sexta-feira, 18 de abril de 2014

As figuras de Mileto

Em Mileto temos três grandes proponentes da filosofia natural: Tales, Anaximandro e Anaxímenes. Vamos explorá-los, brevemente, buscando compreendê-los e identificar suas contribuições para o pensamento filosófico.

TALES

A Tales de Mileto (640-550 a. C.) *, século VII a. C., portanto, foi ‘dada’ a tarefa de dar à luz a filosofia. Ele engendrou algumas reflexões sobre a natureza nos moldes que observamos no artigo sobre a filosofia dos pré-socráticos. Mas antes de vê-lo como filósofo cosmológico, temos de observar que esse pensador envolveu-se em várias outras áreas do saber humano. Como observamos no artigo anterior, o interesse deles extrapolavam o que chamamos hoje de filosofia.
Will Durant diz que ele, antes de filósofo, era um astrônomo, e nessa condição já desafiava a religião grega: “Tales (640-550 a. C.), o ‘Pai da Filosofia’, era primordialmente um astrônomo, que assombrava os nativos de Mileto informando-os de que o Sol e as estrelas (que eles costumavam adorar como deuses) não passavam de bolas de fogo” (DURANT, p. 66). Ainda na qualidade de astrônomo “ele teria previsto um eclipse solar que aconteceu em 585 a. C.*” (CHALITA, p. 32). Segundo Osborne, essa informação é oriunda de Heródoto, e ele teria advertido os Jônios (onde Mileto localizava-se) “sobre o risco de um eclipse solar antes de uma batalha” (PRADEAU, p. 17).
Falando nos Jônios, seu povo, Tales atuou politicamente em sua sociedade e Osborne nos diz que ele era conhecido por sua sabedoria política (PRADEAU, p. 17). Assim Chalita nos informa que “além de se dedicar à filosofia, atuava também na política, trabalhando para que as cidades da Jônia se unissem em defesa de seus interesses comuns” (CHALITA, p. 32).
Era um também um competente matemático tendo realizado feitos de engenharia (“realizou, entre outros, projetos para desviar o curso de rios, para favorecer a irrigação e a navegação” CHALITA, p. 32); e “dizem que certa vez, no Egito, ele calculou a altura de uma pirâmide medindo a sombra da pirâmide no exato momento em que sua própria sombra tinha a mesma medida de sua altura (GAARDER, p. 45). Osborne ainda nos informa que “os geômetras ulteriores lhe atribuíram a paternidade de cinco teoremas, dos quais ele fez talvez uso para fins práticos, por exemplo, para calcular a distância entre os navios no mar” (PRADEAU, p.17). Sproul complementa Osborne dizendo que Tales “desenvolveu técnicas de navegação seguindo as estrelas e criou um instrumento para medir distâncias marítimas” (SPROUL, p. 17).
Outra informação, compartilhada tanto por Gaarder (p. 45) quanto Chalita (p.33) biográfica importante de ser feita é que ele era um ávido viajante. Tal fato fazia-o, segundo a hipótese explorada no artigo sobre a aurora histórica da filosofia, nota 1, estar nas condições ideias para tornar-se um filósofo: além do intelecto aguçado, a curiosidade, o contato com diversas culturas.
Por fim, sumariamente, temos que lembrar que ele reflete “sobre a natureza da vida ou da alma” bem como era conhecido “pela habilidade de investimentos fundados sobre a previsão de um excelente ano de colheita de azeitonas” (PRAEDAU, p. 17-18). Era, pois, um pensador que investigava e refletia numa vasta gama de assuntos.

 Mas temos que destacar suas reflexões físicas e metafísicas. Para Tales ‘tudo é água’, ou seja, a arché procurada na filosofia antiga é a própria água. Assim, podemos classifica-lo como monista corpóreo.


Parece-nos, hoje, um postulado tosco, rudimentar, ingênuo. Mas Sproul nos adverte que “antes de despachar Tales para a terra das lendas e da mitologia, no entanto, temos de conceder-lhe o direito de uma segunda avaliação” (p 17). Ao buscar a arché, e ao pressupor que ela estava em um único elemento, a água era, de fato, uma boa opção. Como não temos seus argumentos, os filósofos têm conjecturado e elaborado alguns argumentos.
Chalita diz que Tales pode ter pensado que a umidade estava relacionada à vida ao notar que “o quente vive com o úmido, as coisas mortas ressecam-se, as sementes  de todas as coisas são úmidas e o alimento é suculento” (CHALITA, p. 33).
Mas os argumentos relacionados à vida não param por aí. Tanto Gaarder quanto Chalita observam que as viagens ao Egito podem tê-lo feito imaginar que a água trazia vida. O que aconteceu: “o filósofo observou as cheias do Nilo: a terra, que era seca e desértica antes das enchentes, tornava-se fértil depois delas” (CHALITA, p.33). Além desse argumento Gaarder pensa em outro: “É possível que ele tenha observado também que, depois da chuva, apareciam rãs e minhocas” (GAARDER, p. 45). Sproul complementa a perspectiva: “Tales podia ver facilmente que as coisas vivas dependem da água. Ele sabia que não podia viver muito tempo sem ela. E se quisesse fazer crescer plantas a partir de sementes, ele sabia que tinha de regar as sementes. Os povos antigos ligavam sua sobrevivência à presença de chuva e ausência da seca” (SPROUL, p.18). Daí para relacionar a água com a vida era um passo.

Só que as especulações não param por aí. Se ficássemos apenas com esse argumento teríamos apenas a primeira hipótese de Gaarder para concluir: “Talvez ele quisesse dizer que toda forma de vida surge na água e a ela retorna quando se desfaz” (GAARDER, p. 45). Mas isso não diz respeito, exatamente, à arché.
A filosofia nasce não preocupada apenas com a origem da vida. Antes disso, ela tinha interesses cosmológicos, como assinala Osborne: “Admitimos comumente que a filosofia começa com questões cosmológicas relativas à origem da vida e à composição material do mundo, assim como a seu funcionamento” (PRADEAU, p.17). Então, surge Tales: “É a Tales que devemos a famosa iniciativa de ter assim começado afirmando que a água era o princípio elementar de todas as coisas, e que a Terra flutuava sobre a água” (PRADEAU, p. 17). Portanto, não se tratava apenas de ser a água a origem da vida. Trata-se da água ser a origem de todas as coisas!
Novamente Tales não deve ser desprezado ou tido como idiota ao fazer tal asseveração. Com base no pressuposto da ‘arché’, ele “percebeu que todas as coisas que ele observou nesse mundo apresentam-se em tamanhos, formas e cores incontáveis, e que todas se mostram em um de três estados possíveis: líquido, gasoso ou sólido. Para reduzir a realidade a um único elemento, Tales procurou um que se apresentasse nos três estados. A escolha óbvia é a água...” (SPROUL, p.18). Gaarder também nota isso, embora de forma muito breve: “Além disso, é muito provável que Tales tenha se perguntado como a água podia se transformar em gelo e em vapor, para depois voltar a ser água” (GAARDER, p. 45). Foi assim que, talvez, Tales tenha imaginado que a água podia tornar-se qualquer coisa, como aponta Chalita: “Portanto, Tales poderia ter concluído que ela [a água] pode se transformar ilimitadamente” (CHALITA, p. 33).
Sproul, quem fala de forma mais completa sobre Tales, ainda elenca mais um argumento em favor da opção de Tales. A água poderia explicar, também, o movimento: “Ele [Tales] precisava de algo que pode mover a si mesmo sem sofrer a ação de alguma outra coisa. Vendo a correnteza dos rios e o movimento constante das marés, novamente a água era um grande candidato” (SPROUL, p19).
Assim, não era nada ‘non sense’ o postulado de Tales. Claro que era altamente especulativo, e a imaginação teria que dar uma ajuda magistral quando tentássemos pensar na água transformando-se nos demais elementos. Mas há alguma coerência no argumento.

Quando Tales teria dito que tudo está cheio de deuses resta-nos, também, especular. Para Gaarder Tales pode ter pensado o seguinte: “Talvez ele tenha chegado à conclusão de que a terra escura era a origem de tudo, de flores e sementes até abelhas e baratas. E é possível, então, que ele tenha imaginado a terra cheia de pequenos e invisíveis ‘gérmens da vida’. De qualquer forma, é certo que com esta afirmação ele não esteja pensando nos deuses de Homero” (GAARDER, p. 45). Mas, ao passo que Gaarder entende que, para Tales, a água estava com gérmens de vida, para Chalita o pai da filosofia estava equivalendo a água à própria vida, e à própria divindade: “Tales considerava que a água era como uma divindade, como se fosse a própria vida. A água estaria presente em todas as coisas e, portanto, todas as coisas estariam cheias de vida, de deuses” (CHALITA p. 33). A concepção sobre este postulado de Tales está, pois, ligada à compreensão do que ele quer dizer com ‘tudo é água’.


ANAXIMANDRO: o visionário da ciência

Anaximandro, discípulo de Tales, também angariou respeitabilidade como ‘cientista’, segundo Durant: “Seu [de Tales] discípulo Anaximandro (610-540 a. C.), o primeiro grego a fazer mapas astronômicos e geográficos” (DURANT, p. 66). Anaximandro, com suas teorias, antecipa Darwin e algumas teorias cosmológicas modernas: “ [acreditava] que a Terra era mantida no espaço por um equilíbrio de impulsões internas (como o burro de Buridan); que todos os nossos planetas tinham sido, a princípio, fluidos, mas haviam sido desidratados pelo Sol; que a vida se formara, a princípio, no mar, mas que havia sido levada para a terra pela baixa do nível da água; que dentre os animais assim encalhados, alguns haviam desenvolvido a capacidade de respirar o ar e, assim, se tornaram os progenitores de toda a vida posterior sobre a terra; que o homem não podia, no início, ter sido o que era agora, pois se, ao aparecer pela primeira vez, tivesse ficado tão desamparado ao nascer e exigido uma adolescência tão longa, como nessa fase anterior, não teria tido condições de sobreviver” (DURANT, p. 66).
Osborne também nos informa sobre perspectivas científicas inovadoras em Anaximandro. É, também, uma citação longa, mas acreditamos que vale muito a pena reproduzi-la: “A Terra é sempre plana [para os antigos], no centro do universo, mas ela é agora [com Anaximandro] um pequeno cilindro espesso, dotado de suas superfícies achatadas: nosso lado não é o único ‘topo’. Com uma cúpula do céu em cada extremidade, ela forma uma esfera no centro de todas que transportam o céu em cada extremidade, ela forma uma esfera no centro de todas que transportam o Sol, a Lua e as estrelas. Em vez de se perguntar sobre o que sustenta a Terra, Anaximandro observa que aquilo que se encontra a igual distância de seu entorno não tem razão alguma de se deslocar para um lado ou para outro, de modo que a questão ‘Por que ela não cai?’ está mal colocada. O equilíbrio é a chave da física, bem como da química. Em torno da Terra, os círculos concêntricos são como rodas de carroça. Dos jatos de fogo que surgem dos orifícios dos cilindros escuros aparecem o Sol, a Lua e as estrelas. [...] Anaximandro adota o princípio científico segundo o qual a natureza tem uma significação matemática, de modo que as teorias cosmológicas são demonstradas pelas matemáticas e não pela observação” (PRADEAU, p. 18-19).

Mas, como acontece com Tales, Anaximandro não é considerado um filósofo da natureza apenas por especular cientificamente, se podemos assim dizer. Ele também busca a ‘arché’, e discorda de seu mestre. Durant aponta que Anaximandro “acreditava que o universo havia começado como uma massa indiscriminada, da qual haviam surgido todas as coisas devido à separação dos propostos” (DURANT, p. 66), portanto, um monista incorpóreo. Para Anaximandro, segundo Sproul, o universo não poderia ser “reduzida a um elemento específico” e, por isso “procurou algo ainda mais fundamental, que se ergue ou transcende o campo desse mundo, um mundo com limites cronológicos e espaciais” (SPROUL, p.19). Gaarder tenta simplificar, esclarecer: “Talvez ele quisesse dizer que aquilo a partir do qual tudo surge é algo completamente diferente do que é criado. E como tudo que é criado é também finito, o que está antes e depois deste finito tem de ser infinito. É claro que, nesse sentido, a substância básica não poderia ser algo tão trivial quanto a água” (GAARDER, p.46).
Para Anaximandro, pois, “o princípio do universo é o ápeiron, ou princípio indeterminado, sem fim e em movimento perpétuo” (CHALITA, p.34). Esse ‘ente indeterminado’, diferenciado de tudo, transcendente, pelo ‘movimento’ fez surgir “os elementos visíveis e as primeiras qualidades – ‘quente’ e ‘frio’ –, dando origem ao fogo e ao ar. Em segundo viriam as qualidades ‘seco’ e ‘úmido’, originando a terra e a água. Os seres vivos teriam nascido da evaporação da água submetida à luz e ao calor do sol” (CHALITA, p. 34).

Evidentemente ele enveredou-se por caminhos espinhosos, misteriosos. Afinal, o que é esse ‘movimento’? E parece que ao não querer identificar o ápeiron com qualquer elemento, o que faz sentido, ele retira qualquer predicado do ápeiron, a não ser a via da negação que lhe furta qualquer analogia com algo natural, tornando-o algo tão misterioso que pode não servir pra nada, principalmente quando se questiona sobre o que seria o movimento que teria originado os elementos. Sproul, ao falar de Anaxímenes, nosso próximo filósofo, diz que esse teria ficado “insatisfeito com a idéia vaga de um lugar misterioso ‘sem limites’” (SPROUL, p. 19). E é justamente isso: uma ideia vaga incapaz de solucionar os mistérios do cosmos.


Por fim Durant parece dizer que Anaximandro acreditava numa história cíclica: “[Anaximandro acreditava] que a história astronômica se repetia periodicamente na evolução e na dissolução de um número infinito de mundos” (DURANT, p.66).

Mas Anaximandro não é de se jogar fora. Chalita observa muito adequadamente: “a principal contribuição de Anaximandro foi ter desenvolvido um processo de abstração, ou seja, imaginou um princípio gerador do universo que não estivesse visivelmente presente no mundo visível” (CHALITA, p. 34).

ANAXÍMENES

Anaxímenes é o último filósofo desse princípio em Mileto. Durant diz que ele ‘floresceu em 450 a. C. (DURANT, p. 66), mas Chalita dá a data dúbia de 585-525 a. C. (CHALITA, p. 34). Sproul diz que Anaxímenes era um amigo mais novo de Anaximandro (SPROUL, p. 19) de modo que somos levados a optar pela data de Chalita, se a primeira data de Durant, com relação a Anaximandro, estiver certa, pois somente vivendo no século VI a. C. é que Anaxímenes poderia ter tido amizade com Anaximandro.

Osborne é o único a nos informar sobre suas empreitadas científicas, bem mais discreta que de seus predecessores: “sua terra é um disco, mas dotado de um único ‘topo’, o nosso, recoberto pela cúpula do céu. O Sol e as estrelas percorrem a cúpula do céu girando a seu redor, mas eles não passam por baixo do solo. Ele recusa a tese de Anaximandro segundo a qual a Terra se manteria sem qualquer suporte, para afirmar que ela ‘flutua no ar’, pois é plana. Trata-se de uma ingenuidade? Talvez não, se compreendermos que ‘flutuar no ar’ (epocheisthai) significa que, se uma corrente de ar vem de baixo, o disco plano que é a Terra não poderá contrariar o vento. Além disso, a corrente de ar que circunda as extremidades da Terra muda de posição os outros discos, aqueles do Sol, da Lua e dos astros, projetando-os através da cúpula celeste como as folhas voa ao vento” (OSBORNE, p. 19).

Como dissemos, Anaxímenes rejeita a ideia vaga do ápeiron de Anaximandro, e busca “trazer a filosofia de volta à terra” (SPROUL, p. 19). Mas ele não ‘embarca’ com Tales, antes, prefere voar. Para Anaxímenes ‘tudo é ar’.

“O ar tem muitas das vantagens da água: tem estados diferentes de rarefação e condensação, é essencial à vida, e parece ter o poder de mover a si mesmo, quando o vento sopra” (SPROUL, p19-20). Esse é o sumário da compreensão de Anaxímenes. Mas vamos explorar um pouco mais essas proposições.
Por meio da rarefação e da condensação do ar, pois, os elementos surgiriam. Chalita, citando Simplício, elucida dizendo que o ar “rarefazendo-se, torna-se fogo, condensando-se, vento, depois, nuvem, e ainda mais água, depois terra, depois pedras, e as demais coisas provêm dessas” (SIMPLÍCIO apud CHALITA, p. 34). Ele localiza, pois, o ar ‘antes da água’, como observa Gaarder: “Para Anaxímenes a água era o ar condensado*. Podemos observar que, quando chove, o ar se comprime até virar água. Anaxímenes achava que se a água fosse ainda mais comprimida ela se transformaria em terra. Talvez ele tenha visto que depois do degelo aparecem a terra e a areia. Para ele, o fogo era o ar rarefeito. Na visão de Anaxímenes, portanto, terra, água e fogo surgiam do ar” (GAARDER, p. 46)*.
O eterno ‘movimento’ “pelo qual se dá a transformação” (CHALITA, p. 34) é explicado por Osborne da seguinte forma: “As mudanças de densidade resultam do aquecimento ou do resfriamento físicos, sem que nenhum outro elemento além do ar seja exigido” (PRADEAU, p. 19).
Algumas dúvidas naturalmente surgem aqui. A primeira é perguntar o porquê de acontecer o movimento e não a inércia. Logo também perguntamos a razão de o ar se movimentar de uma forma e não de outra. Novamente, o mistério é trazido à baila, sorrateiramente, na filosofia pré-socrática.

Osborne ainda nos informa que aparentemente Anaxímenes “sustenta em apoio à sua teoria que podemos expirar um sopro fio através dos lábios pressionados, e um sopro quente através da boca aberta” e observa que “Encontramos aqui elementos de observação científica apoiando sua hipótese, bem como um recurso a efeitos suscetíveis de observação” (PRADEAU, p.19). Com isso, tanto em Tales quanto em Anaxímenes temos a gênesis do pensamento científico.



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* Chalita diz (624-546? a. C.). As datas de Durant parecem aproximadas. Entretanto ele é um historiador e preferimos reproduzir a data dele.
* 28 de maio de 585 a. C., segundo Sproul (SPROUL, p. 17).
* É complicado dizer, com a admissão desses pressupostos, quem teria razão quanto à primazia elementar: Tales ou Anaxímenes. É perfeitamente imaginável e razoável que o ar se torne água, ou que a água se torne ar.
* As explicações de Osborne e Durant não diferem muito, mas como são muito parecidas preferimos reproduzi-las aqui em baixo: “Para Anaxímenes, o ar é o elemento primeiro. Os outros materiais são, segundo ele, formas de ar de diferentes densidades. Quando o ar se condensa, ele produz inicialmente neblina, em seguida a água, a terra e as pedras sólidas. O ar rarefeito origina o fogo. Do ponto de vista metafísico, trata-se de uma doutrina econômica. Os sólidos, os líquidos e os gases só se distinguem em densidade, ou seja, do ponto de vista físico e não pela composição química” (PRADEAU, p. 19). Agora, Durant: “descreveu a condição primitiva das coisas como uma massa muito rarefeita, condensando-se gradativamente em vento, nuvem, água, terra e pedra; os três estados da matéria – gasoso, líquido e sólido – eram estágios progressivos da condensação; o calor e o frio eram simples rarefação e condensação; os terremotos eram devidos à solidificação de uma terra originalmente fluida; a vida e a alma eram uma coisa só, uma força animadora e expansiva que estava presente em todas as coisas para toda parte” (DURANT, p. 66-67).
Podemos notar que Osborne não notou que tal ‘economia metafísica’ também se aplica à água em Tales.

REFERÊNCIAS

CHALITA, Gabriel. Vivendo  Filosofia. São Paulo: Atual, 2002, p. 304.


DURANT, Will. A História da Filosofia. Tradução de Luiz Carlos do Nascimento Silva. Rio de Janeiro/São Paulo: Editora Record. 4ª ed., 2001, 406p

GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia: romance da história da filosofia. Tradução de João Azenha Jr. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. 560 p.

OSBORNE, Catherine. O nascimento da filosofia _ PRADEAU, François. História da Filosofia. Tradução de James Bastos Arêas e Noéli Correia de Melo Sobrinho. Petrópolis: Vozes; Rio de Janeiro: PUC-Rio. 2ª ed., 2012, 624p.

SPROUL, R. C. Filosofia para iniciantes. Tradução de Hans Udo Fuchs. São Paulo: Vida Nova, 2002, 208 p.


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