FILIPE II
E A MACEDÔNIA
Pois bem, já estamos cientes
de que, depois da Guerra do Peloponeso, Esparta inverteu a situação e passou a
dominar sobre a Magna Grécia, oprimindo como Atenas fazia. Vários conflitos
surgem, então, entre as cidades-Estados. Observamos, no final do artigo sobre
Atenas, que tais ‘guerras civis’, tais conflitos internos na Hélada acabariam
por enfraquece-la. E lá estava alguém que aproveitaria essa situação. Estamos
falando de Filipe II, rei da Macedônia e, futuramente, de seu filho Alexandre o
Grande.
*1Os comandantes atenienses cometeram
um erro estratégico e sofreram a derrota. Atenas fora vencida e submetida a
Esparta. Após isso, Tebas e Esparta foram que se digladiaram pelo domínio da
Grécia. Mas em 359 a. C. um jovem de 23 anos, na Macedônia, tornou-se rei e em
duas décadas reconfiguraria a Grécia. Seu nome era Filipe II, que viveu de 382
a 336 a. C. Os macedônios eram de origem grega também, mas eram considerados
pelos gregos das cidades-estados como incivilizados. Lutaram com bárbaros por
muito tempo, e passaram a ser considerados bárbaros também. Mas em vinte anos Filipe
havia-os organizado e transformado eles em uma verdadeira máquina de guerra*2.
Durant nos informa algo sobre
a formação de Filipe II: “Em sua juventude em Tebas, ele aprendera as artes da
estratégia militar e da organização civil com o nobre Epaminondas” (DURANT, p.
58).
Filipe fez alianças com as
cidades-estados vizinhas e construiu um exército macedônio, tornando a ocupação
militar um ofício integral e treinando-os arduamente. “Seu povo era formado por
vigorosos camponeses guerreiros, ainda não afetados pelo luxo e pelo vício da
cidade: ali estava a combinação que tornaria possível a sujeição de uma centena
de pequenas cidades-estados e a unificação política da Grécia” (DURANT, p. 58).
Entretanto, o ponto alto de Filipe fora uma tropa de engenheiros militares. Filipe
combinava cavalaria com infantaria. O pilar da infantaria era uma formação
chamada ‘falange’, que se tratava de um grupo retangular de soldados que
marchavam muito rápido. Na verdade a ‘falange’ era usada a muito tempo, mas Filipe
II introduziu uma arma longa chamada ‘sarissa’ (uma lança de uns 5 metros), e a
falange tornou-se um tanque de guerra.
Mas era a tecnologia bélica
que tornava Filipe II invencível. Os gregos nunca haviam sido bons em técnicas
de cerco. Cerca de 400 a. C., talvez um pouco depois, eles fizeram um upgrade.
Então os gregos criaram um arco que utilizasse não apenas a força do braço, mas
de todo o corpo. Eram os ‘gastrafetes’. Também criaram a ‘catapulta de torção’.
Criaram um aparelho semelhante a um gastrafetes mas que era montado sobre uma
plataforma, e o chamaram de ‘lança-dardos’ ou ‘oxibeles’. Ele podia perfurar
escudos e armaduras ao alcance de 400 metros! Era o que ainda chamamos de
‘catapulta’, que etimologicamente significa ‘perfurador de pele’.
Durant nos informa sobre a
importante conquista da Trácia em 356 a. C., que “lhe dera o controle de minas
de ouro que de imediato começaram a lhe render uma quantidade do precioso metal
dez vezes maior do que a que chegava a Atenas vinda das decadentes minas de
prata de Lauríon” (DURANT, p. 58).
Em 338 a. C. sua vitória
contra Atenas e Tebas (em conjunto, na batalha de Queroneia) o tornou o
senhor absoluto da Grécia. Mas suas ações após a guerra é que indicariam como
ele governaria as terras conquistas, a despeito de sua reputação de bárbaro. Filipe
deixou os atenienses voltarem pra casa. Convocou um conselho em Corinto e
convidou outras cidades-estados e, diplomaticamente, deixou-as voltar às suas
rotinas.
Filipe afeiçoou-se à cultura
grega ateniense, convidou filósofos à Macedônia e até sua corte falava o grego
ateniense. Ele não queria destruir a Grécia. Antes, queria ser a Grécia. Agora,
como rei da Macedônia e Grécia, estava prestes a realizar seu sonho, sua maior
ambição, que era invadir o império persa. Mas, pouco antes de ir para a Pérsia,
participou de uma celebração pública e, marchando à frente, ‘para provar que
não temia a ninguém’, um guarda-costas avançou e encravou um punhal em seu
peito. Aos 46 anos estava morto o homem que unificara a Grécia. Não sabemos se
fora um assassino solitário ou alguém que fazia parte de uma conspiração. Fora
morto, quando tentava fugir, pelos guardas de Filipe*3. Mas seu sonho de dominar a Pérsia
não esmoreceu-se, antes, fortaleceu-se com seu filho, de então 20 anos,
Alexandre. Este haveria de usar o exército e a tecnologia grega em prol de um
projeto ainda mais ambicioso do que o de Filipe II: transformar o mundo em um
mundo grego.
ALEXANDRE,
O GRANDE
Alexandre vivera de 356 a 323
a. C. Fora um excelente comandante de guerra. Certamente havia herdado um
exército formidável, mas foi um ótimo condutor desse tão competente exército, e
isso mesmo quando era muito jovem.
O professor Holanda nos fala
de uma tentativa, da parte da Grécia, de conquistar independência da Macedônia
por ocasião da morte de Filipe II. Quando os gregos viram que um jovem,
supostamente inexperiente, é quem governava a Macedônia, resolveram digladiar
contra eles em prol de sua liberdade e se deram muito mal. Ninguém imaginaria
que Alexandre tinha a competência que tinha. Foram vencidos.
De onde vinha toda essa
competência de Alexandre? O professor Holanda nota que Alexandre fora um
grande intelectual. Seu pedagogo foi Aristóteles! Pouco antes da batalha contra
os atenienses em Queronéia, Filipe II havia convocado o grande filósofo para
instruir seu filho*4.
Alexandre, com toda sua informação e formação cultural, percebeu que a
dominação pela força tinha um custo muito alto, envolvia muitas perdas humanas,
e tinha pouca durabilidade. Foi por isso que ele agiu diferente.
Aliás, a respeito da formação
intelectual de Alexandre precisamos fazer algumas ressalvas. Durant nos fornece
algumas pistas para cogitarmos sobre a mentalidade imperialista presente em
Alexandre serem oriundas de seu pai. Vejamos uma citação do historiador:
“Filipe não simpatizava com o individualismo que incrementara a arte e o
intelecto da Grécia, mas que ao mesmo tempo desintegrara a sua ordem social; em
todas aquelas pequenas capitais, ele via não a exuberante cultura e a arte
insuplantável, mas a corrupção comercial e o caos político; via comerciantes e
banqueiros insaciáveis absorvendo os recursos vitais da nação, políticos
incompetentes e oradores inteligentes enganando uma massa operosa e levando-a a
tramas e guerras desastrosas, facções dividindo classes, e classes
imobilizando-se em castas: aquilo, dizia Filipe, não era uma nação, mas apenas
uma mistura de indivíduos – gênios e escravos; sobre aquele torvelinho, ele
iria impor a mão da ordem e fazer com que a Grécia toda ficasse unida e forte
como o centro e a base política do mundo. [...] planejava que ele e o filho
deveriam dominar e unificar o mundo” (DURANT, p. 58-59). Portanto, é óbvio que Alexandre
recebera, de herança do pai, a tarefa de unificar a Magna Grécia e, além dela,
todo o mundo conhecido. Mas Durant também credita tal ímpeto unificador a
Aristóteles. Plutarco nos informa que “Durante certo tempo Alexandre amava e
venerava Aristóteles como se ele tivesse sido seu pai; dizendo que, embora
tivesse recebido a vida de um, o outro lhe ensinara a arte de viver” (PLUTARCO
apud DURANT, p. 59). É por isso que Durant sugere: “A história nos deixa livres
para acreditar (embora devêssemos desconfiar desses pensamentos agradáveis) que
a paixão unificadora de Alexandre derivasse algumas de suas forças e sua
grandiosidade de seu mestre, o mais sintético pensador na história do
pensamento; e que a conquista da ordem no reino político, por parte do discípulo,
e no reino filosófico, pelo mestre, não passavam de lados diversos de um único
projeto nobre e épico – dois magníficos macedônios unificando dois mundos
caóticos” (DURANT, p. 59).
Então, em 334 a. C.,
Alexandre liderou seu exército, com mais de 35 mil homens, para combater o
império persa. A Pérsia era uma superpotência que dominava o Oriente Próximo e
a Ásia Menor. Os gregos invadiram pelo hoje conhecido território da atual
Turquia. Mas, no decorrer das invasões, tinha um problema: não tinha esquadra,
e tinha de enfrentar a esquadra marinha dos persas em terra. O fez fazendo
cercos e dominando as bases navais persas.
Entretanto, Durant nos
informa que a influência macedônica na Grécia não era exatamente louvada pelo
povo: “Partindo para conquistar a Ásia, Alexandre deixou atrás de si, nas
cidades da Grécia, governos favoráveis a ele mas populações resolutamente
hostis. A longa tradição de uma Atenas livre e que já tinha sido imperial
tornara a submissão – ainda que a um brilhante déspota conquistador do mundo –
intolerável; e a virulenta eloquência de Demóstenes mantinha a Assembleia
sempre à beira da revolta contra o ‘partido macedônico’ que detinha as rédeas
do poder da cidade” (DURANT, p. 59). Chalita completa o quadro e amplia nossa
compreensão sobre a influência das atitudes de Filipe II e Alexandre, o Grande,
para com a Grécia: “As pólis haviam perdido muito de sua autonomia; antes, as
cidades gregas eram praticamente autônomas, e naquele período tiveram de se
subordinar à dominação macedônia, agora sob a forma de um imenso e poderoso
império. Assim, o espaço público, que no passado era tão valorizado, perdeu
muito de sua importância. Ao mesmo tempo, as conquistas de Alexandre Magno
colocaram os gregos em contato com elementos culturais de diversos povos,
introduzindo na Grécia novos conceitos sobre o mundo e o modo de viver e agir
em sociedade” (CHALITA, p. 73).
Alexandre, então seguia pela
costa do mediterrâneo cercando os portos que resistiam ao seu avanço. A
fortificada cidade portuária de Tiro foi seu maior desafio. A princípio
Alexandre tentou a diplomacia, mas sem sucesso. Tiro era uma ilha um pouco
distante da costa, altamente fortificada. Alexandre não poderia deixar de
vencê-la, pois mostraria ao mundo que não era invencível. Alexandre então
construiu uma espécie de ponte larga e, por fim, promoveu uma Torre de Cerco.
Eram torres cobertas de couro, portanto não-flamejantes, e que tinham oxibeles
e outras catapultas que atiravam contra as muralhas de Tiro. As torres de cerco
ficaram dias atirando contra as muralhas, e ao aproximarem-se os soldados em
cima tentavam derrubar os soldados das muralhas que atiravam contra eles.
Quando uma brecha foi aberta Alexandre desencadeou uma represália e tanto e
venceu a cidade. Alexandre, depois, retoma sua jornada pela Palestina. Cada vez
mais ambicioso, voltou seus olhos para o antigo grande império do mundo: Egito.
Era uma cultura reverenciada por Alexandre. Mas, além da cultura, o Egito tinha
uma produção de trigo essencial para alimentar o império em expansão de
Alexandre. No Egito não houve represália pois não houve resistência. O
proclamaram como filho de Amon, sua mais importante divindade, e como um Faraó.
Fora considerado um libertador. Estava em 331 a. C., tinha lá seus 24 anos.
Alguns observam que ele era extremamente vitorioso, e que as portas se abriam
em sua frente como que por mágica. Então, é possível que ele se considerasse
alguém realmente especial.
No fim do século IV a. C.
temos o florescer de cidades gregas no rastro do exército de Alexandre. Serviam
como centros administrativos mas, principalmente, divulgadores da língua e da
cultura grega. Eram cidades com um modelo básico, divulgadoras da cultura
helênica, i. é., grega, no mundo conquistado.
Em 325 a. C. Alexandre já
havia conquistado terras até a Índia. Legou ao mundo, então, uma herança grega.
Ele fazia com que soldados casassem com mulheres locais e permanecessem como
funcionários do império. Cidades persas, egípcias ou indianas eram
transformadas em cidades gregas. A mistura das culturas, essa cultura híbrida
resultante, ficou conhecida como ‘helenismo’*5. Depois de Alexandre muitos povos
adotaram costumes e língua grega. O professor Holanda amplia nossa compreensão
sobre a helenização. Ele diz que Alexandre adotou o método da mistura cultural,
ou seja, obrigou seus soldados a casarem-se com mulheres locais e ele mesmo
casava-se com a princesa local, com a herdeira do trono, de modo que seu filho
teria direito natural sobre o trono (pois era neto do rei) de modo que não
precisaria usurpá-lo. Com o casamento dos soldados, os filhos recebiam
orientação grega e oriental, de modo que havia um sincretismo cultural. O
helenismo é essa mistura de culturas. Alexandre não desprezava a cultura do
povo dominado. Antes, unia-a à sua cultura. Como a cultura grega era mais
desenvolvida, predominava. A geração posterior não se revoltaria contra a
Macedônia justamente por ser seu descendente. Nem mesmo os príncipes orientais
se revoltariam contra Alexandre, pois eram seus herdeiros. Sem dúvida alguma,
sagaz.
Tal helenização do mundo
conhecido criou um fenômeno novo no mundo, como pondera Jostein Gaarder: “Começou
então uma era completamente nova na história da humanidade. Surgiu uma
comunidade internacional, na qual a cultura e a língua gregas desempenhavam
papel preponderante” (GAARDER, p. 144). Essa comunidade internacional minou, na
Grécia, o conceito de cidade-estado. Este processo trouxe também à Grécia suas
influências e é o mesmo Gaarder quem observa o fenômeno: “Anteriormente,
gregos, romanos, egípcios, babilônios, sérios e persas tinham adorado seus
deuses dentro dos limites de suas próprias religiões. Agora, todas essas
diferentes culturas formam misturadas num caldeirão, por assim dizer, de
concepções religiosas, filosóficas e científicas. [...] Com o tempo [...]
muitas divindades orientais também passaram a ser adoradas em toda a região do
Mediterrâneo. Surgiram várias religiões novas, que tomavam emprestadas de diferentes
culturas antigas suas concepções religiosas” (GAARDER, p. 145). Portanto, o
helenismo iria trazer suas consequências filosóficas irrevogáveis.
A MORTE DE
ALEXANDRE
Em 10 anos Alexandre criara o
palco de domínio da cultura grega. Mas reis morrem, e Alexandre não era uma
exceção. Morreu subitamente. Viajara conquistando, até a índia, durante 13
anos! Tinha um exército formidável, uma tecnologia de ponta e uma habilidade de
angariar lealdade acima do comum. Mas forma 13 anos de marcha, e a lealdade
fora leva ao limite. Rebelaram-se contra ele e recusaram-se a seguir em frente.
Alexandre teve que voltar e parar a expansão de seu território. Voltando da
Índia, pois, preparado para consolidar seu império, em 323 a. C., foi acometido
de uma doença misteriosa. Alguns dizem que fora o resultado das cansativas
viagens, da vida de soldado (e reza a lenda que ele vivia como todos os seus
soldados, no meio deles). Outros dizem que bebeu até morrer. Sempre havia
intrigas na corte macedônica e é uma hipótese que temos que considerar a de que
ele tenha sido assassinado, afinal, seu pai também fora...
Após a sua morte os generais
subsistentes começaram a disputar o império*6. A terra do Egito e da Palestina
pertenceria ao general Ptolomeu I (387 – 283 a. C.) que erigira um império
grego-egípcio que configuraria uma dinastia que duraria 300 anos. Ptolomeu I
fez carreira como comandante militar e conselheiro de Alexandre. Almejava,
agora, a porção mais rica e segura do império e o Egito era a joia da coroa do
mediterrâneo. Os grãos ali produzidos faziam do Egito o celeiro do mundo antigo*7. Ptolomeu I queria assegurar-se
como autêntico rei do Egito e também sucessor de Alexandre. Segundo a tradição
macedônica, aquele que sepultasse o rei garantiria o direito ao trono. Ptolomeu
I, pois, sequestrou o cortejo fúnebre de Alexandro e levou seu corpo,
mumificado, para o Egito para a cidade de Alexandria, fundada por ele 15 anos
antes. Ptolomeu levou o Egito a um alto nível e Alexandria tornou-se a capital
intelectual e científica do mundo grego. Queria ela como uma nova ‘Atenas’.
Alexandria situava-se na costa e era um bom ponto de comércio com outras
cidades no mediterrâneo. Ptolomeu I mandou, pois, que se construísse o primeiro
farol conhecido que podia ser visto a quilômetros pelos navios. Somente uma
pirâmide era mais alta que o farol na época. Dizem que chegava a 91 metros.
Outros ainda lhe atribuem 136 metros! Há rumores de tecnologias com espelhos e
tudo o mais, mas não passam de especulação sem evidência. O mais provável é que
era um farol normal, com luzes de fogo queimado dentro. Durou 1600 anos,
golpeado por ventos, ondas e até terremotos. Em 1300 d. C. terremotos intensos
o derrubaram. Em 1994 mergulhadores descobriram pedras enormes na enseada de
Alexandria e logo constataram a existência do Farol.
Mas Ptolomeu foi mais longe.
Uma empreitada ousada levaria muitas mentes brilhantes para sua capital
cosmopolita: a biblioteca de Alexandria, que alegava possuir mais de 200 mil
livros (outros dizem 500 mil, ou 700 mil!) sobre a cultura e o conhecimento.
Era um lugar destinado aos estudos e à cultura. Ptolomeu pagou caro para
estudiosos e escritores renomados para ali produzirem. Era o maior depositário
de escritos do mundo antigo. Na Biblioteca e Museu (museu não era um lugar de
exposição de arte, mas um centro cultural) de Alexandria que o conhecimento
passou a ser considerado algo a ser acumulado e compartilhado.
Algumas descobertas feitas em
Alexandria, 200 a. C., só seriam aceitas 1800 anos mais tarde. Lá já se dizia
que a terra era redonda e um estudioso calculou a circunferência da terra
errando por menos de um por cento! Um engenheiro na época já usava energia a
vapor 1700 anos antes que alguém imaginasse uma locomotiva.
Reza a lenda, contada pelos
reis ptolomaicos, que quando um navio chegava aos portos de Alexandria era
inquirido se continha algum rolo, algum manuscrito. Se tinha, era levado à
biblioteca e copiado e a cópia era entregue ao proprietário.
Embora Ptolomeu fosse um
grego macedônio, o sucesso de sua dinastia deveu-se à sua assimilação da
cultura egípcia. Sua família adotou costumes egípcios sem hesitar, e seu filho,
Ptolomeu II chegou a casar-se com sua irmã, um costume nas famílias dos faraós
egípcios porque entendiam que uma pessoa divina não podia casar-se com um mero
mortal.
Bom, mas Ptolomeu I não
passava de um humano, como todos os demais reis e faraós, e morreu, de causas
naturais, sem ver todos os seus sonhos para Alexandria se realizar (antes que a
Biblioteca e o Farol estivessem concluídos), em 283 a. C. Mas Alexandria
continuava a florescer como polo cultural sob o governo dos descendentes
ptolomaicos e muitos dos pensadores mais avançados da época saíam de lá.
Não se sabe como nem há
consenso sobre quando, mas a Antiga Biblioteca de Alexandria pegou fogo e
perdeu-se muito do que lá tinha.
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*1 O texto a seguir segue,
basicamente, o documentário ‘Construindo um Império – Alexandre’, do Discovery
Channel. Evidentemente complementamos o texto com outras fontes, indicadas
quando for oportuno.
*2 O professor Holanda acredita que
não eram os Macedônicos que eram fortes, e sim a Grécia que estava
enfraquecida. Acreditamos que as eram as duas coisas que colaboraram para a
conquista de Filipe II. O documentário da Discovery é muito convincente em
provar o poderio militar dos Macedônios.
*3 Vejam como o professor Holanda
apresenta, ainda, outras vertentes para a morte de Filipe II. Ele aponta que
alguns dizem que seus generais, enfadados da centralização do poder de Filipe,
teria o envenenado. Outros dizem que sua própria esposa o teria matado, por
ciúmes. Por fim diz que a versão mais aceita é que o próprio Alexandre teria o
matado. Alexandre, pois, teria antecipado a morte do pai para assumir o trono
da Macedônia. Isso aconteceu (seja qual for a versão), quando ele, Alexandre,
tinha 20 anos de idade.
A versão apresentada pelo
documentário é representada no filme ‘Alexandre, o Grande’, do diretor Oliver
Stone, produzido em 2004.
*4 “Alexandre, quando Aristóteles
chegou, era um rebelde menino de treze anos; ardente, epilético, quase
alcoólatra; seu passatempo era domar cavalos indomáveis pelos homens adultos.
Os esforços do filósofo no sentido de esfriar o ardor daquele vilão que
desabrochava não adiaram grande coisa” (DURANT, p. 59).
*5 Na ‘globalização’ temos um
fenômeno semelhante. Temos uma língua comum, a língua do comércio, que é o
inglês. O professor Holanda amplia esse ponto: O professor Holanda diz que o
ocidente herdou essa metodologia de Alexandre. Por exemplo, hoje vivemos no
imperialismo norte-americano. Somos obrigados a falar inglês; comemos comida
americana; usamos roupas semelhantes... etc. Alexandre, pois, ensinou que a
melhor forma de dominar o povo é através da cultura. O primeiro mundo, pois,
domina o terceiro mundo usando-se apenas da imposição cultural pra tirar a
riqueza do primeiro mundo.
*6 No capítulo IV da obra ‘O
Príncipe’, Maquiavel dedica-se a dissertar sobre Alexandre, o Grande. Ele nota
que é de se estranhar que Alexandre, o Grande, tenha conquistado a Ásia e logo
tenha morrido e, o mais espantoso, que aquele vasto império não tenha se
rebelado e subvertido a ordem estabelecida. Maquiavel nota que os generais
posteriores perderam o poder por ambições pessoais, e não por dificuldades
relacionadas às províncias conquistadas. Maquiavel, pois, tenta explicar o
porquê de o povo conquistado não se rebelar. O que se segue, no capítulo, é
basicamente o seguinte: Bom, todo estado governado por príncipes tem uma dessas
características: ou é governado por um príncipe e servos indicados, ministros
que lhe sejam fiéis (ao menos teoricamente); e príncipe e barões, os quais têm
os últimos lugares próprios sob seu governo. No primeiro caso o povo reconhece
como seu líder apenas o príncipe, e se submetem a seus ministros justamente por
serem seus. Já no segundo caso os próprios barões são considerados e amados, e
seus cargos não são concessões dos príncipes (ao que parece, Maquiavel os vê
como hereditários). No caso dos principados em que o rei é absoluto e o único
estimado haverá muitas dificuldades para conquista-lo, mas haverá grande
facilidade para mantê-lo. No caso de um reino fragmentado haverá mais
facilidade para conquista-lo, e proporcionalmente mais dificuldades para
mantê-lo. Quem assaltar um Estado unificado não poderá contar com desordens
internas nesse, com sedições e subversões. Irá enfrentar a todo o Estado junto
mas, vencendo a batalha e dizimando a dinastia real, não há mais quem o povo
devote amores, e não haverá mais o que temer.
Já o Estado fragmentado
poderá haver desacordos internos e até alianças contra o poder instituído. Mas
conquista-lo gerará muitas dificuldades pois, mesmo que a dinastia real seja
eliminada, permanecem os barões, os ministros. Eles não podem ser eliminados e
o povo sempre se encontra insatisfeito. Até mesmo os aliados na tomada do poder
podem se tornar hostis.
Bom, quanto ao reino de
Dario, era o caso do principado que reconhece apenas um rei. Conquistá-lo foi
difícil para Alexandre. Mas, uma vez desbaratado o chefe máximo e silenciado sua
dinastia, o povo se aquietou e se lhe devotou. Portanto, manter o poder nesses
lugares depende mais de como eram.
*7 O que já havia acontecido nos
tempos de José do Egito, conforme nos conta o texto Bíblico de Gênesis.
REFERÊNCIAS
CHALITA, Gabriel. Vivendo
Filosofia. São Paulo: Atual, 2002, p. 304.
DURANT, Will. A
História da Filosofia. Tradução de Luiz Carlos do Nascimento Silva.
Rio de Janeiro/São Paulo: Editora Record. 4ª ed., 2001, 406p.
DISCOVERY CHANNEL. Construindo
um império – Alexandre o Grande. Acessado no dia 06/05/2014 em: https://www.youtube.com/watch?v=hFpaR1DV2hU
GAARDER, Jostein. O
mundo de Sofia: romance da história da filosofia. Tradução de João Azenha
Jr. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. 560 p.
MAQUIAVEL, Nicolau. O
príncipe. Tradução de Maria Lucia Cumo. São Paulo: Paz e Terra, 15ª ed.,
1996, 140 p.
HOLANDA. Grécia – período
clássico/período helenístico. Acessado no dia 06/05/2014 em: https://www.youtube.com/watch?v=AqZn8mNEKzo
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