Em Mileto temos três grandes
proponentes da filosofia natural: Tales, Anaximandro e Anaxímenes. Vamos
explorá-los, brevemente, buscando compreendê-los e identificar suas
contribuições para o pensamento filosófico.
TALES
A Tales de Mileto (640-550
a. C.) *, século VII a. C., portanto, foi ‘dada’ a tarefa de dar à luz a
filosofia. Ele engendrou algumas reflexões sobre a natureza nos moldes que
observamos no artigo sobre a filosofia dos pré-socráticos. Mas antes de vê-lo
como filósofo cosmológico, temos de observar que esse pensador envolveu-se em
várias outras áreas do saber humano. Como observamos no artigo anterior, o
interesse deles extrapolavam o que chamamos hoje de filosofia.
Will Durant diz que ele,
antes de filósofo, era um astrônomo, e nessa condição já desafiava a religião
grega: “Tales (640-550 a. C.), o ‘Pai da Filosofia’, era primordialmente um
astrônomo, que assombrava os nativos de Mileto informando-os de que o Sol e as
estrelas (que eles costumavam adorar como deuses) não passavam de bolas de
fogo” (DURANT, p. 66). Ainda na qualidade de astrônomo “ele teria previsto um
eclipse solar que aconteceu em 585 a. C.*” (CHALITA, p. 32). Segundo Osborne,
essa informação é oriunda de Heródoto, e ele teria advertido os Jônios (onde
Mileto localizava-se) “sobre o risco de um eclipse solar antes de uma batalha”
(PRADEAU, p. 17).
Falando nos Jônios, seu
povo, Tales atuou politicamente em sua sociedade e Osborne nos diz que ele era
conhecido por sua sabedoria política (PRADEAU, p. 17). Assim Chalita nos informa
que “além de se dedicar à filosofia, atuava também na política, trabalhando
para que as cidades da Jônia se unissem em defesa de seus interesses comuns”
(CHALITA, p. 32).
Era um também um competente
matemático tendo realizado feitos de engenharia (“realizou, entre outros,
projetos para desviar o curso de rios, para favorecer a irrigação e a
navegação” CHALITA, p. 32); e “dizem que certa vez, no Egito, ele calculou a
altura de uma pirâmide medindo a sombra da pirâmide no exato momento em que sua
própria sombra tinha a mesma medida de sua altura (GAARDER, p. 45). Osborne
ainda nos informa que “os geômetras ulteriores lhe atribuíram a paternidade de
cinco teoremas, dos quais ele fez talvez uso para fins práticos, por exemplo,
para calcular a distância entre os navios no mar” (PRADEAU, p.17). Sproul
complementa Osborne dizendo que Tales “desenvolveu técnicas de navegação
seguindo as estrelas e criou um instrumento para medir distâncias marítimas”
(SPROUL, p. 17).
Outra informação,
compartilhada tanto por Gaarder (p. 45) quanto Chalita (p.33) biográfica
importante de ser feita é que ele era um ávido viajante. Tal fato fazia-o,
segundo a hipótese explorada no artigo sobre a aurora histórica da filosofia,
nota 1, estar nas condições ideias para tornar-se um filósofo: além do
intelecto aguçado, a curiosidade, o contato com diversas culturas.
Por fim, sumariamente, temos
que lembrar que ele reflete “sobre a natureza da vida ou da alma” bem como era
conhecido “pela habilidade de investimentos fundados sobre a previsão de um
excelente ano de colheita de azeitonas” (PRAEDAU, p. 17-18). Era, pois, um
pensador que investigava e refletia numa vasta gama de assuntos.
Mas temos que destacar suas reflexões físicas
e metafísicas. Para Tales ‘tudo é água’, ou seja, a arché procurada na
filosofia antiga é a própria água. Assim, podemos classifica-lo como monista
corpóreo.
Parece-nos, hoje, um
postulado tosco, rudimentar, ingênuo. Mas Sproul nos adverte que “antes de
despachar Tales para a terra das lendas e da mitologia, no entanto, temos de
conceder-lhe o direito de uma segunda avaliação” (p 17). Ao buscar a arché, e
ao pressupor que ela estava em um único elemento, a água era, de fato, uma boa
opção. Como não temos seus argumentos, os filósofos têm conjecturado e elaborado
alguns argumentos.
Chalita diz que Tales pode
ter pensado que a umidade estava relacionada à vida ao notar que “o quente vive
com o úmido, as coisas mortas ressecam-se, as sementes de todas as coisas são úmidas e o alimento é
suculento” (CHALITA, p. 33).
Mas os argumentos
relacionados à vida não param por aí. Tanto Gaarder quanto Chalita observam que
as viagens ao Egito podem tê-lo feito imaginar que a água trazia vida. O que
aconteceu: “o filósofo observou as cheias do Nilo: a terra, que era seca e desértica
antes das enchentes, tornava-se fértil depois delas” (CHALITA, p.33). Além
desse argumento Gaarder pensa em outro: “É possível que ele tenha observado
também que, depois da chuva, apareciam rãs e minhocas” (GAARDER, p. 45). Sproul
complementa a perspectiva: “Tales podia ver facilmente que as coisas vivas
dependem da água. Ele sabia que não podia viver muito tempo sem ela. E se
quisesse fazer crescer plantas a partir de sementes, ele sabia que tinha de
regar as sementes. Os povos antigos ligavam sua sobrevivência à presença de
chuva e ausência da seca” (SPROUL, p.18). Daí para relacionar a água com a vida
era um passo.
Só que as especulações não
param por aí. Se ficássemos apenas com esse argumento teríamos apenas a
primeira hipótese de Gaarder para concluir: “Talvez ele quisesse dizer que toda
forma de vida surge na água e a ela retorna quando se desfaz” (GAARDER, p. 45).
Mas isso não diz respeito, exatamente, à arché.
A filosofia nasce não
preocupada apenas com a origem da vida. Antes disso, ela tinha interesses
cosmológicos, como assinala Osborne: “Admitimos comumente que a filosofia
começa com questões cosmológicas relativas à origem da vida e à composição
material do mundo, assim como a seu funcionamento” (PRADEAU, p.17). Então,
surge Tales: “É a Tales que devemos a famosa iniciativa de ter assim começado
afirmando que a água era o princípio elementar de todas as coisas, e que a
Terra flutuava sobre a água” (PRADEAU, p. 17). Portanto, não se tratava apenas
de ser a água a origem da vida. Trata-se da água ser a origem de todas as
coisas!
Novamente Tales não deve ser
desprezado ou tido como idiota ao fazer tal asseveração. Com base no
pressuposto da ‘arché’, ele “percebeu que todas as coisas que ele observou
nesse mundo apresentam-se em tamanhos, formas e cores incontáveis, e que todas
se mostram em um de três estados possíveis: líquido, gasoso ou sólido. Para
reduzir a realidade a um único elemento, Tales procurou um que se apresentasse
nos três estados. A escolha óbvia é a água...” (SPROUL, p.18). Gaarder também
nota isso, embora de forma muito breve: “Além disso, é muito provável que Tales
tenha se perguntado como a água podia se transformar em gelo e em vapor, para
depois voltar a ser água” (GAARDER, p. 45). Foi assim que, talvez, Tales tenha
imaginado que a água podia tornar-se qualquer coisa, como aponta Chalita:
“Portanto, Tales poderia ter concluído que ela [a água] pode se transformar
ilimitadamente” (CHALITA, p. 33).
Sproul, quem fala de forma
mais completa sobre Tales, ainda elenca mais um argumento em favor da opção de
Tales. A água poderia explicar, também, o movimento: “Ele [Tales] precisava de
algo que pode mover a si mesmo sem sofrer a ação de alguma outra coisa. Vendo a
correnteza dos rios e o movimento constante das marés, novamente a água era um
grande candidato” (SPROUL, p19).
Assim, não era nada ‘non
sense’ o postulado de Tales. Claro que era altamente especulativo, e a
imaginação teria que dar uma ajuda magistral quando tentássemos pensar na água
transformando-se nos demais elementos. Mas há alguma coerência no argumento.
Quando Tales teria dito que
tudo está cheio de deuses resta-nos, também, especular. Para Gaarder Tales pode
ter pensado o seguinte: “Talvez ele tenha chegado à conclusão de que a terra
escura era a origem de tudo, de flores e sementes até abelhas e baratas. E é
possível, então, que ele tenha imaginado a terra cheia de pequenos e invisíveis
‘gérmens da vida’. De qualquer forma, é certo que com esta afirmação ele não
esteja pensando nos deuses de Homero” (GAARDER, p. 45). Mas, ao passo que
Gaarder entende que, para Tales, a água estava com gérmens de vida, para
Chalita o pai da filosofia estava equivalendo a água à própria vida, e à
própria divindade: “Tales considerava que a água era como uma divindade, como
se fosse a própria vida. A água estaria presente em todas as coisas e,
portanto, todas as coisas estariam cheias de vida, de deuses” (CHALITA p. 33).
A concepção sobre este postulado de Tales está, pois, ligada à compreensão do
que ele quer dizer com ‘tudo é água’.
ANAXIMANDRO:
o visionário da ciência
Anaximandro, discípulo de
Tales, também angariou respeitabilidade como ‘cientista’, segundo Durant: “Seu
[de Tales] discípulo Anaximandro (610-540 a. C.), o primeiro grego a fazer
mapas astronômicos e geográficos” (DURANT, p. 66). Anaximandro, com suas teorias,
antecipa Darwin e algumas teorias cosmológicas modernas: “ [acreditava] que a Terra era mantida no espaço por um equilíbrio
de impulsões internas (como o burro de Buridan); que todos os nossos planetas
tinham sido, a princípio, fluidos, mas haviam sido desidratados pelo Sol; que a
vida se formara, a princípio, no mar, mas que havia sido levada para a terra
pela baixa do nível da água; que dentre os animais assim encalhados, alguns
haviam desenvolvido a capacidade de respirar o ar e, assim, se tornaram os
progenitores de toda a vida posterior sobre a terra; que o homem não podia, no
início, ter sido o que era agora, pois se, ao aparecer pela primeira vez,
tivesse ficado tão desamparado ao nascer e exigido uma adolescência tão longa,
como nessa fase anterior, não teria tido condições de sobreviver” (DURANT, p.
66).
Osborne também nos informa
sobre perspectivas científicas inovadoras em Anaximandro. É, também, uma
citação longa, mas acreditamos que vale muito a pena reproduzi-la: “A Terra é
sempre plana [para os antigos], no centro do universo, mas ela é agora [com
Anaximandro] um pequeno cilindro espesso, dotado de suas superfícies achatadas:
nosso lado não é o único ‘topo’. Com uma cúpula do céu em cada extremidade, ela
forma uma esfera no centro de todas que transportam o céu em cada extremidade,
ela forma uma esfera no centro de todas que transportam o Sol, a Lua e as
estrelas. Em vez de se perguntar sobre o que sustenta a Terra, Anaximandro
observa que aquilo que se encontra a igual distância de seu entorno não tem
razão alguma de se deslocar para um lado ou para outro, de modo que a questão
‘Por que ela não cai?’ está mal colocada. O equilíbrio é a chave da física, bem
como da química. Em torno da Terra, os círculos concêntricos são como rodas de
carroça. Dos jatos de fogo que surgem dos orifícios dos cilindros escuros
aparecem o Sol, a Lua e as estrelas. [...] Anaximandro adota o princípio
científico segundo o qual a natureza tem uma significação matemática, de modo
que as teorias cosmológicas são demonstradas pelas matemáticas e não pela
observação” (PRADEAU, p. 18-19).
Mas, como acontece com
Tales, Anaximandro não é considerado um filósofo da natureza apenas por
especular cientificamente, se podemos assim dizer. Ele também busca a ‘arché’,
e discorda de seu mestre. Durant aponta que Anaximandro “acreditava que o
universo havia começado como uma massa indiscriminada, da qual haviam surgido
todas as coisas devido à separação dos propostos” (DURANT, p. 66), portanto, um
monista incorpóreo. Para Anaximandro, segundo Sproul, o universo não poderia
ser “reduzida a um elemento específico” e, por isso “procurou algo ainda mais
fundamental, que se ergue ou transcende o campo desse mundo, um mundo com
limites cronológicos e espaciais” (SPROUL, p.19). Gaarder tenta simplificar,
esclarecer: “Talvez ele quisesse dizer que aquilo a partir do qual tudo surge é
algo completamente diferente do que é criado. E como tudo que é criado é também
finito, o que está antes e depois deste finito tem de ser infinito. É claro que,
nesse sentido, a substância básica não poderia ser algo tão trivial quanto a
água” (GAARDER, p.46).
Para Anaximandro, pois, “o
princípio do universo é o ápeiron, ou princípio indeterminado, sem fim e em
movimento perpétuo” (CHALITA, p.34). Esse ‘ente indeterminado’, diferenciado de
tudo, transcendente, pelo ‘movimento’ fez surgir “os elementos visíveis e as
primeiras qualidades – ‘quente’ e ‘frio’ –, dando origem ao fogo e ao ar. Em
segundo viriam as qualidades ‘seco’ e ‘úmido’, originando a terra e a água. Os
seres vivos teriam nascido da evaporação da água submetida à luz e ao calor do
sol” (CHALITA, p. 34).
Evidentemente ele
enveredou-se por caminhos espinhosos, misteriosos. Afinal, o que é esse
‘movimento’? E parece que ao não querer identificar o ápeiron com qualquer
elemento, o que faz sentido, ele retira qualquer predicado do ápeiron, a não
ser a via da negação que lhe furta qualquer analogia com algo natural,
tornando-o algo tão misterioso que pode não servir pra nada, principalmente
quando se questiona sobre o que seria o movimento que teria originado os
elementos. Sproul, ao falar de Anaxímenes, nosso próximo filósofo, diz que esse
teria ficado “insatisfeito com a idéia vaga de um lugar misterioso ‘sem
limites’” (SPROUL, p. 19). E é justamente isso: uma ideia vaga incapaz de
solucionar os mistérios do cosmos.
Por fim Durant parece dizer
que Anaximandro acreditava numa história cíclica: “[Anaximandro acreditava] que
a história astronômica se repetia periodicamente na evolução e na dissolução de
um número infinito de mundos” (DURANT, p.66).
Mas Anaximandro não é de se
jogar fora. Chalita observa muito adequadamente: “a principal contribuição de
Anaximandro foi ter desenvolvido um processo de abstração, ou seja, imaginou um
princípio gerador do universo que não estivesse visivelmente presente no mundo
visível” (CHALITA, p. 34).
ANAXÍMENES
Anaxímenes é o último
filósofo desse princípio em Mileto. Durant diz que ele ‘floresceu em 450 a. C.
(DURANT, p. 66), mas Chalita dá a data dúbia de 585-525 a. C. (CHALITA, p. 34).
Sproul diz que Anaxímenes era um amigo mais novo de Anaximandro (SPROUL, p. 19)
de modo que somos levados a optar pela data de Chalita, se a primeira data de
Durant, com relação a Anaximandro, estiver certa, pois somente vivendo no século
VI a. C. é que Anaxímenes poderia ter tido amizade com Anaximandro.
Osborne é o único a nos
informar sobre suas empreitadas científicas, bem mais discreta que de seus
predecessores: “sua terra é um disco, mas dotado de um único ‘topo’, o nosso,
recoberto pela cúpula do céu. O Sol e as estrelas percorrem a cúpula do céu
girando a seu redor, mas eles não passam por baixo do solo. Ele recusa a tese
de Anaximandro segundo a qual a Terra se manteria sem qualquer suporte, para
afirmar que ela ‘flutua no ar’, pois é plana. Trata-se de uma ingenuidade?
Talvez não, se compreendermos que ‘flutuar no ar’ (epocheisthai) significa que,
se uma corrente de ar vem de baixo, o disco plano que é a Terra não poderá
contrariar o vento. Além disso, a corrente de ar que circunda as extremidades
da Terra muda de posição os outros discos, aqueles do Sol, da Lua e dos astros,
projetando-os através da cúpula celeste como as folhas voa ao vento” (OSBORNE,
p. 19).
Como dissemos, Anaxímenes
rejeita a ideia vaga do ápeiron de Anaximandro, e busca “trazer a filosofia de
volta à terra” (SPROUL, p. 19). Mas ele não ‘embarca’ com Tales, antes, prefere
voar. Para Anaxímenes ‘tudo é ar’.
“O ar tem muitas das
vantagens da água: tem estados diferentes de rarefação e condensação, é essencial
à vida, e parece ter o poder de mover a si mesmo, quando o vento sopra”
(SPROUL, p19-20). Esse é o sumário da compreensão de Anaxímenes. Mas vamos
explorar um pouco mais essas proposições.
Por meio da rarefação e da
condensação do ar, pois, os elementos surgiriam. Chalita, citando Simplício,
elucida dizendo que o ar “rarefazendo-se, torna-se fogo, condensando-se, vento,
depois, nuvem, e ainda mais água, depois terra, depois pedras, e as demais
coisas provêm dessas” (SIMPLÍCIO apud CHALITA, p. 34). Ele localiza, pois, o ar
‘antes da água’, como observa Gaarder: “Para Anaxímenes a água era o ar
condensado*. Podemos observar que, quando chove, o ar se comprime até virar
água. Anaxímenes achava que se a água fosse ainda mais comprimida ela se
transformaria em terra. Talvez ele tenha visto que depois do degelo aparecem a
terra e a areia. Para ele, o fogo era o ar rarefeito. Na visão de Anaxímenes,
portanto, terra, água e fogo surgiam do ar” (GAARDER, p. 46)*.
O eterno ‘movimento’ “pelo
qual se dá a transformação” (CHALITA, p. 34) é explicado por Osborne da
seguinte forma: “As mudanças de densidade resultam do aquecimento ou do
resfriamento físicos, sem que nenhum outro elemento além do ar seja exigido”
(PRADEAU, p. 19).
Algumas dúvidas naturalmente
surgem aqui. A primeira é perguntar o porquê de acontecer o movimento e não a
inércia. Logo também perguntamos a razão de o ar se movimentar de uma forma e
não de outra. Novamente, o mistério é trazido à baila, sorrateiramente, na
filosofia pré-socrática.
Osborne ainda nos informa
que aparentemente Anaxímenes “sustenta em apoio à sua teoria que podemos
expirar um sopro fio através dos lábios pressionados, e um sopro quente através
da boca aberta” e observa que “Encontramos aqui elementos de observação
científica apoiando sua hipótese, bem como um recurso a efeitos suscetíveis de
observação” (PRADEAU, p.19). Com isso, tanto em Tales quanto em Anaxímenes
temos a gênesis do pensamento científico.
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* Chalita diz (624-546? a.
C.). As datas de Durant parecem aproximadas. Entretanto ele é um historiador e
preferimos reproduzir a data dele.
* 28 de maio de 585 a. C.,
segundo Sproul (SPROUL, p. 17).
* É complicado dizer, com a
admissão desses pressupostos, quem teria razão quanto à primazia elementar:
Tales ou Anaxímenes. É perfeitamente imaginável e razoável que o ar se torne
água, ou que a água se torne ar.
* As explicações de Osborne
e Durant não diferem muito, mas como são muito parecidas preferimos
reproduzi-las aqui em baixo: “Para Anaxímenes, o ar é o elemento primeiro. Os
outros materiais são, segundo ele, formas de ar de diferentes densidades.
Quando o ar se condensa, ele produz inicialmente neblina, em seguida a água, a
terra e as pedras sólidas. O ar rarefeito origina o fogo. Do ponto de vista
metafísico, trata-se de uma doutrina econômica. Os sólidos, os líquidos e os
gases só se distinguem em densidade, ou seja, do ponto de vista físico e não
pela composição química” (PRADEAU, p. 19). Agora, Durant: “descreveu a condição
primitiva das coisas como uma massa muito rarefeita, condensando-se
gradativamente em vento, nuvem, água, terra e pedra; os três estados da matéria
– gasoso, líquido e sólido – eram estágios progressivos da condensação; o calor
e o frio eram simples rarefação e condensação; os terremotos eram devidos à
solidificação de uma terra originalmente fluida; a vida e a alma eram uma coisa
só, uma força animadora e expansiva que estava presente em todas as coisas para
toda parte” (DURANT, p. 66-67).
Podemos notar que Osborne
não notou que tal ‘economia metafísica’ também se aplica à água em Tales.
REFERÊNCIAS
CHALITA, Gabriel. Vivendo
Filosofia. São Paulo: Atual, 2002, p. 304.
DURANT,
Will. A História da Filosofia. Tradução de Luiz Carlos do
Nascimento Silva. Rio de Janeiro/São Paulo: Editora Record. 4ª ed., 2001, 406p
GAARDER, Jostein. O
mundo de Sofia: romance da história da filosofia. Tradução de João Azenha
Jr. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. 560 p.
OSBORNE, Catherine. O
nascimento da filosofia _ PRADEAU, François. História da Filosofia. Tradução
de James Bastos Arêas e Noéli Correia de Melo Sobrinho. Petrópolis: Vozes; Rio
de Janeiro: PUC-Rio. 2ª ed., 2012, 624p.
SPROUL, R. C. Filosofia
para iniciantes. Tradução de Hans Udo Fuchs. São Paulo: Vida Nova, 2002,
208 p.
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