuscrito do Antigo Testamento. Suponhamos que se
encontre, também, bases para residências e moedas de inscrições romanas,
confirmando a época e a moradia do povo judeu. A hipótese foi ‘confirmada’.
Percebam que não é uma conclusão definitiva. É apenas provável.
Acreditamos que a segunda
forma de indução seja excelente, ao menos na pesquisa histórica, para confirmar
ou desacreditar as conclusões da primeira forma de indução. Formula-se outra
hipótese. Qualquer uma. Por exemplo, aqueles eram soldados judeus que voltavam
de uma caçada a judeus, tendo confiscado alguns bens e encontraram uma aldeia
de rebeldes bárbaros, vindo a assalta-los, enquanto eram resistidos. Os objetos
hebraicos ficaram ali. O problema dessa hipótese é que não explica a coluna com
inscrições hebraicas. Pensar numa inscrição posterior carece de explicações
(embora não seja impossível). Logo, presume-se, finalmente, que judeus fugidos
realmente foram para lá morar*5.
Por fim, como prometido, e
tomando como exemplo um filósofo de viés platônico, embora certamente ele não
gostaria do rótulo, temos Vincent Cheung soltando os cachorros contra a
indução. Ele nota que não se pode aferir essa probabilidade demandada na
conclusão. Probabilidade é “a razão do número de resultados num conjunto
exaustivo de resultados igualmente prováveis que produz um dado evento para o
número total de possíveis resultados” (CHEUNG, p.41-42); e prossegue: “Mesmo se
admitirmos que os métodos empíricos e indutivos podem descobrir o numerador da
fração [...], determinar o denominador requer conhecimento de um universal, e a
onisciência é frequentemente necessária para isso” (CHEUNG, p.42). Finalmente
conclui: “Visto que probabilidade consiste de um numerador e um denominador,
uma vez que o denominador é um universal e os métodos empíricos e indutivos não
podem conhecer universais, é absurdo dizer que a indução pode alcançar um
conhecimento ‘provável’” (CHEUNG, p.42). Em outras palavras, Cheung diria que
existe uma quantidade de hipóteses contrárias ou dados faltantes para
averiguação do provável que não podemos calcular. Podemos falar de uma
probabilidade segundo o que temos em mãos. Mas jamais teremos certeza de que
temos um número suficiente em mãos para legislar. Novos dados podem ser
descobertos. Tudo pode ter acontecido. Na ciência, novas tecnologias podem
abrir espaço para pensarmos em novas causas... etc*6.
Seja como for, a indução é um
tipo de raciocínio muitíssimo comum e bem presente nas disputas e pesquisas.
Não podemos ignorá-lo. Ainda que sejamos pragmáticas, instrumentalistas, em
relação à ciência e até mesmo à história.
LÓGICA,
VERDADE E REALIDADE
Já sabemos do se trata a
lógica. Sabemos que ela serve para analisar argumentos e pensamentos. Sabemos
que um argumento é composto por proposições, e que podemos analisar proposições
pelos cânones da lógica. Sabemos que os argumentos, dispostos de forma
silogística, podem ser dedutivos ou indutivos, e que, para serem recusados
precisam ser acusados de sofisma ou falácia. Temos, praticamente, um conceito
bem formado da ciência da lógica. Mas Aristóteles é ainda mais profundo. Ele
tinha um compromisso praticamente religioso para com a verdade. Isso, mais uma
vez, deve ter vindo de Sócrates através da Academia de Platão. Adler nos lega
uma citação deveras preciosa: “É preferível e é mesmo nosso dever destruir o que
mais de perto nos toca a fim de salvaguardar a verdade, especialmente por
sermos filósofos ou amantes da sabedoria; porque, embora ambos nos sejam caros,
a piedade exige que honremos a verdade acima de nossos amigos” (ARISTÓTELES
apud ADLER, p. 157).
Sabemos que a lógica versa
sobre o que pensamos. Mas não era apenas disso que se trata a lógica, segundo a
concepção de Aristóteles, conforme nos informa Sproul: “Para Aristóteles, a lei
da não-contradição não é meramente uma lei do pensamento, mas também uma lei do
ser. Na verdade, é uma lei do pensamento exatamente porque é primeiro uma lei
do ser. Alguém pode dizer que o número cinco é par e ímpar, mas o número cinco
não pode ser par e ímpar” (SPROUL, p. 45).
Sobre a relação entre o ser e
o pensamento Aristóteles antecipa Saussure na filosofia da linguagem, conforme
nos informa Berti: “No tratado Sobre a enunciação (De interpretatione),
Aristóteles afirma que as palavras que formam a linguagem, são signos
convencionais dos conceitos, ou, mais geralmente, eles são os conteúdos do
espírito, sendo estes, por sua vez, as imagens das coisas: entre a linguagem, o
pensamento e a realidade há, portanto, uma relação de significação” (PRADEAU,
p. 46). Nós conhecemos a parte do Órganon a que Berti se refere: “Os sons emitidos
pela fala são símbolos das paixões da alma, [ao passo que os caracteres
escritos [formando palavras] são os símbolos dos sons emitidos pela fala. Como
a escrita, também a fala não é a mesma em toda parte [para todas as raças
humanas]. Entretanto, as paixões da alma, elas mesmas, das quais esses sons
falados e caracteres escritos (palavras) são originalmente signos, são as
mesmas em toda parte [para toda a humanidade], como o são também os objetos dos
quais essas paixões são representações ou imagens” (ARISTÓTELES, p. 81).
O pensamento formula
conceitos sobre a realidade e os expressam por palavras. As palavras são signos
dos conceitos. Os conceitos são o conteúdo do espírito. O que se passa no
espírito são imagens das realidades. Assim, o que pensamos é o que existe, e o
que falamos é o que pensamos. São símbolos para evocar os conceitos que, por
sua vez, evocam a realidade*7.
Sproul, novamente e de forma
notória, define a questão: “... ao formular as leis da lógica, Aristóteles não
estava preocupado apenas em pensar sobre certas coisas mas também com a
existência das coisas sobre as quais pensamos. Apesar de acabar rejeitando a
filosofia de Platão, ele certamente refletia sobre a relação entre pensamento e
realidade. [..] Sua preocupação com a verdade era também uma preocupação com a
realidade, pois as duas estão relacionadas de modo inseparável. [..] Segundo
Aristóteles, as leis da lógica se aplicam a todas as ciências, por serem
válidas para toda a realidade. Isso não quer dizer que tudo o que é racional
seja real. [...] Tudo o que é real, porém, é racional. O que é ilógico não pode
existir na realidade” (SPROUL, p. 44). Portanto, a realidade e a lógica estão
estritamente ligadas. Compreender adequadamente a realidade demanda compreender
a lógica. Não é apenas um capricho intelectual. É questão de se localizar.
Sejamos, pois, sempre bons estudantes de lógica, seja lá qual área nos
devotemos a atuar.
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*1 Aqui é preciso, particularmente, muita cautela na terminologia. Sproul usa o termo ‘acidente’ incluindo a categoria substância, o que pode gerar uma enorme confusão: “Segundo Aristóteles, uma entidade é composta de suas substâncias e seus predicados, ou o que ele chamava de acidentes” (SPROUL, p.).
*1 Aqui é preciso, particularmente, muita cautela na terminologia. Sproul usa o termo ‘acidente’ incluindo a categoria substância, o que pode gerar uma enorme confusão: “Segundo Aristóteles, uma entidade é composta de suas substâncias e seus predicados, ou o que ele chamava de acidentes” (SPROUL, p.).
*2 Recomendamos dois artigos
muitíssimo interessantes nesse sentido. O primeiro é do grande filósofo William
Lane Craig, e se chama: ‘Deus ainda não está morto’, e pode ser encontrado
neste endereço: http://www.reasonablefaith.org/portuguese/deus-naeo-esta-morto-ainda
O segundo é do historiador,
teólogo e cientista Alister McGrath, intitulado ‘Thank God for the New Atheism‘
e que pode ser encontrado no seguinte endereço: http://www.abc.net.au/religion/articles/2011/01/31/3125641.htm.
O vídeo de Vince Vitale
também é apropriado de ser visto: https://www.youtube.com/watch?v=25nvoycJ0hw.
*3 Outro erro comum, de mesmo teor, é
considerar o Calvinismo a luz de Max Weber e o que o alemão passou aos livros
didáticos da posteridade. Para duas ótimas refutações, veja um artigo de Franklin
Ferreira: http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_V__2000__2/Franklin.pdf;
e um de Antônio Máspoli de Araújo Gomes.: http://cpaj.mackenzie.br/fidesreformata/visualizar/102.
*4 O mesmo Durant, ao expor um
possível problema com o argumento dedutivo acaba valendo-se do que parece uma
indução e, principalmente, da inferência a partir da abstração da espécie, do
tipo de coisa a que o que está em questão pertence: “Por exemplo, o homem é um
animal racional; mas Sócrates é homem; portanto, Sócrates é um animal racional.
[...]A dificuldade, como salientaram os lógicos da época de Pirro até a de
Stuart Mill, está em que a principal premissa do silogismo aceita como ponto
pacífico precisamente o detalhe a ser provado; porque se Sócrates não for
racional (e ninguém questiona o fato de ele ser homem), não será universalmente
verdadeiro que o homem é um animal racional. Aristóteles retrucaria, sem
dúvida, que quando se verifica que um indivíduo possui um grande número de
qualidades características de uma classe [...], cria-se uma forte presunção de
que o indivíduo possui as outras qualidades características dessa classe”
(DURANT, p. 65). Adiante esse pensamento poderá ser melhor compreendido.
*5 Esse método é usado na
investigação criminal, como demonstram séries como Cold Case ou CSI. Craig,
nesse mesmo livro, usa o método para provar, indutivamente, a ressurreição de
Jesus Cristo.
*6 Charles Hodge ainda estaria
legitimado em sua Teologia Sistemática, no primeiro capítulo, quando propõe o
método indutivo para a teorização teológica. Segundo a teologia reformada, e o
próprio Hodge, adiante, no mesmo capítulo, temos como determinar o denominador
na inferência teológica ou, pelo menos, temos tudo o que Deus planejou que
soubéssemos. Temos ali todos os dados possíveis, particulares, e deles
inferirmos uma generalização, uma doutrina. É assim que deve-se prosseguir na
dogmática.
*7 Noutro artigo sobre linguística
exploraremos melhor a questão.
REFERÊNCIAS
ADLER, Mortimer J; VAN DOREN,
Charles. Como Ler Livros. Tradução de Edward Horst Wolff e Pedro
Sette-Câmara. São Paulo: É Realizações, 2010, 432p.
ARISTÓTELES. Organon.
Tradução, textos adicionais e notas de Edson Bini. São Paulo: EDIPRO, 2ª ed.,
2010, 608p.
BERTI, Enrico. Aristóteles _
PRADEAU, François. História da Filosofia. Tradução de James
Bastos Arêas e Noéli Correia de Melo Sobrinho. Petrópolis: Vozes; Rio de
Janeiro: PUC-Rio. 2ª ed., 2012, 624p.
CHALITA, Gabriel. Vivendo
Filosofia. São Paulo: Atual, 2002, p. 304.
DURANT, Will. A
História da Filosofia. Tradução de Luiz Carlos do Nascimento Silva.
Rio de Janeiro/São Paulo: Editora Record. 4ª ed., 2001, 406p.
GAARDER, Jostein. O
mundo de Sofia: romance da história da filosofia. Tradução de João Azenha
Jr. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. 560 p.
HODGE, Charles. Teologia
Sistemática. Tradução de Valter Graciano Martins. São Paulo:Editora Hagnos,
2001. 1777p.
NASH, Ronald H. Questões Últimas da vida: uma introdução à filosofia. Tradução de
Wadislau Martins Gomes. São Paulo: Cultura Cristã, 2008. 448 p.
OLIVEIRA, Lucio
Antônio. Debate: Justificativa para o Ateísmo e para o Teísmo (Parte 8).
Acessado no dia 08/05/2014 em: http://mcapologetico.blogspot.com.br/2013/07/debate-justificativa-para-o-ateismo-e.html
SCHOPENAUER, Arthur. Como
Vencer um debate sem precisar ter razão: em 38 estratagemas (dialética
erística) Tradução de Olavo de Carvalho e Daniela Caldas; introdução, notas e
comentários de Olavo de Carvalho. Rio de Janeiro: Topbooks, 1977, 258p.
SIMONUTTI, Luisa. As Reformas
_ PRADEAU, François. História da Filosofia. Tradução de James
Bastos Arêas e Noéli Correia de Melo Sobrinho. Petrópolis: Vozes; Rio de
Janeiro: PUC-Rio. 2ª ed., 2012, 624p.
SPROUL, R. C. Filosofia
para iniciantes. Tradução de Hans Udo Fuchs. São Paulo: Vida Nova, 2002,
208 p.
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