A partir de Otávio [para conhecer a República Romana, clique aqui] temos uma
sucessão de imperadores no poder. É óbvio que não podemos trabalhar a vida de
todos. Iremos fazer uma seleção dos que nos parecem (ou às nossas fontes) mais
importantes ou mais interessantes aos nossos propósitos expositivos. Como temos
feito nos textos históricos, seguimos ao professor Rodolfo Neves e ao
‘Construindo um Império: Roma’ do History Channel. Dessa vez Gabriel Chalita é
também rico em informações. Quando formos, pois, nos valer de outras fontes,
indicaremos. Começaremos indicando as características do império e depois um
pouco da vida dos imperadores para, finalmente, versar sobre a queda de Roma e
o início da Idade Média.
AS
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DO ALTO IMPÉRIO ROMANO
A primeira característica que
temos que destacar é a militarização da sociedade romana, reflexo dos
imperadores, que eram generais.
A estrutura social era a
estrutura de uma hierarquia militar. O exército estava dividido entre:
‘imperador’, o chefe do exército, soberano; os generais, que recebiam as ordens
do imperador e as distribuía aos demais; os soldados, obedientes aos generais;
por fim, os civis, alvo do controle de toda essa estrutura militar. Isso se
reflete na sociedade romana. Antigamente, na República, tínhamos os patrícios,
logo em seguida os equestres [comerciantes]; os plebeus e clientes, por fim os
escravos. Agora temos os ‘Senatoriais’, superiores muitas vezes ligados ao
exército; equestres, os comerciantes; e, na base na pirâmide social, os
‘inferiores’, ou seja, os que não detinham poder algum.
Na República Romana havia uma
divisão clara e nítida sobre os escravos e o resto da sociedade. No Alto
Império, embora existissem escravos, evidentemente, a classe inferior da
sociedade era composta de escravos e não-escravos. Portanto, há um
enfraquecimento nessa distinção entre homens livres e não-livres.
Roma tornou-se uma sociedade
‘espartana’, ou seja, militarizada. A cultura era influenciada pelo exército,
com reflexos nas vestes, cortes de cabelo e costumes sociais. O exército era
visto como algo positivo. O exército era a principal instituição romana.
As idéias ali presentes são o
embrião do totalitarismo, que confunde o governador com o próprio Estado. Os
próprios símbolos romanos davam a entender isso. A vontade do Imperador era a
vontade do Estado. Os direitos dos indivíduos estariam submetidos à vontade do
governante. Assim, muitos autores defendem que a gênesis da estrutura
totalitária estava presente no Império Romano.
Uma segunda característica do
Império Romano é a expansão territorial, escravista, colonial. O exército está
poderoso e mais guerras que geram conquistas acontecem. Entre o final do século
I a. C. e o final do século II d. C., o império romano se expandiu cada vez
mais.
Quanto mais se expande, mais
colônias tem. Quanto mais colônias, maior a oferta de produtos. Quanto maior a
oferta de produtos, menor o preço dos produtos (controle da inflação). E, por
fim, tudo isso desemboca em mais comércio existindo (quanto menor a inflação,
maior a valorização da moeda, e mais comércio há).
Além disso, quanto maior a
expansão, mais prisioneiros de guerra e, consequentemente, mais escravos.
Assim, Roma estava num
momento em que nada poderia causar seu declínio a não ser parar de expandir-se.
Isso acontece no fim do século II d. C., principalmente a partir do governo do
Imperador Marco Aurélio, Roma começa a diminuir o ritmo de expansão até o
limite. Isso acontece não por conta de fatores externos, mas por fatores
internos: a pax romana.
Esta é a terceira
característica do Império Romano: a pax romana. Roma decide começar a diminuir
o ritmo de expansão. Acontece que os generais tinham mais terras que podiam
ocupar. As guerras eram bancadas pelos generais (e não pelo Império, pois o
imperador apenas dava a ordem), afinal as guerras eram investimentos (o general
pagava soldados para vencer as guerras e angariar mais terras, mais escravos e,
por fim, mais dinheiro). Mas é bom lembrarmo-nos que Roma não era capitalista,
portanto não tinha o interesse de reproduzir o capital continuamente. Assim, em
algum momento os generais afirmam que não valia mais a pena expandir. É o
processo da ‘pax romana’. De fato, havia uma hegemonia romana. Ninguém podia
lidar com eles. Mas tal mentalidade marca o princípio do declínio de Roma.
Gabriel Chalita comenta o fenômeno: “O exército romano, concentrado na defesa
de fronteiras e imerso em disputas internas pelo poder, abandonou as campanhas
de conquistas territoriais, principal fonte de obtenção de escravos. A escassez
de mão-de-obra escrava e a consequente diminuição da produtividade agrícola
afetaram durante as cidades, sobretudo Roma” (CHALITA, p. 94). É o que veremos
no baixo império. A estagnação irá causar, a Roma, sua queda.
A quarta característica do
Alto Império é o problema por conta do surgimento do Cristianismo. Com o
ministério de Cristo, uma série de características de suas pregações começam a
chocar-se com as idéias do império romano. Primeiramente temos o monoteísmo, ao
passo que Roma era politeísta.
Outra característica da
pregação de Cristo é o questionamento da divindade do imperador. Jesus diz que
somente seu Pai é Deus, e ele é o Filho Unigênito de Deus*
Cristo fala de seu pai no
reino dos céus, com seus valores, em contradição com os valores do império
romano. O paganismo romano era materialista (e.g., acreditavam que se uma
pessoa era rica em vida, pela eternidade, após sua morte, seria rica também).
Cristo já prega valores mais espirituais, e diz que os que sofriam aqui iriam
para o céu, para uma vida verdadeira, repleta de gozo*. O professor Rodolfo
Neves diz que a pregação de Cristo é uma nítida influência da filosofia
platônica que diz que o mundo das ideias é perfeito, e que o mundo material é
imperfeito, ou até, posteriormente, uma influência plotina que diz que o mundo
da luz é perfeito, e o mundo material, das trevas, é imperfeito*. Assim, o
Cristianismo ensinaria que o mundo material é negativo, e que o mundo das
ideias era positivo. Neves ainda faz questão de dizer que não seria um plágio
descarado que ele estaria anunciando, mas um discurso influenciado pelo meio já
que essas ideias circulavam em Roma. Podemos nos lembrar que a gula, a luxúria,
o ócio, a ira e outros valores eram positivos para Roma, ao passo que eram
condenados pelo cristianismo. A gula e a luxúria eram praticadas nos bacanais;
a ira era exaltada no exército; e, por fim, os escravos proporcionavam o tempo
livre para os Romanos fazerem nada, portanto, uma valorização do ócio.
Roma, pois, passa a perseguir
os cristãos. Entretanto, quanto mais os matavam, mais o cristianismo se
expandia. E a morte não era encarada como algo negativo, para o cristão, e sim
positivo: sua promoção ao estado de salvação.
Uma última característica do
Alto Império era o ‘pão e circo’. Roma está rica, e tem muitos escravos, o que
gera menos empregos aos plebeus, os homens livres. A solução de Roma foi
ampliar a política de ‘pão e circo’ (idealizada já por Júlio César, antes do
império). Roma, pois, promovia grandes eventos no Coliseu; promovia muitos
feriados; e dava pão e vinho aos que iam ao Coliseu. O ‘pão e circo’ era uma
política de controle social pois oferecia diversão, comida, vinho e o que mais
fosse preciso para os desempregados, dissuadindo-os de se revoltarem. Eram,
pois, medidas que diminuíam a sensação de pobreza, mas não dissolvia a origem
dos problemas da pobreza, antes era a manutenção desse problema. Os mais
pobres, pois, tornavam-se dependentes do Estado. Era, pois, uma medida
populista e paternalista.
O certo é que o Coliseu, além
de embotar as fomentações de revoltas, dava aos cidadãos romanos um sentimento
de superioridade pois quem estava lutando lá embaixo eram os inferiores, e
esses diziam respeito aos estrangeiros. Assim, o povo romano pensava ser um
povo superior. No Coliseu a plebe decidia quem vivia e quem morria, onde esse
sentimento era enaltecido*.
E, em falando da vida
cotidiana, temos que observar um dos vários feitos de engenharia que o
documentário do History Channel observa. No século I d. C., Roma era a única
superpotência europeia e, enquanto expandiam o império, também olhavam para
dentro e usavam seus conhecimentos técnicos para melhorar a qualidade de vida
na capital e, o feito que mais alterou a vida diária em Roma foi a água corrente,
um sistema de distribuição de água, diferente de tudo que já houvera. Os
aquedutos, distantes da capital, levavam água das montanhas às cidades. Isso
revolucionou o cotidiano dos romanos. Havia muita água disponível. Quase um
milhão de pessoas viviam com limpeza e conforto na capital. E esse era outro
motivo para se considerarem superiores: eram mais limpos que os demais.
CARACTERÍSTICAS
PRINCIPAIS DO BAIXO IMPÉRIO ROMANO
O Baixo Império é um período
de crise do Império Romano, que vai do século III ao século V d. C. Quanto às
suas características, a primeira e talvez a mais importante é a anarquia
militar, i. é., aquela estrutura hierárquica militarista começa a se diluir. Os
generais, agora grandes proprietários de terras, começam a questionar a própria
autoridade do Imperador. A consequência desses conflitos foram a fragmentação
do exército e a parada de sua expansão. Para piorar a situação, muitos
generais, contrariando as ordens do imperador, tiram seus soldados das
fronteiras e os levam para dentro de suas terras, e, dividindo-as em pequenas
propriedades, as oferecem a eles para protege-las e produzirem nelas em troca
da fidelidade militar.
Pois bem, com as fronteiras desprotegidas,
muitos ‘bárbaros’ começam a adentrar no império. Territórios, pois, eram
perdidos, ou seja, havia uma baixa nas colônias. E, quanto menos colônias
existem, menor a oferta de produtos e maior a inflação, ou seja, preços
maiores. Com isso, menor é o poder de compra da moeda romana. Consequentemente,
as trocas baseadas em moedas, o que chamamos de ‘comércio’, entram em declínio,
e em grande escala volta-se às práticas das trocas naturais (escambo, troca de
produtos). Ou seja, com o declínio do comércio, aumenta-se a cultura de
subsistência. Essas características ficarão evidentes no feudalismo. Tudo isso
por conta da falta de produtos e do aumento da inflação.
Assim, o primeiro grande
problema enfrentado pelo Baixo Império Romano foi a Inflação. Diocleciano, um
imperado, em 287 d. C., para controlar a inflação, cria o Édito Máximo, que
configurava-se em uma tabela de preços*. A medida, pois, não funcionou, e o uso
da moeda, ou seja, o comércio, entra em declínio cada vez maior, ao passo que,
inversamente proporcional, aumenta-se a agricultura de subsistência.
Um segundo problema do Baixo Império
era a falta de escravos, como já mencionamos. Eles iam diminuindo. Na medida em
que perdia-se território, perdia-se escravos. Para resolver esse problema, adotaram
duas medidas. A primeira foi que os pequenos proprietários poderiam trabalhar
nas grandes propriedades desde que pagassem impostos: patrocínio. A segunda
opção foi o ‘colonato’, onde eram oferecidos empregos, remunerados com parte da
produção, nas fazendas aos moradores das cidades, o que resultou no êxodo
urbano. Assim, tanto pequenos proprietários como moradores da cidade, até mesmo
escravos, eram instigados a trabalharem para os generais e grandes
proprietários em troca de proteção e do uso da terra, com impostos, claro.
Chalita lança luzes sobre o assunto: “Na agricultura, para suprir a falta de
mão-de-obra escrava, adotou-se o regime de colonato, isto é, o arrendamento de
terras a plebeus e homens livres que fugiam das cidades à procura de trabalho e
segurança, assustados pelo alto custo de vida e pela violência. Por meio desse
sistema, o colono cultivava um pedaço de terra para a sua subsistência, sob a
condição de entregar uma parcela da produção ao proprietário e de trabalhar
gratuitamente em suas terras. Estabeleciam-se assim as raízes da servidão e do
feudo medievais, bases de um novo sistema econômico de caráter eminentemente
agrário, que conferia às propriedades rurais uma grande autonomia, e que
tornaria os feudos pequenos centos de poder” (CHALITA, p. 95). Assim, tal
‘colonato’ serviu para criar a ‘servidão’ característica do período feudal.
Quando não mais existir Roma, esse sistema subsistirá. Roma, pois, estava
vivendo uma ‘ruralização’ da economia e da sociedade.
Outro problema do baixo
império era a expansão do Cristianismo. Roma está quebrada. E o cristianismo
era uma religião em que existiam muitos pobres, ou seja, plebeus, ou seja,
soldados. Assim, grande parte do exército para de acreditar na autoridade
divina do Imperador.
Para controlar seu exército,
o Imperador teria que lidar com essa situação. Então, Constantino, em 315 d.
C., cria o Édito de Milão, permitindo a liberdade de culto ao Cristianismo,
visando angariar apoio do exército. Assim, permitiu-se uma grande estrutura que
viabilizou o estabelecimento do cristianismo entre os romanos. Alguns anos
depois (no fim do século IV, o imperador Teodósio cria o Édito Tessalônico,
tornando o cristianismo a religião do império, e, criando, oficialmente, a
Igreja Católica Apostólica Romana. O professor Rodolfo observa que havia, ali
naquele momento, um atrito entre o cristianismo e o catolicismo. O cristianismo
eram os grupos que criam que Jesus era o Messias, ao passo que o Catolicismo
era a religião oficial do império, particularmente de Roma.
O Catolicismo tira toda a
visão divina do imperador, mas Teodósio teve uma grande sacada. Ele seria não
apenas o imperador, contando com o apoio do exército, mas seria o Papa, o chefe
da Igreja. Temos, pois, o ‘cesaropapismo’.
Em suma, o que temos em Roma
nesse período: a quebra da estrutura militar; o aumento da inflação; o fim do
expansionismo; a redução de escravos. As soluções foram, primeiro, o Édito
Máximo, para controlar a inflação com o tabelamento de preços, o que não deu
certo. Em seguida temos a substituição da mão de obra escrava pela mão de obra
servil, e essa medida surtiu efeito, mas declinou ainda mais o comércio,
expandindo a característica de agricultura de subsistência, e à ruralização da
sociedade romana. Por fim, temos a adoção do cristianismo como a religião do
Estado.
Gabriel Chalita faz da
desqualificação dos exércitos. “Entre os anos 235 e 285 o governo de Roma
esteve entregue aos desmandos de uma aristocracia militar que o conduziu ao
caos. O exército se enfraqueceu enquanto instituição, pois passara a admitir
mercenários desqualificados e inescrupulosos, que se valiam da condição de
soldados para praticar o banditismo. Em decorrência, o Império ficou cada vez
mais vulnerável nas fronteiras, alvo das pressões dos germânicos, povos que há
muito ameaçavam os domínios romanos, à procura de terras férteis e de clima
ameno” (CHALITA, p. 94). Ou seja, para Chalita foi o banditismo oriundo do
contrato de mercenários que enfraqueceu o exército e cedeu as fronteiras, ao
passo que, para Rodolfo Neves é o fato de o exército estar desfragmentado por
conta da autonomia dos generais e por estes estarem cuidando de seus próprios
interesses, não mais guardando os limiares do Império. O fato é que não parece
haver um consenso (pelo menos não entre nossas fontes) sobre qual teria sido
causa exata para a queda de Roma
O certo é que as fronteiras
estavam fragilizadas. Então os bárbaros que migravam do leste para o oeste, i.
é., do Oriente para o Ocidente, os hunos, forçaram os bárbaros germânicos a
invadirem Roma. Parte dos bárbaros germanos se aliam ao exército e até lutam
juntos contra os hunos. O imperador até tenta usá-los como soldados, mas tal
empreitada não surtiu efeito e finalmente acontece a grande invasão bárbara.
Antes de mencioná-la, voltemos um pouco e perpassemos essa história destacando,
dessa vez, os grandes vultos que a permearam.
GRANDES
VULTOS DO IMPÉRIO ROMANO
CALÍGULA
Além de Otávio, temos de
mencionar, pouco tempo depois, o terrível e sanguinário Calígula, que governou
de 37 a 41 d. C. Alguns julgam que tenha sido um dos piores, senão o pior
homem
a tomar o poder, e sem dúvida, um dos mais vis seres humanos que já pisou na
terra*. João Calvino, no volume 1 das Institutas da Religião Cristã, chega a
dizer o seguinte: “Em parte alguma se lê de ter existido um desprezo mais
incontido ou desenfreado pela divindade do que em Caio Calígula. Entretanto,
ninguém tremeu mais miseravelmente sempre que se patenteava alguma manifestação
da ira divina. Desse modo, malgrado seu, fremia de pavor diante de Deus, a quem
publicamente profiava por desprezar. Isso, aqui e ali, se sobrevém também aos
que lhe fazem páreo; portanto, quem é mais petulante em desprezar a Deus, de
fato também, ao mero ruído de uma folha que cai, desmedidamente se perturba
[Levíticos 26:36]” (CALVINO, p. 45). Pois bem, acabou sendo assassinado. Seu
sucessor foi Cláudio, seu tio.
CLÁUDIO
Os aquedutos foram
construídos ao longo de vários séculos! Mas o Imperador Cláudio, um homem
desfigurado que sofria de gagueira, que mais contribuiu para isso. Antes de
subir ao poder, era motivo de risos, e era considerado inválido. Tinha vários
problemas, como salivação, manias e afins. Apesar disso, foi esperto o bastante
para tomar o poder quando teve oportunidade. No ano de 41, a maior parte da
família real fora assassinada para vingar o reinado sangrento do sobrinho de
Cláudio, Calígula. Cláudio foi poupado e conseguiu subornar os guardas
pretorianos para declararem-no imperador, o que mudaria os rumos da história
romana. Quando governou, governou bem. Durante seu reinado, o Império progrediu
de várias formas: na fronteira, seus exércitos conquistaram a Britânia, o que
nem Júlio César havia conseguido fazer. Em Roma, construiu dois grandes
aquedutos. Ao chegar à cidade, os aquedutos desembocavam em três tanques de
contenção: um para os banhos públicos; um para as fontes públicas de água
potável; e um terceiro reservado para o imperador e outros nobres. Havia água
pra todos, o que é impressionante pois, nem mesmo na Idade Média encontramos
tal fartura. Assim, pois, Cláudio, que reinou de 41 a 54 d. C., revitalizou o
sistema de distribuição de águas. Governou, pois, Cláudio, muito bem, mas suas
escolhas na vida pessoal acabaram por derrubá-lo, pois era muito voltado às
mulheres, e era subserviente às suas esposas. Casou-se com sua sobrinha, a irmã
de Calígula, chamada de Agripina, chocando o império. Era uma mulher orgulhosa
e ambiciosa, e dominou Cláudio, tornou-se imperatriz e buscou garantir que seu
filho tornasse-se o seguinte imperador. Em 50 d. C., Agripina convenceu Cláudio
a nomear seu filho, de um casamento anterior, como seu herdeiro ao invés do
próprio filho biológico do imperador. Quatro anos depois estava morto,
envenenado por Agripina. O novo imperador era Nero, talvez o único que se
equipare a Calígula.
NERO
Nero tinha 16 anos de idade.
Seria um futuro tirano e destruiria a cidade. Em 64 d. C. um pequeno incêndio
se alastra e reduz boa parte da cidade de Roma a cinzas, deixando milhares de
desabrigados. Nero, que governou de 54 a 68 a. C., foi o maior suspeito de ter
provocado o incêndio. Foi supostamente visto tocando sua lira no topo de uma
torre próxima.
Após o incêndio, confiscou um terço da cidade como propriedade
particular e construiu um extravagante complexo de palácios ocupando 80
hectares do centro de Roma. Tal atitude o incriminou mais ainda, pois os boatos
eram que ele começou o incêndio para limpar a cidade para que pudesse construir
o palácio. Nero culpou os cristãos, e centenas deles foram queimados e enforcados
nas ruas de Roma. E Nero cometeu muitas outras excentricidades abomináveis. Deu
de presente a cabeça da ex-esposa para sua nova esposa. Doravante, matou-a a
chutes quando ela estava grávida. A maioria dos atos que cometeu o fez após o
mais hediondo de todos: matar sua própria mãe, Agripina, que havia matado seu
marido Cláudio, antigo imperador, para que ele entrasse no poder. Tentou
matá-la várias vezes. Dizem que na última tentativa, quando guardas foram
enviados para assassiná-la, ela pediu para que a golpeassem no útero, de onde
Nero viera. Reza a lenda que Nero foi assombrado pelo fantasma da mãe pelo
resto da vida, e, cada vez mais solitário, terminou completamente louco. Num de
seus delírios, quis construir um imenso palácio no centro da cidade e desapossou
pessoas ricas para tal, inclusive matando-as, e usando dinheiro público para
tal empreendimento. O ‘Palácio Dourado’ foi construído pelos escravos.
A cada três pessoas em Roma,
uma era escrava. De fato, Roma não existiria sem a contribuição dos escravos. O
trabalho escravo gerava os lucros necessários para manter e expandir o império.
O trabalho escravo também foi importante para a construção dos grandes
projetos.
Com a construção do grande
palácio, no centro da cidade, o Palácio de Ouro, com áreas para animais
selvagens e tudo [palácio que subjaz, em parte, sob a Roma moderna], Nero
acabou de demonstrar sua soberba e egocentrismo. Não governava para o povo.
Tudo era para ele e somente a ele visava agradar. Suas ações estavam para além
do que o povo e o senado achavam aceitáveis e ele pagou o preço. Em 68 d. C.,
pouco depois de mudar-se para o Palácio Dourado, foi derrubado por um golpe da
oposição e declarado inimigo público, sendo caçado como um fugitivo pelos
próprios guardas, acabando por se matar, com a ajuda de um leal escravo. Nero
se via mais como um astro, um ator, do que como um imperador, e tal o declarou
no momento de sua morte.
VESPASIANO
Após a morte de Nero, os
romanos enterraram qualquer vestígio de suas lembranças, de seu reinado
opressor. Em 104 d. C. sua ‘casa dourada’ foi recoberta com pedra e cascalho e
‘se tornaria um complexo de banhos construído ali mesmo pelo imperador
Trajano’. Permaneceu enterrada e esquecida sob a cidade por cerca de 1300 anos.
No século XVI uma depressão fez com que exploradores redescobrissem a antiga
construção. Ali houve artistas renascentistas que se inspiraram no ‘grotesco’,
i. é., em ‘criaturas estranhas’.
Após a morte do imperador
Nero, havia um novo problema. Sempre houve uma linhagem real, mas, após a morte
de Nero, o trono estava vago. Ninguém sabia o que aconteceria, a não ser que
haveria conflitos e que só haveria paz quando terminassem. Os generais do
exército começam a lutar entre si em busca do poder. O vencedor é Vespasiano,
que comandou as tropas romanas na Judéia. Ele reina de 69 a 79 d. C. Vespasiano
era um ‘anti-nero’, alguém completamente diferente de seu predecessor. Era
simples, direto e prático. E, ao invés de explorar os engenheiros para fins
pessoais, colocou-os a serviço do povo. Ele drenou as águas do lago artificial
do Palácio de Ouro de Nero e construiu o Coliseu ali, para divertir o povo.
Já havia muito tempo que os
gladiadores derramavam sangue nas arenas. Mas o povo romano ansiava por
espetáculos mais ousados. O Coliseu daria aos gladiadores esse campo de batalha
permanente, com carnificina sem precedentes. O Coliseu foi construído por volta
de 72 d. C., e foi financiado pelo saque de relíquias do templo judeu no ataque
a Jerusalém [70 d. C.]. Dessa campanha, 12 mil judeus foram levados para
trabalhar na construção do anfiteatro (o Coliseu). Em 8 anos atingiu 50 metros
de altura. O Coliseu era a mais alta estrutura da Roma Antiga. Para saber quem
era a cidade de Roma bastava descrevê-la como a maior cidade, a mais rica, mais
poderosa de todas, o que o Coliseu, como um símbolo, atestava. Em 80 d. C. já
estava pronto, mas Vespasiano não viveu para vê-lo, morrendo de causas naturais
um ano antes (portanto, 79 d. C.).
TITO
A cerimônia de inauguração
veio de seu filho e sucessor, Tito. Os romanos lotaram o Coliseu por 100 dias
seguidos para ver todo tipo de carnificina imaginável. A batalha dos
gladiadores eram uma das programações principais do dia, eram um espetáculo e
competiam popularidade com as batalhas navais que ocorriam dentro do próprio
Coliseu! Seriam usados, possivelmente, os canais de água para o lago artificial
que Nero havia construído. Embora as batalhas navais tenham sido um triunfo da
engenharia, em 10 anos perderam espaço por conta de uma reforma no coliseu que
iria revolucionar os jogos: uma substrutura de dois andares abaixo da arena
chamada ‘hipogeu’, onde um sistema de elevadores e alçapões faziam surgir,
repentinamente do solo, animais e homens armados para atacar indivíduos
distraídos. Era o apogeu do poder Romano. As próximas gerações usariam esse
poder para criar coisas ainda mais ousadas.
Foi Tito quem deu cabo a uma
empreitada de seu pai e, quando ainda general, destruiu Jerusalém em 70 d.C.,
como havia profetizado Jesus (Mateus 23:37-38; Marcos 13:14). Chalita, com
brilhante lucidez, expõe a problemática geral que levou Roma a atacar os
judeus: “Apesar da tolerância de Roma às práticas religiosas e às tradições
culturais dos povos conquistados, nem todos aceitaram pacificamente a
dominação. A região da Judéia, entre o mar Mediterrâneo e o deserto da
Jordânia, anexada como protetorado nos tempos de Augusto, se destacaria pela
resistência ao domínio romano. Era habitada pelos hebreus havia mais de mil
anos, que a consideravam sua ‘terra prometida’, pois, segundo a tradição desse
povo, Jeová (de Yahweh, ‘Deus, em hebraico) teria designado a Abraão, um dos
patriarcas bíblicos, aquela região como a terra sagrada onde estabeleceria seu
reino. Povo monoteísta, fortemente arraigado a tradições religiosas, os judeus
esperavam o Messias, o libertador e salvador de Israel apontado por Jeová,
convicção difundida pelas revelações de seus profetas na Bíblia” (CHALITA, p.
90)*.
TRAJANO
No final do século I AD, o
império romano se estendia, horizontalmente, de Portugal à Pérsia e, verticalmente,
das Ilhas Britânicas ao Egito. 50 milhões de pessoas de culturas diferentes
eram leais a um imperador, que sempre fora italiano, até o ano de 98 d. C.,
quando um estrangeiro assumiu o governo do império. Seu nome, Trajano (98 – 117
d. C.). Trajano era um guerreiro ambicioso, da província espanhola que, por
suas conquistas militares, despertou a atenção do imperador, de saúde
decadente, Nerva. Sem descendentes, Nerva adotou Trajano como filho e herdeiro.
Para provar lealdade ao povo da capital, precisava recorrer ao seu senso de
supremacia. Os romanos pensavam alto, grande, longe. O tamanho do império, dos
monumentos criados, as ambições de seus governantes... pensar alto era uma
característica tipicamente romana. Trajano, então, começou a trabalhar em
obras, dentre as quais estão um dos últimos aquedutos; a reparação de estradas;
e criou novos banhos públicos sobre as fundações da casa de Nero. Tudo isso,
evidentemente, demandava muito dinheiro, o que, em termos romanos, significava
que teria de obter mais conquistas. Decidira, pois, cerca de 100 d. C.,
conquistar a Dácia (região que hoje engloba a Romênia e a Hungria), que se
defender dos romanos a séculos. 7 anos depois (107 d. C.), os dácios se
renderam. Muito ouro foi saqueado da nova província. Trajano foi quem mais
estendeu o tamanho do império Romano, conseguindo, com isso, mais espólios que
qualquer outro e, portanto, tendo muito dinheiro à disposição.
O Fórum era o centro de
encontro do povo, onde se discutia política, se vendiam coisas, se reunia
[semelhante, talvez, à Ágora dos gregos], onde acontecia a vida pública. Era,
pois, muitíssimo movimentada. A cada tempo, como Roma era a capital do mundo, a
cidade crescia mais e mais. Trajano resolveu construir o maior fórum de todos
os tempos. O engenheiro responsável era ‘Apolodoro de Damasco’, um arquiteto
grego que havia projetado pontes para Trajano durante as batalhas contra a
Dácia. Tinha que lidar com o desafio da falta de terreno para abrigar a ambição
de Trajano. Em 112 d. C. o Fórum de Trajano estava pronto, com bibliotecas, e
uma basílica para as atividades forenses. Este Fórum ficou de pé por 700 anos e
a maior parte sucumbiu a um terremoto no século IX. Sobreviveu um mercado, de
seis andares, na encosta da colina, com mais de 150 lojas com calçados e
objetos de arte sendo vendidos. É possível que vendessem artigos de várias
culturas do império e, quiçá, até de fora dele.
As proezas na engenharia e
suas conquistas militares fizeram com que Trajano tornasse-se um dos mais
populares imperadores da história de Roma.
ADRIANO
Entretanto, o próximo
imperador teria a árdua tarefa de proteger tão vasto território conquistado.
Para tal fim, construiu uma barricada enorme para separar o império romano dos
bárbaros. Após sua morte, em 117 d. C., o controle do império passou a seu
filho adotivo, Adriano, já que não tinha filhos biológicos. Adriano reinou de
117 a 138 d. C.
Adriano, como Trajano, era um
habilidoso guerreiro. Adriano percebeu que o império não conseguiria manter por
muito tempo seus limites, suas fronteiras. Quanto mais fossem estendidas, menos
dinheiro haveria para defende-las. Assim, ele não buscou conquistar mais
territórios, mas manter o que já tinham. Um exemplo dessa política de Adriano
pode ser visto no norte da Britânia, onde bárbaros residiam. Havia a ideia de
que era preciso haver soldados disciplinados em toda parte, o que garantiria o
império e, para isso, era preciso combater a ociosidade nos soldados. Adriano,
pois, colocou seus soldados num empreendimento. Construiriam um muro de defesa
de mais de 100 km! Hoje temos apenas as fundações da muralha de Cláudio. Mas a
muralha tinha quatro metros e parapeitos que adicionavam mais dois metros,
rodeada por um poço de 3 metros! Assim, os invasores teriam de escalar 9
metros! E, se passassem pela muralha e pelos soldados, ainda teriam que passar
a vala, um poso de trinta e seis metros que corria de fora a fora. Eram
necessários de 15 a 25 mil homens para o trabalho. A cada um quilômetro e meio
havia um forte que abrigava 60 soldados.
Entre os fortes haviam duas torres menores onde os sentinelas vigiavam
constantemente. Ao longo da muralha haviam 17 superfortes, que abrigavam até
1000 soldados. O forte continha casas, pátios, locais de banho e afins, e logo
cidades surgiram próximas para atender à demanda dos soldados por suprimentos e
demais artigos. Em 5 anos a barreira estava completa. Mas o verdadeiro poder da
muralha era psicológico. A fachada imponente e interminável indicava o poder do
império Romano. Um dos historiadores do documentário compara a muralha de
Adriano com o muro de Berlim pois buscava controlar a mistura das pessoas, que
tornaria a situação incontrolável.
Em 126 d. C. Adriano volta à
Roma e cria mais uma das maravilhas da engenharia romana. Ele queria deixar sua
marca em Roma. 150 anos atrás Augustus Otávio tinha transformado a cidade de
alvenaria numa cidade de mármore, e Adriano queria um legado na engenharia
igualmente memorável. Ele decidiu reconstruir o templo incendiado, datado da
época de Augustus [#DÚVIDA: Incendiado no ‘acidente’ de Nero?]. O Panteão seria
construído e teria o maior vão aberto de concreto no mundo por 18 séculos! Não
sabemos quem é seu arquiteto! Há hipóteses de que tenha sido o próprio Adriano!
Outra hipótese é Apolodoro de Damasco, o arquiteto do Fórum de Trajano, que era
cético quanto às capacidade arquitetônicas de Adriano, e era corajoso
suficiente para afirmar isso. Assim Adriano forçou-o a se matar quando teria
rejeitado as alterações do projeto que sugerira.
Em 138 d. C., 8 anos após
ordenar a morte do maior arquiteto romano, Apolodoro, Adriano morre de causas
naturais. As duas décadas de seu governo foram a fase mais produtiva da
engenharia romana.
Knight e Anglin dizem que
tanto Trajano quanto Adriano também perseguiram e mataram muitos cristãos
(KNIGHT; ANGLIN, p. 22).
MARCO
AURÉLIO
Pouco depois de Adriano temos
o grande imperador e filósofo estoico Marco Aurélio, que toma o poder em 161 e
reina até 180. O professor Rodolfo Neves, como já observamos, nota que, a
partir do governo de Marco Aurélio a expansão romana desacelera até minguar. É
importante destaca-lo justamente por ser uma figura importante para a
filosofia.
Marco Aurélio também
perseguiu o cristianismo. Teria sido sob seu governo que aconteceu o épico
martírio de Policarpo. Bom, Policarpo era bispo em Esmirna mas acabou
afastando-se das aparições públicas por suspeitar que estava sendo espionado. A
esta altura muitos mártires cristãos já havia morrido. Às escondidas, continuou
a servir a Deus. Mas descobriram onde ele estava e foram lá para o prender.
Knight e Anglin dizem que ele se encomendou a Deus em uma oração antes de sair,
na presença dos soldados. O resto, os mesmos autores nos contam: “Diz-se que o
fervor de sua oração comoveu de tal maneira os oficiais que eles se
arrependeram de ser os instrumentos da captura. Montaram-no num jumento, e
trouxeram-no para Esmirna, onde estava reunida uma grande multidão para
celebrar a festa dos pães asmos. Por consideração pela sua idade avançada e
pela sua sabedoria, Nicites, homem de grande influência, e seu filho Herodes,
oficial da cidade, foram ao seu encontro e, fazendo-o entrar no seu carro,
instaram com ele par que assegurasse a sua liberdade, tributando honras a César
e consentido em oferecer sacrifício aos deuses. Ele recusou-se a isto e, por
esse motivo, foi empurrado do carro com tal violência abaixo que na queda
torceu uma coxa. Mas o velho servo de Deus continuou pacificamente o seu
caminho, sem se perturbar com a rudeza de Herodes, indiferente aos gritos da multidão
que, no seu ódio, empurrava-o de um lado para outro; e deste modo chegaram à
arena” (KNIGHT; ANGLIN, p. 23-24). Sob julgamento é que temos a parte mais
triste mas que consideramos uma das mais emocionantes já registradas: “quando o
cônsul, comovido com o seu aspecto venerável, pediu-lhe que jurasse pela alma
de César, e disse: ‘Fora com os ímpios!’ o velho mártir, apontando para os
bancos cheios de gente, repetiu com tristeza: ‘fora com os ímpios!’. ‘Jurai’,
disse o governador, compadecido, ‘e eu vos mandarei embora. Renegai a Cristo.’
Mas Policarpo respondeu com brandura: ‘Tenho-o servido durante oitenta e sete
anos, e nunca Ele me fez mal. Como posso eu agora blasfemar contra o meu Rei e
Salvador?’. ‘Jurai pela alma de César’, repetiu o governador ainda inclinado à
compaixão, mas Policarpo respondeu: ‘Se julgais que hei de jurar pela alma de
César como dizeis, e fingis não saber quem eu sou, ouvi a minha confissão
livre: sou cristão; e se desejais conhecer a doutrina do cristianismo, concedei-me
um dia para falar-vos e escutai-me’. O governador, notando com inquietação o
clamor da multidão, pediu ao ancião que abjurasse sua fé, mas Policarpo se
negou a fazer isso. [...] ‘Tenho à mão animais ferozes’, disse o governador,
‘lançar-vos-ei a eles, se não mudardes de opinião’ – ‘Mandai-os vir’, disse
Policarpo tranquilamente. [...] e sua tranquila intrepidez exasperou o
governador, que por esse motivo ameaçou queimá-lo, mas o intrépido Policarpo
respondeu: ‘Ameaçais-me com fogo que arde por um momento, e depressa se apaga,
mas nada sabeis da pena futura, e do fogo eterno reservado aos ímpios’”
(KNIGHT; ANGLIN, p. 24-25). Bom, acabou-se a paciência do governador que mandou
queimá-lo. Conta-se que as chamas não o tocavam! Então mataram-no a espadada
mesmo. Deveras emocionante a história desse mártir, não?
CARACALAS
Quase um século depois, um
imperador encomendou uma das últimas grandes construções de Roma, e provocou a
queda e destruição do império romano.
Nas décadas que se seguiram o
governo de Adriano, Roma manteve-se hegemônica e proeminente na Europa, Norte
da África e Oriente Médio. Seus imperadores detinham autoridade absoluta, seus
exércitos permaneciam invencíveis e seus arquitetos continuavam a impressionar.
Sua maior realização, um complexo imenso de termas romanas, encomendada pelo
corrupto imperador Caracala (211 a 217 d. C.). Caracala ascendeu ao poder à
moda antiga: por meio do assassinato. Seu pai desejava que ele e seu irmão
governassem o império juntos, mas Caracala e Gueta se odiavam e, após a morte
de seu pai era questão de tempo até que um eliminasse o outro e Caracala agiu
primeiro. Caracala matou Gueta na frente da mãe! O Estado tentou erradicar sua
memória, mas vestígios mostraram sua existência e rascunhos comprovaram. O
império, pois, voltara às mãos de um tirano que governava pelo medo. Ele se
considerava acima dos homens, na esfera dos deuses.
Caracala queria deixar um
legado que lhe renderia fama eterna, como o Panteão de Adriano; o Fórum de
Trajano ou o Coliseu de Vespasiano. Para ‘compensar’ seus pecados, construiu um
complexo de termas. As termas estava no cotidiano romano a séculos. Prédios com
piscinas de águas quentes e frias. Mas eram mais do que lugares para se banhar.
Eram como se fossem clubes, para todas as classes. Haviam, neles, muita
liberdade e promiscuidade. Havia horários separados para atender homens e
mulheres. Era um lugar público, portanto, grátis. Lá podiam malhar, se
produzir, ir às saunas... etc. Eram, pois, projetos populares entre os
imperadores que buscaram deixar termas extravagantes como herança de seu nome.
Caracala queria superar a todos e criou um superclube com piscinas ‘olímpicas’,
restaurantes e até bordéis! Acomodava confortavelmente quase 2000 pessoas de
uma só vez! As termas de Caracalas foram inauguradas em 216 d. C., e foram uma
das últimas obras magníficas do império romano. Ali toda a tecnologia adquirida
pelos romanos estavam juntas para produzir aquele monumento.
Embora as termas de Caracala
tenham sido um sucesso, seu reinado não teve a mesma fama. Exauria os cofres
públicos com as termas e com as invasões à Pérsia e Armênia que não eram
governadas por um imperador romano desde Trajano (98-117 d. C.), um século
antes. Caracalas queria obter as mesmas vantagens que Trajano nas conquistas.
Após 6 anos de reinado cruel, Caracalas foi esfaqueado por seus guardas numa
campanha no oriente (portanto, reinou de 211 a 217 d. C.). No mesmo ano um
incêndio destruiu o Coliseu. 20 anos depois foi reconstruído, mas a capital
nunca se recuperou para viver seus dias de glória, obtidos na época de
Augustus, Vespasiano e Trajano.
DIOCLECIANO
Em 285 Diocleciano surge para
lidar com a instabilidade militar e econômica do vasto império. “A saída foi
dividir o Império em duas áreas administrativas, governadas por dois
imperadores: o Império Romano do Oriente, com sede na Turquia, que coube a
Diocleciano, e o Império Romano do Ocidente, com sede na Itália, que foi
delegado a Maximiliano. Subordinados a Diocleciano e a Maximiliano, forma
nomeados dois outros imperadores para cuidar das regiões da Hispânia, Gália,
Bretanha, Ilíria, Macedônia e Grécia” (CHALITA, p. 94). É importante observar
que, virtualmente, Diocleciano ainda era o chefe máximo do Estado. Maximiliano
se lhe submetia. Foi, pois, Diocleciano o responsável por essa Tetrarquia.
Diocleciano foi um grande
perseguidor da Igreja. No seu reinado quatro editos com esse intuito foram
redigidos. Knight e Anglin nos falam sobre: “o primeiro ordenando a destruição
de todas as igrejas e dos escritos sagrados – edito este sem dúvida instigado
pelos filósofos; o segundo, determinando que todos os que pertencessem às
ordens clericais fossem presos; o terceiro, declarando que nenhum seria solto a
não ser que consentisse em oferecer sacrifício; e o quarto mandando que todos
os cristãos em qualquer condição em toda parte do império, oferecessem
sacrifício e voltassem a adorar os deuses, sob pena de morte em caso de recusa”
(KNIGHT; ANGLIN, p. 49).
CONSTANTINO
Podemos começar com os dados
biográficos que Knight e Anglin nos oferecem: “Nasceu na Grã-Bretanha, e
dize-se [sic.] que a sua mãe era uma princesa britânica. Depois da morte de seu
pai que foi muito estimado pela sua justiça e moderação, as legiões romanas
estacionadas em York saudaram-no como César e vestiram-no com a púrpura
imperial. Apesar de Galeriano se ofender com esta aclamação, ele não estava
preparado para se arriscar numa guerra civil, opondo-se a ela; e portanto
ratificou o título que o exército dera a seu general, e concedeu-lhe o quarto
lugar entre os governadores do Império. Durante os seis anos que se seguiram
administrou Constantino a Prefeitura da Gália com uma perícia notável, e ao fim
desse tempo tomou posse do todo o império romano, visto que Maximínio e
Galério, no intervalo, tinham morrido. Apenas restava agora um competidor ao
trono, Maxêncio” (KNIGHT; ANGLIN, p. 53). Ele é proclamado Augusto por seu
exército em 306 e, em 312, enfrenta uma batalha terrível contra Maxêncio, a
chamada ‘batalha da Ponte Mílvio’, para ver quem realmente assumiria o cargo de
imperador no Ocidente. Ferreira e Myatt nos contam como foi: “Durante a batalha
da Ponte Mílvio, que ocorreu em 28 de outubro de 312, Constantino afirmou ter a
visão de que, se ele se tornasse cristão, venceria o exército de seu inimigo,
Maxentius, na disputa pelo controle da metade ocidental do império. Constantino
assumiu o cristianismo e venceu um exército que, segundo alguns, era superior,
na proporção de quatro para um! [...] Segundo se conta, enquanto Constantino
olhava para o sol que se punha, teve uma visão das letras gregas XI (Chi-Rho,
as primeiras duas letras de Cristo [e, grego) entrelaçadas com uma cruz, que
lhe apareceram enfeitando o sol justamente com a inscrição In Hoc Signo Vinces
– que, traduzido do latim, significa ‘sob este signo vencerás’. Constantino deu
ordem para que o símbolo passasse a fazer parte dos escudos e estandartes de
seu exército” (FERREIRA; MYATT, p. 921-922).
Depois da vitória,
Constantino declara-se cristão. William Smith crê que ele teria se convertido
de fato: “Continuou a chamar-se de Pontifex Maximus’ (sumo sacerdote). Matou a
esposa, o filho e Licínio, seu cunhado. E não resta dúvida, motivos políticos
pesaram bastante na sua relação com a Igreja. Mas, há outras indicações de que
sua conversão foi genuína” (SMITH, p. 110). Não estamos tão seguros disso,
pois, Chalita nos informa que “Constantino instalou uma monarquia autocrática,
reunindo amplos poderes em suas mãos e, apesar de se professar cristão, não
aboliu o luxo na corte imperial nem o privilégio de ser cultuado como um deus” (CHALITA,
p. 95). Para piorar o ‘quadro de acusações’, Ferreira e Myatt nos dizem que
“Constantino nunca se submeteu, sob nenhum aspecto, à autoridade pastoral da
igreja. Ele contava com conselhos de bispos influenciados pelas ideias de Ário,
mas sempre se reservou o direito de determinar, ele mesmo, suas atitudes
religiosas, pois se considerava o ‘bispo dos bispos’” (FERREIRA; MYATT, p.
922).
A propósito, em falar em
Licínio, podemos falar um pouco mais dos atos políticos importantes de
Constantino. “Com Licínio no leste, ele publicou, em 313, o ‘Edito de Milão’,
pelo qual o cristianismo foi declarado uma ‘religião legal’ (religião lícita)”
(SMITH, p. 109). O cristianismo, que fora perseguido severamente no decorrer
dos três últimos séculos, agora não era mais proibido. Por que Constantino
tomou essa atitude? Bom, os imperadores que o antecederam tentaram eliminar o
Cristianismo com todo tipo de perseguição possível. Matava-os, levava-os como
espetáculo sangrento no Coliseu e muitos outros atos de violência. Mas os
cristãos não abandonavam sua fé. Pelo contrário, preferiam o martírio. “E
muitos que tinham se apostatado nas perseguições, arrependeram-se e voltaram
para a Igreja. Enfim, a Igreja cresceu como nunca antes!” (SMITH, p. 108).
Smith prossegue “As perseguições, portanto, não somente fracassaram, mas ainda
aumentaram o problema. O império tinha de exterminar o cristianismo, ou
elevá-lo à religião do império. Não conseguiu a primeira alternativa, só restou
a segunda” (SMITH, p. 109). Seguiu-se, pois, o velho ditado: ‘se não pode
vencê-lo, junte-se a ele’ e Constantino, junto a seu cunhado, assinam o Édito
de Milão.
Mas sua ambição não
terminava. Dissemos que ele matou Licínio, seu cunhado. Licínio era o imperador
do Oriente. Constantino queria ser o imperador máximo de Roma. Ferreira e Myatt
nos informam que “em 324, depois de vencer outro rival – Licínio [o primeiro
foi Maxêngio] – que era o imperador da metade oriental do império, Constantino
se tornou o único imperador romano” (FERREIRA; MYATT, p. 922).
Seguindo ao quadro de ações
importantes adotadas por Constantino, ele “convocou o Primeiro Concílio
Ecumênico, que se reuniu em Nicéia, Nicomédia, em 325 d. C.” (HODGE, p. 341).
Charles Hodge ainda nos explica os motivos para tal concílio: “Remediar a
confusão que prevalecia no uso de várias palavras importantes em discussão
sobre a doutrina da Trindade. Condenar erros que haviam sido adotados nas
diferentes partes da Igreja. Elaborar uma declaração da doutrina que incluísse
todos os elementos bíblicos e satisfizesse as convicções religiosas da massa
dos crentes” (HODGE, p. 341). Podemos dizer que é a partir desse momento que
temos a Igreja como uma instituição, uma organização oficial, embora alguma
espécie de organização já se veja descrita no texto sagrado, no livro de Atos
dos Apóstolos (cf., e. g., Atos 15:1-35). Mas, em geral, era uma ‘seita
judaica’, que vivia esgueirando-se no império romano. Também não havia um
predomínio de Roma, como pretendem alguns. A isso Ferreira e Myatt acrescentam:
“O Concílio de Nicéia, ocorrido em 325, reconheceu três bispados como
proeminentes: as igrejas de Alexandria, Roma e Antioquia*” (FERREIRA; MYATT, p.
923).
O nome ‘Constantinopla’, nos
informa Chalita, surge quando, “em 330 [Constantino] escolheu a cidade de
Bizâncio – um antigo porto grego, na península do estreito de Bósforo, ponto
estratégico de rotas de comércio entre a Ásia e a Europa – como a capital
oriental do Império, batizando-a de Constantinopla (atual Istambul)” (CHALITA,
p. 95).
TEODÓSIO
Knight e Anglin, novamente, é
quem nos dá informações biográficas: “Depois da morte do seu tio, o imperador
Valente (um grande partidário de Ário), Graciano ficou como o único governador
do império, mas, sentindo-se incapaz de suportar o peso de ansiedade inerente a
esta nova responsabilidade, determinou investir com a púrpura imperial Teodósio,
um espanhol de nascimento nobre. Era este o filho do general Teodósio, que
tinha prestado bons serviços na Bretanha, durante o reinado de Valenciano,
reprimindo as incursões dos pictos e escosses; e Graciano tinha toda confiança
na sua energia e habilidade” (KNIGHT; ANGLIN, p. 64).
Chalita credita a ele a
separação do império: “Roma e Constantinopla mantiveram-se como capitais até
que, em 395, o imperador Teodósio oficializou a separação dos dois Impérios”
(CHALITA, p. 95). Ao passo que o Império Ocidental sofria de todas os problemas
mencionados, o Império Oriental ia muito bem, e sobreviverá praticamente por
quase toda a Idade Média.
Vimos que Constantino
legalizou o cristianismo no império. “Mas o passo seguinte foi dado pelo
Imperador Teodósio ‘o Magno’, em 380: o cristianismo foi decretado como a
religião civil. Daqui em diante, o cristianismo ortodoxo era obrigatório, o
paganismo constituía ofensa política. O paganismo passou a ser perseguido com
zelo renovado, ganhando com isso nem a Igreja nem o império” (SMITH, p. 114).
Portanto, a igreja passa de perseguida para perseguidora. Evidente que temos
conversões que nada tinham a ver com as convicções das pessoas.
Entretanto, Teodósio estava
crendo que servia a Deus em tal empreitada. Aliás, Knight e Anglin nos contam
de sua submissão à igreja a ponto de aceitar a disciplina eclesiástica recomendada
por Ambrósio (340-397) (cf. KNIGHT; ANGLIN, p. 64-66). Parecia, de fato, um
homem crente, apesar dos pesares.
O FIM DO
IMPÉRIO
Will Durant abre-nos uma
janela elucidativa muito impressionante sobre o que acontecia naquele século V
d. C.: “Seja qual for a causa, a riqueza de Roma transformou-se em pobreza, a
organização em desintegração, o poder e o orgulho em decadência e apatia.
Cidades voltaram a fundir-se com o interior sem distinção; as estradas ficaram
sem manutenção e já não ecoavam a agitação do comércio; as pequenas famílias
dos romanos de instrução eram ultrapassadas, em número, pelos vigorosos alemães
sem instrução que cruzavam, ano após ano, a fronteira; a cultura pagã cedeu aos
cultos orientais; e, quase que imperceptivelmente, o império se transformou em
papado” (DURANT, p. 93). Falaremos sobre o domínio católico na Idade Média.
Detenhamo-nos em perceber a fragmentação política e econômica da sociedade
romana. Os bárbaros acabaram por diluir o império ocidental.
Grande parte dos invasores
eram bárbaros germânicos: alamanos, francos, anglos e saxões. São eles que
deram origem ao feudalismo, e deixam algumas características para Roma, como,
e.g., maior ruralização da economia; fragmentação da política, pois eram
tribais e, assim, não tinham uma noção de ‘Estado’; por fim, a ‘relação de
comitatus’, ou seja, uma relação entre o líder bárbaro e os guerreiros. O líder
bárbaro oferecia terra aos guerreiros e os guerreiros ofereciam fidelidade
militar.
Com a queda de Roma, haverá
uma pequena transformação na ‘relação de comitatus’. Ao invés do líder bárbaro
teremos o rei, um nobre proprietário de terras. Os guerreiros serão a nobreza.
Essa relação, no feudalismo, receberá o nome de ‘suserania e vassalagem’.
Em 476 d. C., o último grande
líder bárbaro, Odoarco, invade Roma, governada pelo imperador Rômulo Augusto, e
causa-lhe a queda. Mas o império romano que cai é o império do Ocidente, pois,
como já vimos, em 395 d. C. o império romano foi dividido em dois: império
romano do ocidente e império romano do oriente. O império romano do oriente
continuará existindo como império bizantino. No lugar do império romano do
ocidente, teremos o feudalismo que nada mais é que uma síntese dialética entre
romanos e bárbaros. Os romanos deixam como herança o latim, o catolicismo, o
militarismo, o sistema servil e a lei das XII tábuas (o direito); já os
bárbaros deixam como herança a fragmentação política; a ruralização da
sociedade; e o comitatus.
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* O professor Rodolfo Neves irá demonstrar, a partir daqui e ao longo da Idade Média, que, embora exímio professor de história, é um péssimo teólogo. Ele, por exemplo, nesta parte, desconsidera completamente a doutrina da Trindade. Iremos, portanto, aparando o texto do professor, corrigindo as falhas, quando for viável, ou apontando os erros mais grotescos nas notas de rodapé, cá embaixo. O mais chato é que é isso que ensinam nas escolas.
* O professor Rodolfo Neves irá demonstrar, a partir daqui e ao longo da Idade Média, que, embora exímio professor de história, é um péssimo teólogo. Ele, por exemplo, nesta parte, desconsidera completamente a doutrina da Trindade. Iremos, portanto, aparando o texto do professor, corrigindo as falhas, quando for viável, ou apontando os erros mais grotescos nas notas de rodapé, cá embaixo. O mais chato é que é isso que ensinam nas escolas.
* O professor Rodolfo faz
mais uma leitura míope do Cristianismo, pois nem todos que sofrem irão para os
céus, embora os sofrimentos dos verdadeiros crentes serão, de fato,
recompensados nos céus.
* Aqui há um compêndio de
equívocos. É óbvio que em meras notas não é possível discorrer exaustiva e
peremptoriamente sobre os assuntos. Permitam-nos breve observações. Primeiro, a
valorização do espiritual é antes de Platão, na teologia hebraica (e.g., Salmo
73). Depois, não há um desprezo ao mundo material, já que a proposta
escatológica inclui uma reconstrução deste para ser como ele era antes da
Queda. Por fim, há bases bíblicas para o chamado ‘mandato cultural’, que
compromete o cristão com o cuidado para com o mundo material, com o planeta, e
isso desde o a Queda. Por esses prismas já dá pra ver a ignorância do meio
secular ao olhar para o Cristianismo, e sua ‘crítica espantalho’.
Para não pensar que nossa
crítica se dirige apenas ao professor Rodolfo Neves, podemos citar vários
pontos perfeitamente contestáveis em Gaarder e Chalita. Por exemplo, Gaarder,
no afã de comparar Sócrates e Jesus, esquece-se de que Jesus fazia
reivindicações muitíssimo maiores do que as de Sócrates; que ele não era tão
‘enigmático’ em seus ensinos (exceto nas parábolas), antes, seu ensino é que é
profundo demais; dentre outras dessemelhanças que pretendemos apontar em um
artigo, posteriormente (cf. GAARDER, p. 81-82).
Chalita, por sua vez, diz que
Jesus ensinava “a bondade de um Deus único e pai de todos, indistintamente” e
esse é um equívoco teológico muito comum. Jesus estava longe ensinar que Deus é
o pai de todos. Ele é pai dos que recebem a Jesus (e. g., João 1:12-13; Romanos
8:14-17). Doravante, Chalita diz que os apóstolos saíram a pregar, pelo mundo,
para os judeus exclusivamente: “Com o propósito de divulgar o Evangelho na
Judéia e entre as comunidades de judeus dispersas pelo Mediterrâneo e Ásia
Menor, os apóstolos partiram em várias direções, propagando a fé cristã”
(CHALITA, p. 93). Pensávamos que ninguém mais, após o episódio de Pedro em Atos
10, cometia essa gafe. Chalita também, na mesma página, fala das 14 epístolas
paulinas que compõem o Novo Testamento. Acreditamos já ter dado exemplos o
suficiente. Esperamos a oportunidade de demonstrar, também em um artigo, as
várias gafes que outros, inclusive críticos ao cristianismo, cometeram.
* O professor Rodolfo Neves
pede espaço para analogias. Ele observa que links com políticas contemporâneas
de assistência automaticamente são feitas por muitos. Não seria interessante
abordar isso sem abordar o liberalismo e neoliberalismo de um lado, e o
kennesianismo de outro.
Mas Rodolfo Neves discute o
futebol e a política do ‘pão e circo’, como se o futebol fosse um ópio do povo,
um alienante. Na verdade, o futebol não só aliena o brasileiro, divertindo-o e
tirando-lhe o foco dos problemas políticos, como também lhe confere um
sentimento de superioridade. O que faz o Brasil sentir-se superior até mesmo às
potências europeias: o Futebol. Quando ganhamos a copa de 1958 uma série de
marchinhas enaltecendo o Brasil. O patriotismo, no Brasil, chega a se confundir
com o futebol. Nelson Rodrigues dizia que o futebol é a pátria de chuteiras.
Rodolfo chega a comparar a própria estrutura dos estádios com a do coliseu, e
diz que a linguagem ainda permanece: ataque, defesa, artilharia... etc.
* Rodolfo Neves nota que os
brasileiros sabem que isso não funciona pois, no final da década de 80 fomos
vítimas de um tabelamento de preço feito por José Sarnei e sua ‘brilhante’
equipe econômica.
* Para conhecer mais e
certificar-se do que estamos falando, sugerimos o seguinte vídeo do History
Channel: https://www.youtube.com/watch?v=eax3PNgOri0.
* Antes que soltássemos os
cachorros para cima de Chalita, na página seguinte, ele se retrata a tempo:
“Se, de um lado, a comunidade judaica permanecia unida pelos preceitos ditados
pelos Dez Mandamentos, de outro mostrava bastante dividida quanto à
interpretação sobre a vinda do Messias. Assim, cada facção nutria uma
expectativa diferente: o Messias poderia ser um libertador e vingador impiedoso
com os inimigos ou um mestre dócil, virtuoso e pacificador. Um ponto, entretanto,
era comum a todas as correntes: a fé em um únicos Deus e na vinda de um
redentor. Precisamente esse ponto seria um dos pilares do cristianismo”
(CHALITA, p. 91).
* Para deixa o ponto ainda
mais claro, os autores completam: “E o Concílio de Calcedônia, ocorrido em 451,
deu ao bispo de Constantinopla os mesmos privilégios e honra que ao bispo de
Roma” (FERREIRA; MYATT, p. 923).
REFERÊNCIAS
CALVINO, João. Institutas da Religião Cristã. São Paulo: Cultura Cristã. Vol. 1, 228p. (e-book).
CHALITA, Gabriel. Vivendo
Filosofia. São Paulo: Atual, 2002, p. 304.
FERREIRA, Franklin;
MYATT, Alan. Teologia Sistemática: uma análise histórica, bíblica e
apologética para o contexto atual. São Paulo: Vida Nova, 2007, 1220p.
GAARDER, Jostein. O
mundo de Sofia: romance da história da filosofia. Tradução de João Azenha
Jr. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. 560 p.
HISTORY CHANNEL. Construindo
um Império: Roma. Acessado em 05/04/2014 em:
HODGE, Charles. Teologia
Sistemática. Tradução de Valter Graciano Martins. São Paulo:Editora Hagnos,
2001. 1777p.
KNIGHT, A. E.; ANGLIN, W. História
do Cristianismo. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus,
2 ed., 1983, 352p.
NEVES, Rodolfo. Civilização
Romana – Alto Império. Acessado em 05/04/2014 em:
NEVES, Rodolfo. Civilização
Romana – Baixo Império. Acessado em 05/04/2014 em:
SMITH, William S. Do
Pentecoste até o Renascimento. Patrocínio: CEIBEL, 4 ed., 1984, 342p.
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