sábado, 26 de julho de 2014

Entregar folhetos? Não, muito obrigado...


Este é um daqueles artigos polêmicos. Não pretende-se como, mas é bem possível que se torne por conta do estado das coisas que ele mesmo descreve. Não o seria caso tudo estivesse bem, e, oh, como desejamos que estivéssemos enganados quanto à nossa leitura da situação atual, quanto às coisas que descreveremos...
Bom, o título já nos denuncia. Agora, precisamos fazer algumas ressalvas. A primeira é que não nos furtamos ao ato de proclamar as boas novas de Cristo. Jamais! Longe de nós tal mal! Quem nos conhece sabe que já nos envolvemos nas mais desconfortáveis situações para que pudéssemos ter condições de realizar o chamado ato de 'evangelizar'. Por isso, com temor, investigando nosso próprio coração e averiguando se não há intenção má, declaramos que tal artigo não tem nada a ver com negligência missionária.
Há outra ressalva. Muitos que não têm pretensão alguma de evangelizar adorarão o artigo. Servir-lhes-ão como alento para o ímpio coração. O incômodo de que lhes é devida a obrigação de pregar o Evangelho, e que tal parece se encarnar no ato referido no título deste texto, é lançado às catacumbas e o artigo é estimado com grande louvor. Pois bem, esse parágrafo é para dizer a estes que eles são hipócritas! Longe de mim querer sofrar suas feridas. Colocar o dedo nela é meu intuito, mas não neste artigo. Fiquemos com a frase de Spurgeon: 'Todo cristão ou é missionário ou é um impostor'.
Por fim, não consideramos que todos que entregam folhetos caem em todos os erros que iremos mencionar. Mas é difícil vê-los desassociados de qualquer deles...


Feitas as devidas pré-considerações, vamos ao que interessa. Por que não gostamos de tal prática? Permitam-nos, de modo breve, listar algumas boas razões.

A primeira e mais óbvia delas é a má qualidade dos folhetos. É óbvio que não demandamos nada exaustivo em um mero folheto, e eles têm a vantagem de ser um texto curto que, por tal natureza, principalmente no Brasil, podem ser considerados e lidos. Mas, via de regra, a grande maioria, a maioria esmagadora, dos folhetos que já vimos são muito ruins. Nos níveis mais baixos vemos teologia da prosperidade, mentiras que estão muito distantes de evangelizar, e que só tenderão a decepcionar, quando não criar um grande obstáculo para que alguém aprecie a fé cristã. Alguém que se interessa por Cristo para que ele o deixe rico, ou tão somente cure suas doenças é pouco melhor do que os nove leprosos que buscaram a Jesus para serem curados e nem mesmo voltaram para agradecer. Alguns folhetos anunciam um mágico, alguém para entreter ou satisfazer particularidades triviais e fúteis (ou pelo menos com tais características diante do real significado de Cristo na Cruz), e os que recebem-nos bem dessa forma não são melhores que Herodes e suas tolas expectativas. Se um folheto promete a vida cristã como um mar de rosas, mente e faz um desfavor à causa de Cristo e à alma de quem o leu.
Os folhetos mais inofensivos, contudo, não apresentam de forma adequada a mensagem de Deus para este mundo caído. É certo que Jesus vai levar-nos para o céu; é bem verdade que ele nos consola em nossas dores; não há dúvidas de que ele venceu a morte e ressuscitou! Qual cristão ao ler tais coisas não emitirá um sonoro 'Amém!'? Mas a mensagem de Cristo não pode ser anunciada sem a mais desagradável das notícias: a humilhante realidade de que todos, por sua própria conta, estão perdidos, não importa o quão bons sejam, ou quanto se esforcem para se salvarem. Evangelismo que não comunica ao pecador que ele é justamente isso, pecador, não é e nem nunca foi evangelismo bíblico. Em outras palavras, não é o que Deus disse aos homens...
A propósito, só mais um exemplo para não nos delongarmos muito. 'Salvação'. Dizer em um folheto que Jesus salva é, tampouco, evangelismo. Salva de que, exatamente? Oras, não se pode ver-se resgatado se não se percebe escravo, perdido, condenado... a mensagem de salvação é tão eficiente se comunicada sem isso quanto um belo quadro apresentado a um cego. Quer coisa mais estúpida? Pois então, e há folhetos que são de tal estirpe.
Seja como for, entendemos que a mensagem do Evangelho, embora não demande essencialmente uma teologia sistemática robusta para ser devidamente apresentada, exige mais do que um tweet. Há folhetos mais extensos, e há livretinhos, bem curtinhos, que poderiam dar conta do recado. Seria algo mais viável. E se o dinheiro gasto com folhetos fosse gasto para distribuir boa literatura, gratuita, entre os que desejamos evangelizar?

Mas, vá lá, digamos que você tenha um excelente folheto. E então, estariamos compelidos a seguí-lo em sua entrega? Ainda cremos que não. Tal empresa nos parece, no mínimo, uma irresponsabilidade. A prática evangelística pessoal, responsável, que nos envolve e demanda que nos desgastemos é substituída por um evangelismo fast-food. Entregar um folheto tranquiliza a alma que sabe que precisa evangelizar mas, por uma série de motivos, não o faz. É como evangelizar 'de longe' [quando se pode evangelizar de perto]. Encaixa-se perfeitamente naquilo que J. I. Packer chama de 'evangelismo impessoal' em sua excelente (e curta) obra chamada 'A Evangelização e Soberania de Deus'.
Poderiam nos perguntar, então, afinal de contas, o que raios queremos. Seria apenas o evangelismo via púlpito o que nos parece correto? De modo algum, embora consideremos o púlpito uma oportunidade singular. Bom, para responder a tal inquietação indagativa, gostaríamos de olhar para os imperativos do próprio texto denominado 'a grande comissão'. Lá Jesus ordena que devemos fazer discípulos, ensinando-os a guardar tudo que ele ensinou. Certo. Perguntamos, então, se o 'panfleteiro de Jesus' está apto para tal labor. Ele consegue ensinar o que Cristo ensinou? É claro que é uma tarefa da Igreja, e o mais sossegado é, pois, terceirizá-la. 'Os teólogos da Igreja que vão ensinar isso. Eu não! Sou apenas o apresentador inicial do programa...'. Ótimo, não notaram a deficiência? Este alguém não é um discípulo... um discípulo aprendeu e, se de fato o fez, pode passar adiante. Não é preciso competências pedagógicas para tal. Estamos falando de ensinar os rudimentos da fé cristã, que, embora não sejam tão prolongados, não cabem em um folheto. Bom, a primeira tarefa para o evangelismo responsável, pois, parece-nos a dedicação mínima aos estudos teológicos. Não se assustem com tal expressão, como se falássemos de escolasticismo, de abstrações teóricas tão etéreas que escapam ao João Lavrador de Spurgeon. Não propomos que todos sejam exímios teólogos (aliás, seria ótimo). Sabemos que há mãos, pés e pâncreas no corpo... Mas, depois de algum tempo na igreja não haver qualquer progresso, há, certamente, algo muito errado. É bem possível que a Igreja não dê a educação teológica necessária, mas, sinceramente, quem quer e se interesse, aprende. Não somos melhores do que ninguém, e nos convertemos em um ambiente nada estimulante aos estudos... mas, convenhamos, temos internet e um bom número de materiais na rede. Quem quer, vai atrás. Há algo mais deleitoso à alma regenerada do que conhecer mais a Deus? Muito do evangelismo responsável é preterido justamente pela recusa em aprender. Demanda tempo. Gasta tempo. Não é muito confortável. Para entregar folheto não é preciso suar tanto...

Roger Greenway, no 'Ide e fazei discípulos', bem como muitos outros autores, observam que o evangelismo da Igreja primitiva se dava de muitos modos, mas temos de destacar um em particular, que é a nossa proposta. Se de fato queremos evangelizar, não nos falta campo. Temos certeza de que cada um dos
panfleteiros têm ao menos um amigo ou colega a quem poderiam compartilhar a bendita mensagem de forma mais responsável. Isso se dá através da amizade e da demonstração de interesse genuíno. É, também, orar constantemente para que tal empreitada obtenha êxito. Compartilhar o Evangelho dessa forma é uma empresa muito mais rentável e digna. É assim que nos informam ter sido muitíssimo da prática missionária da igreja 'primitiva' (exaurindo a pejoração do termo, para os desavisados).
Há mais objeção da parte do enfadado panfleteiro. Ele poderia dizer que tal prática não alcançaria os que não conhecemos. Mas, ora bolas, é claro que alcançaria! Primeiro, poderíamos dizer que a prática desses parece preterir os que eles conhecem, afinal, entregam folhetos para pessoas nas ruas e desconhecidos, ignorando os que conhecem. Ainda há a réplica de que uma atividade não elimina a outra, o que temos de anuir. Entretanto, ainda somos a favor de acabar com o panfletagem porque a outra prática pode muito bem alcançar êxito onde esta parece imprescindível. Se alcançamos nosso vizinho, é certo que ele conhece pessoas que não conhecemos. E se, de fato, o alcançamos para ser como nós somos, ele irá atrás dos que conhece.

Um último recurso, uma última objeção, ainda precisa ser considerada. Alguém pode apresentar algum exemplo de alguém que se converteu por conta de um folheto. Bom, para começo de conversa, achamos muito improvável que um folheto, por si só, ofereça as informações necessárias para tal. Na melhor das hipóteses ele sugere algo, e desperta lembranças de outras coisas que podem levar à 'decisão por Cristo'. Pois bem, mesmo que assumamos tal possibilidade, ainda assim insistimos para que a Igreja abandone os folhetos. Diante do que argumentamos, ainda parece-nos muito mais viável que se gaste o tempo em projetos mais adequados e eficientes.
E ainda que pensemos no argumento, em si, constatamos que é fútil, bobo. Se alguém, algum dia, se converteu por ter lido um fragmento de uma Bíblia jogada ao chão, não significa que devemos rasgar nossas Bíblias e distribuir suas porções pelas ruas da cidade.

CONCLUSÃO

Onde queremos chegar com isso? Simples: invistam o tempo e o dinheiro dos folhetos de modo diferente. Comprem e distribuam literatura, para o segundo item; e gastem tempo estudando as Escrituras, teologia e afins (em suma, se preparando), e evangelizemos os nossos conhecidos, amigos, colegas e parentes, nem que seja um de cada vez. É tudo questão de remir o tempo, e aproveitá-lo da melhor maneira possível...

9 comentários:

  1. Interessante porém não concorde com algumas conclusões. O autor já inicia dizendo que certamente quem entrega folhetos está associado a algum erro que ele mesmo cita no decorrer dos seu texto. “Por fim, não consideramos que todos que entregam folhetos caem em todos os erros que iremos mencionar. Mas é difícil vê-los desassociados de qualquer deles...”O contexto é muito amplo para que se faça a afirmação de que é difícil estar desassociado desses erros que autor cita. Levando em consideração os vários contextos em que esta prática está sendo empregada.
    Estamos de acordo em relação aos folhetos mal escritos e que apresentam um Jesus diferente do que é. Também estamos de acordo quando ele fala dos folhetos mal escritos, o autor cita os folhetos menos ofensivos reprovando-os de ter uma mensagem incompleta. Logo após dá exemplo do que seria um bom conteúdo: “a humilhante realidade de que todos, por sua própria conta, estão perdidos, não importa o quão bons sejam, ou quanto se esforcem para se salvarem.” E ainda diz que “Há folhetos mais extensos, e há livretinhos, bem curtinhos, que poderiam dar conta do recado.” afirma que: “Seria algo mais viável”. Mas mesmo com este exemplo o autor propõe o abandono da prática da entrega de folheto o que é uma contradição visto que ele mesmo apresentou o que seria um bom conteúdo deixando uma ressalva. Então o abandono da entrega de folhetos fica como sua opinião pessoal e não como uma prova da ineficácia deste.
    Para o abandono da prática o autor vai dizer que a entrega do folheto furta a responsabilidade do discipulado e faz “tranquilizar a alma que sabe que precisa evangelizar mas, por uma série de motivos, não o faz.” O autor generaliza aqui, pegando a falha de alguns e utilizando como regra para o abandono da prática. Porque é responsabilidade fazer o discipulado quando há oportunidade e ir além do folheto quando há oportunidade, mas isso de maneira alguma elimina a entrega de folhetos que contenham o evangelho.
    Em seguida ele nos chama a atenção para o texto da grande comissão, mostrando que o discípulo também faz discípulo ensinando a guardar o que Jesus ensinou. E aqui ele questiona “se o 'panfleteiro de Jesus' está apto para tal labor.” O autor aqui coloca a deficiência das pessoas em ensinar, discipular, dar respostas as indagações como se a culpa fosse do folheto. Vejo que são situações diferentes. Pessoas podem investir no conhecimento e ser um bom discipulador e ainda assim utilizar a pratica do folheto.
    (...)

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  2. (...)Entendo a preocupação do autor em chamar a responsabilidade para que as pessoas tenham um bom conteúdo bíblico e cresça no conhecimento para que tenham o que compartilhar. Porém isso não elimina a distribuição dos folhetos. Que pode ser seguido sim de um discipulado. Ele fala sobre o evangelismo responsável e concordo com um evangelismo que seja responsável, porém isso nada tem a ver com a distribuição de folhetos que tenham bons conteúdos como ele mesmo citou o que seria. Mas finaliza aqui seu argumento dizendo que Para entregar folheto não é preciso suar tanto... mais uma vez o autor generaliza sua colocação ignorando os contextos e a realidade da vasta atuação dos folhetos. Por exemplo: trabalho na região da Amazônia, onde há aproximadamente dez mil comunidades ribeirinhas não alcançadas pelo evangelho, faço pesquisas para detectar onde estas comunidades estão estabelecidas, e por onde passo distribuo folhetos, e quando há oportunidade, compartilho de maneira mais intensa da mensagem, mas quando não há entrego o folheto e peço para lerem. Se ficássemos somente no folheto, se ficássemos uma semana com um projeto de distribuir folhetos em dez comunidades rio acima, enfrentando os perigos que a região proporciona, para chegar e destruir os folhetos para pessoas que nada ouviram não seria válido? Me pergunto o quanto da palavra tem que estar escrito ou sistematizado no folheto. Visto que o evangelho de Deus é poder pra salvar. O quanto desse evangelho tem que ser escrito no papel? Um versículo? João 3:16 pode mudar uma vida? Uma enciclopédia? Se não, não há compreensão? Fico com a afirmação que o evangelho de Deus é poder pra salvar, e um folheto nestes contextos podem e tem mudados muitas vidas e trazido a Cristo.
    Logo o autor nos apresenta um método baseado no livro ide e fazei discípulos, que é de investir no evangelismo no nosso circulo de amigos afirmando que “ Compartilhar o Evangelho dessa forma é uma empresa muito mais rentável e digna.” Aqui mais uma vez digo podemos e devemos fazer isso é mais um método, que não elimina de maneira alguma a entrega de folhetos, que também é digna. Porém ele não é ignorante quanto a isso pois ele mesmo cita que “Ainda há a réplica de que uma atividade não elimina a outra, o que temos de anuir.”Mas ainda assim propõe o término da prática de “planfletagem”.
    E por fim demostra que não crê que a mensagem contida em um folheto pode mudar algo. “Bom, para começo de conversa, achamos muito improvável que um folheto, por si só, ofereça as informações necessárias para tal. Na melhor das hipóteses ele sugere algo, e desperta lembranças de outras coisas que podem levar à 'decisão por Cristo'.” Não quero aqui me delongar mas se ler um pouco mais sobre história de missões verá que isso não é verdade. Cito aqui somente a vida de Adoniram judson que após 12 anos de trabalho e sem nenhum resultado e nenhum convertido ele é convidado a conhecer alguns birmaneses crentes. Mas como conhecer crentes em um lugar onde ele era o único missionário no país? Então ele fica surpreso quando chega pra encontrar o grupo de crentes que se converteu lendo um folheto escrito em birmanês com o título “Quem é o Senhor Jesus” e com versículos Bíblicos. E ainda por sinal mal escrito devido os limites da tradução, mas eles entenderam e se entregaram a Cristo. E esses folhetos Adorinam os havia escrito em seu primeiro ano de ministério. Em seu primeiro ano de trabalho, fez o folheto, distribuiu ninguém ligou pro folheto, 12 anos depois pessoas encontram o folheto leem o folheto e se entrega a Jesus. Havia ali uma breve explicação e alguns versículos, simples assim. Só um exemplo não de poucos fatos de vidas alcançadas através de folhetos. Então me coloco a favor do folheto visto que sim é um meio a ser utilizado.
    (...)

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  3. (...)Mas esta não é a posição do autor que diz que mesmo que o folheto traga um bom resultado o aconselha a igreja a não praticar “mesmo que assumamos tal possibilidade, ainda assim insistimos para que a Igreja abandone os folhetos.” E por ultimo aqui o autor diz “Se alguém, algum dia, se converteu por ter lido um fragmento de uma Bíblia jogada ao chão, não significa que devemos rasgar nossas Bíblias e distribuir suas porções pelas ruas da cidade.” É lógico que ninguém fará isso em um contexto onde chove Bíblias de todas as versões, porém em outros contextos isso é o que acontece no dia a dia, porções da palavra são rasgadas e distribuídas. Conheço um contexto aqui mesmo em uma comunidade que as pessoas chegaram a cristo por meio de 20 paginas que receberam da Bíblia. Mas há lugares que pessoas recebem uma página, como nos países perseguidos por exemplo. Não estou defendendo aqui a distribuição de partes de Bíblia, só mostrando que há contextos e contexto. E há contextos em que o folheto é um excelente meio. Como é aqui no caso de aproximadamente 10 mil comunidades ribeirinhas, em que um folheto bem escrito poderia mudar vidas. Vejo a necessidade me esforço aqui em compartilhar. Mas não pesa minha consciência em momento algum de estar furtando este povo da mensagem, quando deixo um folheto.
    Na conclusão o autor encoraja mais uma vez o abandono da prática da entrega de folhetos e o investimento nestes. Para que “Comprem e distribuam literatura, para o segundo item; e gastem tempo estudando as Escrituras, teologia e afins (em suma, se preparando), e evangelizemos os nossos conhecidos, amigos, colegas e parentes, nem que seja um de cada vez.” Digo, façam sim essa segunda parte, e sejam sensatos, porque há oportunidades rápidas que Deus nos dá em que o contexto não permite um diálogo delongado, uma apresentação sistemática, ou um discipulado contínuo, porém permite que você compartilhe da mensagem entregando um bom folheto. Aproveitemos todas as oportunidades, utilizando de todos os métodos conhecidos inclusive a entrega de folhetos. Pois a Palavra é poder, não há limitemos a nossa lógica.
    Grande Abraço mano

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  4. Caríssimo Ademir, meu irmão amado, obrigado pela solicitude em responder-me. É chato, mas terei de discordar de você. Encare, claro, apesar do tom de disputa, como uma resposta cordial e amorosa, vindo de uma alma que, como você, ama a Deus e a sua obra. Sabes, também, quanto amor e confiança tenho para contigo. Dito isso, vamos às réplicas.

    Você disse que: "Mas mesmo com este exemplo o autor propõe o abandono da prática da entrega de folheto o que é uma contradição visto que ele mesmo apresentou o que seria um bom conteúdo deixando uma ressalva", e isso após dizer que eu estava apresentando um conteúdo reduzido do evangelho. Mas não mesmo que aquilo é o evangelho. Aquilo é o início do evangelho, e muita coisa tem de ser dita até mesmo para provar aquela afirmação. Coisas que, por si só, encheriam um folheto e, no final, teríamos uma mensagem incompleta, que é o que venho informando. Só traria confusão...

    "Então o abandono da entrega de folhetos fica como sua opinião pessoal e não como uma prova da ineficácia deste"
    Que é isso, meu irmão? Você identificou o que pensou ser um único erro e já acreditou que todos os demais argumentos se desmoronam juntos? Foi muito cedo para dizer ter sido opinião pessoal...

    "Para o abandono da prática o autor vai dizer que a entrega do folheto furta a responsabilidade do discipulado e faz “tranquilizar a alma que sabe que precisa evangelizar mas, por uma série de motivos, não o faz.” O autor generaliza aqui, pegando a falha de alguns e utilizando como regra para o abandono da prática". Primeiro, é inegável que a prática endossa ou fomenta tal alívio para muitos que, tendo a oportunidade de evangelizar, detêm-se no ato de entregar folheto. A prática pode, potencialmente, surtir esse efeito. E ao dizer que alguns (eu diria que a maioria dos que conheço) o fazem, já concorda comigo sobre esse ponto, a saber, que tal causa potencial e apropriadamente produz tal efeito. Daí sigo dizendo que, com tal prática que é DISPENSÁVEL (pois PODE ser substituída por outras), a igreja fornece um subterfúgio para a negligência, e o faz, pois, desnecessariamente. Já um bom motivo para evitar tal prática. Mas, claro, não é conclusivo e não é o único motivo que apresentamos para tal.
    Dissemos, e você bem percebeu, que nem todos os erros do texto se aplicam a todos. Então, é estranho, diante disso, acusar-me de generalização, quando eu já havia declarado que nem todos se encaixam em todos os erros... =S

    "Porque é responsabilidade fazer o discipulado quando há oportunidade e ir além do folheto quando há oportunidade, mas isso de maneira alguma elimina a entrega de folhetos que contenham o evangelho"
    Claro, esse argumento só tem valor quando se pressupõe que um folheto pode conter uma mensagem clara e completa do evangelho. Como você achou ter contestado isso logo no início, afirmar isso agora não foi sem sentido. Mas, como já refutei o ponto, a premissa cai e essa conclusão também. Portanto, primeiro, não há folheto que efetivamente contenha o Evangelho.

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  5. Agora, se observar o resto de nossos argumentos, notará que há duas alternativas perfeitamente compatíveis e que eliminam a necessidade do folheto. Primeiro, digamos que não haja espaço para ampliar o evangelismo e etc. Prova-se a necessidade de folheto? De modo algum! Seria muito mais viável um livreto contendo a mensagem do Evangelho! É muito mais responsável. Claro, além disso, dissemos que ao invés de sair às ruas pregando para desconhecidos, parece muito mais sensato pregarmos para conhecidos, ou de fato conhecermos as pessoas, demonstrarmos nos importar com elas e então ir pregando o evangelho e estudando as Escrituras com elas. Mas isso dá mais trabalho... agora, como não dizer que não é mais responsável? E, quem poderia dizer que não há opções para realizar tal ato? Todos temos amigos, colegas, parentes e afins que podemos investir em amizade e evangelismo.

    "Em seguida ele nos chama a atenção para o texto da grande comissão, mostrando que o discípulo também faz discípulo ensinando a guardar o que Jesus ensinou. E aqui ele questiona 'se o 'panfleteiro de Jesus' está apto para tal labor.'O autor aqui coloca a deficiência das pessoas em ensinar, discipular, dar respostas as indagações como se a culpa fosse do folheto. Vejo que são situações diferentes. Pessoas podem investir no conhecimento e ser um bom discipulador e ainda assim utilizar a pratica do folheto.".
    Meu irmão, se temos plenas condições e competência para ensinar, discipular e etc., pra que entregar um folheto? É gastar dinheiro atoa. Minha indagação e crítica vale para os que apenas entregam o folheto achando estar cumprindo a grande comissão. Não estão. Não estão evangelizando, nem ensinando a guardar tudo que Cristo ensinou. Estão fazendo, na melhor das hipóteses, quase nada, quando, na pior, não fazem 'pontos negativos' (confundindo e afastando). E, ensejo, aos que querem e conseguem seguir em frente, ensinar e discipular, não há necessidade do folheto. Eles são totalmente dispensáveis quando se quer fazer um evangelismo responsável.

    "Entendo a preocupação do autor em chamar a responsabilidade para que as pessoas tenham um bom conteúdo bíblico e cresça no conhecimento para que tenham o que compartilhar. Porém isso não elimina a distribuição dos folhetos. Que pode ser seguido sim de um discipulado"
    A conexão não foi captada. O crente bem discipulado, instruído nas Escrituras, é competente para fazer um evangelismo saudável, e, pois, não precisa, de modo algum, utilizar panfletos. Se ele quer distribuir alguma literatura, que distribua livros bons. Se ele estiver 'sem tempo', que faça o mesmo. Mas, agindo com sabedoria, nos conformes que ditamos de evangelismo, a distribuição de folhetos torna-se completamente supérflua e uma má mordomia dos recursos da Igreja.

    "Ele fala sobre o evangelismo responsável e concordo com um evangelismo que seja responsável, porém isso nada tem a ver com a distribuição de folhetos que tenham bons conteúdos como ele mesmo citou o que seria"
    Tem tudo a ver. O evangelismo responsável elimina a necessidade de entregar folhetos (não vou me delongar porque isso faria o texto ficar mais maçante ainda...).
    Só quero observar, novamente, o pressuposto de que eu tenha apontado um conteúdo resumido e completo do Evangelho. Um erro que parece permear boa parte de seus raciocínios.

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  6. "Para entregar folheto não é preciso suar tanto... mais uma vez o autor generaliza sua colocação ignorando os contextos e a realidade da vasta atuação dos folhetos. Por exemplo: trabalho na região da Amazônia, onde há aproximadamente dez mil comunidades ribeirinhas não alcançadas pelo evangelho, faço pesquisas para detectar onde estas comunidades estão estabelecidas, e por onde passo distribuo folhetos, e quando há oportunidade, compartilho de maneira mais intensa da mensagem, mas quando não há entrego o folheto e peço para lerem. Se ficássemos somente no folheto, se ficássemos uma semana com um projeto de distribuir folhetos em dez comunidades rio acima, enfrentando os perigos que a região proporciona, para chegar e destruir os folhetos para pessoas que nada ouviram não seria válido?"
    Meu irmão, no afã de responder-me, interpretou muito mal minhas palavras (ou eu que não fiz-me muito claro). Quando eu disse que entregar folhetos não é laborioso, quis dizer, o que o resto do texto nitidamente indica, que é mais fácil entregar folhetos do que ter de envolver-se, sentir a dor, explicar, estudar para responder indagações, orar, chorar pela pessoa e etc. Acho que isso é tão claro como o sol. Não há como negar. Simples assim. Lembrando que essa é apenas uma premissa do argumento todo...
    E, só para ressaltar, se entregasse uma literatura melhor e mais abrangente, seria muito mais adequado. Pare de comprar folhetos e compre livretos, Há alguns muito bons! Ou crie você mesmo alguns... mas não pense que entregar folhetos é a única e melhor alternativa que você tem. Isso nos leva ao próximo ponto.

    "e pergunto o quanto da palavra tem que estar escrito ou sistematizado no folheto. Visto que o evangelho de Deus é poder pra salvar. O quanto desse evangelho tem que ser escrito no papel? Um versículo? João 3:16 pode mudar uma vida? Uma enciclopédia? Se não, não há compreensão? Fico com a afirmação que o evangelho de Deus é poder pra salvar, e um folheto nestes contextos podem e tem mudados muitas vidas e trazido a Cristo"
    Esse, sem dúvida, é o pior dos seus argumentos, estimado amigo. Se houve uma situação específica em que Deus, por uma palavra, converteu alguém, então iremos considerar a distribuição de palavras isoladas como meio eficiente para evangelizar? É claro que não! Não estamos aqui discutindo o que Deus pode tornar eficaz para alcançar seus objetivos. É por isso que usei, preferencialmente, 'responsável' ao invés de 'eficaz', porque, embora a eficacia venha de Deus, não nos exime de fazer o trabalho da melhor maneira possível. Por isso, se podemos explicar o Evangelho de forma mais completa e, por que tornou-se tradição, preferimos entregar uma incompleta mensagem, estamos fazendo a coisa de forma desleixada e tola, ainda que não seja nossa intenção.
    Isso leva-me ao que indagou-se no começo. É preciso mesmo que eu liste os pontos ESSENCIAIS à comunicação do Evangelho? Estou certo de que tu sabes. Mas se quiser, posso colocá-los em tópicos (que precisam ser expandidos para serem bem compreendidos mas que você, teólogo, bem os compreenderá).

    "Aqui mais uma vez digo podemos e devemos fazer isso é mais um método, que não elimina de maneira alguma a entrega de folhetos, que também é digna. Porém ele não é ignorante quanto a isso pois ele mesmo cita que “Ainda há a réplica de que uma atividade não elimina a outra, o que temos de anuir.”Mas ainda assim propõe o término da prática de 'planfletagem'".
    Aqui você esqueceu-se de observar meu motivo: 'Entretanto, ainda somos a favor de acabar com o panfletagem porque a outra prática pode muito bem alcançar êxito onde esta parece imprescindível'. É o que venho falando nessa resposta. Não há necessidade. Quando eu disse que não elimina, eu quis dizer que não elimina por necessidade, mas deixei claro, quando não subentendido, que elimina por dispensabilidade.

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  7. "Não quero aqui me delongar mas se ler um pouco mais sobre história de missões verá que isso não é verdade. Cito aqui somente...".
    O que eu disse acima já responde a isso. Se Deus usou uma mula para falar, não devemos esperar que ele faça isso de novo, não é mesmo? Se tivermos condições de aconselhar alguém, aconselhemos. Não digamos: 'ah, ele tem uma mula, ela irá adverti-lo'. Pois bem, retomo o ponto da 'responsabilidade'. Uma explicação mais completa é perfeitamente possível. Então, entre essas duas opções, porque optar pelo meio menos, humanamente falando, competente?

    O próximo parágrafo cai no mesmo erro, e já deve, a essa altura, estar bem chato repetir o mesmo argumentos, mas faz-se necessário. Vamos lá. Deixa-me tomar uma de suas falas: "É lógico que ninguém fará isso em um contexto onde chove Bíblias de todas as versões, porém em outros contextos isso é o que acontece no dia a dia, porções da palavra são rasgadas e distribuídas".
    Ótimo, se a única coisa possível a ser feita, num caso extremo, é distribuir porções das Escrituras pelo chão, então isso legitima a ação como exemplo a ser seguido? Se, para matar a sede de um povo, precisarmos derramar água no chão, iremos começar a adotar tal prática quando podemos entregar um copo ou mesmo furar uma cisterna? Perceba que estamos falando no melhor a ser feito, e, quando a Igreja devota-se a entregar folhetos quando poderia estar fazendo outras coisas mais inteligentes, ela administra mal os seus recursos. Essa é a proposta do artigo. E, claro, para não falar, voltando ao que falei no começo, nos demais problemas que os artigos podem trazer: de fomentar a negligência a causar confusão.

    "porque há oportunidades rápidas que Deus nos dá em que o contexto não permite um diálogo delongado, uma apresentação sistemática, ou um discipulado contínuo, porém permite que você compartilhe da mensagem entregando um bom folheto".
    Eu corrijo sua frase dando algumas alternativas. Pegue o número do celular da pessoa. Pergunte onde ela mora? Ofereça-se para conhecê-la e seja insistente. Se, nada disso for possível, não entregue um folheto. Dê-lhe um livreto, quiçá um bom livro. Será muito mais interessante e responsável...

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  8. Desde que cheguei fico impressionado co. o quanto "street preachers" os pastortoes que vão as ruas com um microfone a um ponto movimentado na cidade pregar o evangelho sao extremamente comuns na Europa. E falar contra é como se eu estivesse falando contra o proprio evangelho. É dificilimo lidar com isso, mas é mera consequencia do qie se tornou hj a cultura europeia: formal, distante e impessoal. triste

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    1. Nem sabia que havia tais pregadores na Europa. Fico com um misto de alegria e tristeza. Feliz por ter ainda pregadores, triste pelo método pouco inteligente... A propósito, onde você está na Europa?

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